Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











quarta-feira, setembro 30, 2009

Vulnerabilidades


Cavaco veio falar-nos das suas preocupações e suspeições… Será que andam a “escutar” os emails presidenciais? Teme o senhor Presidente que o Estado esteja vulnerável. A questão é de uma ingenuidade abissal. Mas Cavaco é tudo menos ingénuo, ele sabe bem que Portugal é um país vulnerável, sim. Estamos completamente dependentes do exterior. Não produzimos quase nada, importamos quase tudo. Mais de 80% do que consumimos vem do estrangeiro. Carne, peixe, trigo, manteiga, roupa, automóveis. Sim, estamos vulneráveis. No dia em que houver uma querela internacional grave, vamos comer raspas. Os seus emails, mister President?

terça-feira, setembro 29, 2009

O cepo político


Suicídios de trabalhadores


Em 18 meses, 24 suicídios. Dá cerca de 1,33 mortes por mês. Uma boa média, para a France Télécom… a PT francesa.
Os funcionários da France Télécom andam a matar-se, o que é algo que dificilmente alguém poderá aceitar calmamente. Nas cartas de despedida, todos falam que não aguentam mais as condições de trabalho, não aguentam mais o clima laboral, não aguentam mais a pressão da empresa, os objectivos inalcançáveis, a prepotência das chefias. Não aguentam a tal ponto que se matam. O último foi um tipo de 51 anos (a minha idade), pai de duas crianças, transferido para um call center da empresa depois do seu posto de trabalho ter sido extinto.
Em Portugal julgo que ainda não aconteceu nada de semelhante. É verdade que, por exemplo, na PSP e na GNR há, com frequência, vagas suicidas… também provocadas pela pressão exercida sobre as pessoas, pela desilusão, pela vida miserável e pela falta de perspectiva de sair dela.
Estas situações são o lado mais negro da exploração a que os trabalhadores estão tantas vezes sujeitos. Levar um trabalhador à morte é algo de indesculpável.

Um sítio in

Foram umas eleições curiosas. O alegria de Paulo portas, a “trombose” da dona Manuela, a azia de Louçã, a amargura de Jerónimo, o alívio de Sócrates, as síncopes fulminantes dos “pequenos”, à excepção de Garcia Pereira...
Quem deu a vitória a Paulo Portas foram os comerciantes, os pequenos industriais e os jovens. É esta a minha convicção. Deu resultado, a estratégia de Portas em martelar sistemáticamente o refrão da campanha do CDS nas questões da segurança, PME’s e desemprego. Mais do que aumentar significativamente a votação no CDS, Portas conseguiu atrair o voto de muitos jovens que votaram pela primeira vez. Os tais que acabaram um percurso escolar e não encontram ocupação profissional... É claro que o refrão de Portas foi cantado, noutros tons, por outros políticos. Mas, nuns casos, Portas teve o condão de parecer mais sinceramente empenhado nessas questões e, noutros casos, teve o privilégio das suas mensagens serem exaustivamente repetidas pelas televisões, rádios e jornais... factor que penaliza seriamente as campanhas dos pequenos partidos que, realmente, não se conseguem fazer ouvir.
Paulo Portas reconstruiu um partido que se arriscava a ficar anquilosado por falta de renovação de militantes. O CDS era um partido velho e, hoje, é um sítio in.

domingo, setembro 27, 2009

Eles ganharam. Nós, ganhámos?



(clicar na imagem)

E no fim, eles ganharam todos. Nós, não sei…
A CDU ganha por teve mais votos e mais um deputado que nas eleições anteriores.
O Bloco ganha porque duplicou o grupo parlamentar.
O CDS ganha por há 26 anos que não obtinha um resultado tão saboroso.
O PSD ganha porque também teve mais votos e mais um ou dois deputados que nas eleições anteriores.
O PS ganha porque foi o mais votado e vai, de novo formar governo.
Estranha corrida esta em que todos ganham…
Até o MRPP pode clamar vitória! Teve 52633 votos, ultrapassou a fasquia dos 50 mil e passa a ter direito à subvenção estatal de 3€ e tal por voto obtido. Da próxima vez, o PCTP/MRPP terá mais fôlego para o combate.
Todos os outros, ganharam… experiência.

Reflictamos, ainda


Ainda em reflexão… tenho tentado perceber algumas questões fracturantes da política. As nacionalizações, por exemplo. O Bloco, o PC e o MRPP são abertamente a favor da nacionalização de sectores estratégicos da economia. O CDS diz cobras e lagartos desta ideia… mas o PSD e o PS mantiveram o silêncio sobre o assunto. Mas as nacionalizações são um factor político curioso… Depois do 25 de Abril, quase tudo foi nacionalizado. Na década de 80, quase tudo voltou para as mãos dos privados. Hoje, à pala da crise, voltaram a nacionalizar, nomeadamente bancos e companhias de seguro. Na Europa comunitária, por exemplo, julgo haver já mais de 60 bancos nacionalizados. Entre eles, o BPN… e é aqui que se faz luz sobre esta questão. É que, se virem bem, a Esquerda deseja nacionalizar as empresas que dão lucro, algumas muito lucro mesmo, que na prática são monopólios: EDP, Galp, etc. A Direita aceita que se nacionalizem as empresas que dão prejuízo… que foi o caso do BPN, banco desfalcado pelas falcatruas dos amigos do Cavaco. Ou seja, pelo menos em teoria, a Esquerda quer nacionalizar para distribuir a riqueza produzida de modo equitativo e a Direita aceita a nacionalização para que sejamos nós a pagar os prejuízos que os capitalistas não souberam evitar, por incompetência ou má fé.

sábado, setembro 26, 2009

Reflexão sobre o voto útil


Como dizia ontem Ricardo Araújo Pereira, na introdução à entrevista com Garcia Pereira, líder do PCTP/MRPP, hoje não se deve falar de política porque, estranhamente, a Lei especifica que devemos reflectir e não discutir. Uma coisa deveras estranha, porque a reflexão não tem de ser, necessariamente, uma atitude estática, passiva. Porque não discutir, também hoje, o objecto da nossa reflexão? Não vejo que venha mal ao Mundo.
Vou, então, reflectir sobre estas eleições…
Quando os pequenos partidos dizem que são silenciados pelos média, têm razão. São mesmo silenciados. O chamado critério jornalístico e o facto de serem pequenos levam a isso. Desde 1979, quando me iniciei no jornalismo, já vivi muitas campanhas eleitorais e percebo que aquilo que não tem tanta aceitação do público merece menos atenção dos média. Este círculo vicioso precisa de ser quebrado e isso só se consegue quando um desses pequenos partidos consegue eleger um deputado. Não só passa a ter dinheiro do orçamento do Estado para gastar em futuras campanhas, como esse deputado acaba por ter acesso aos média e, ao longo do tempo, conseguir publicitar minimamente as posições políticas do partido. Foi o que o Bloco conseguiu, mas levou uns anitos, desde a eleição solitária do Major Tomé como deputado da UDP.
Outra forma de conseguir fundos públicos é ter mais de 50 mil votos. Ultrapassada essa fasquia, o partido passa a receber uma subvenção estatal. E por isso é importante, para os pequenos partidos, que as pessoas votem neles mesmo sabendo, à partida, que não conseguirão eleger ninguém. Numa próxima eleição, a subvenção estatal irá permitir uma campanha mais desafogada e de maior visibilidade e, talvez então, a eleição de um deputado…
Por isto é que o chamado voto útil, de que os grandes partidos tanto gostam, acaba por ter um efeito de desertificação política… um grande partido funciona como um eucalipto gigante plantado no quintal. Não cresce nada à volta…
Além do mais, não acredito que a pulverização dos votos provoque o colapso do regime político. Afinal de contas, não é isto uma Democracia? Então, sejamos democratas e encontremos plataformas de entendimento que permitam a formação de governos de coligação… Até porque, ninguém duvida que, caso seja mesmo necessário, Sócrates e Manuela dormirão na mesma cama (em termos políticos, é claro).

sexta-feira, setembro 25, 2009

Só eu sei em quem vou votar


Ontem à noite ouvi um discurso catastrofista. Dizia o orador que a verdade das coisas só surgirá no dia 28, já depois dos votos contados. E que a verdade que nos vai surgir é a de um país afogado no deficit, com a Segurança Social na bancarrota, com desemprego galopante e com um sistema político inoperante. Dizia o homem que nenhum dos “grandes” partidos políticos tem um programa capaz de encontrar soluções para a crise, porque estarão todos comprometidos com os fautores da crise e, portanto, conluiados com os autores morais e materiais do crime. Dizia ele que ainda nenhum desses partidos nos contou a verdadeira dimensão do problema, porque têm medo que não votemos neles… E lembrou-nos das outras vezes em que votámos neles, acreditando na promessas de criação de muitos postos de trabalho, de redução de impostos, de uma vida melhor e… pediu-nos para abrirmos os olhos e vermos bem onde isso nos levou.
No fundo, o que ele nos disse foi que estamos, todos, ele também, a participar numa fraude que consiste em eleger gente a partir de pressupostos falsos, de promessas falsas (que eles já sabem nunca irem cumprir), cegos pela propaganda e tolhidos pelo medo de arriscar.
Por mim, vou arriscar. Não com a esperança de vir a ter novas políticas governamentais (a maioria votará sempre no PS ou no PSD), mas com a esperança de contribuir para a eleição de alguém que não se cale perante a iniquidade.

terça-feira, setembro 22, 2009

Os assessores e o miserabilismo

Tive um único encontro com o Fernando Lima, era ele assessor do Ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz, no governo de Durão Barroso. Foi em Maputo, em 2002, quando o MNE lá esteve em viagem oficial a pretexto de alguma coisa que não me ficou na memória. Não tenho nada a declarar contra ou a favor do desempenho de Lima. Trocámos algumas palavras, ele até contribuiu para que eu tivesse conseguido entrevistar Pascoal Mocumbi, o primeiro-ministro moçambicano na época.
Foi a primeira vez, em quase 30 anos de actividade profissional, que fui acompanhar uma visita ministerial. Mas foi também a primeira vez que trabalhei sabendo que as despesas dessa deslocação estavam por conta do Governo e não da SIC... O Governo pagava para ter jornalistas a cobrir determinados eventos. Sei que o "contrato" daquela deslocação foi negociado entre a editora da secção onde trabalhava (na época, a secção de Política Internacional da SIC-Notícias) e o assessor do senhor Ministro, o "nosso" Fernando Lima... Não sei se estas combinações ainda continuam, mas naquela época tornou-se da praxe. E, obviamente, não era só a SIC que alinhava nisto. A maioria das empresas de Comunicação Social preferia poupar uns tostões, mesmo sob pena de sacrificar a sua independência face ao poder político.
Para muitos jornalistas, esta relação de subordinação económica das suas empresas em relação ao Governo acaba por constituir um entrave ao bom exercício profissional. A muitos falta-lhes a coragem para confrontarem ministros com situações mais delicados, sabendo que as viagenzinhas podem ficar comprometidas... porque quem paga escolhe quem vai, disso tenho poucas dúvidas. Esta promiscuidade é mortal para a independência do jornalismo.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Fome


A propósito de um email que me enviou um amigo brasileiro, lembrei-me do Metro de Paris. Não é raro escutarmos músicos de bom calibre que tocam nos corredores subterrâneos parisienses. O Metropolitano francês até os acarinha, com o tempo eles constituíram-se numa atracção turística e o Metro sabe bem que o som de um bom violino ajuda a estabelecer um ambiente mais harmonioso, mesmo se quem passa mal escuta a harmonia.
Mais do que uma vez dei comigo a pensar quem seriam aqueles músicos. Cheguei até a propor aos repórteres que trabalhavam comigo em Paris que fizessem reportagens sobre os músicos do Metro. Por acaso, acho que nunca fizeram… há sempre outras coisas que surgem e nos empatam as boas intenções. Mas, como ia dizendo, muitas vezes me interroguei sobre aqueles músicos. Muitos deles eram estrangeiros, tal como eu, emigrantes económicos vindos de todos os cantos do Mundo. Lembrei-me das histórias que ouvi contar ao Sérgio Godinho ou ao Jorge Palma, cujos acordes também ecoaram por aqueles corredores. E entristeci-me sempre ao reparar nas poucas moedas que iam caindo nos panos de feltro esticados no chão e na ausência completa de aplausos… e acho que essa deve ser a pior fome de um tocador de música, mesmo nos corredores do Metropolitano, a fome de aplausos.

Mais um para o desemprego


Ou é um agente com uma agenda política escondida ou é um tonto destravado ou, então, é mais um cordeiro sacrificado pela perfídia política. Acreditem no que vos der mais jeito, mas eu não alinho em alegações de loucura temporária nem em actos motivados pelo álcool. Mesmo se 20 anos de serviços fiéis à criatura possam levar qualquer um a desvairar por completo…

domingo, setembro 20, 2009

Os que assessoram os assessores


O facto de um assessor do Governo ou da Presidência contactar jornalistas, não tem mal. Também não é pecado os jornalistas contactarem assessores. Nem mesmo um director de jornal fala directamente com ministros ou o Presidente da República. O assessor existe precisamente para proteger a entidade, é uma espécie de guarda-costas para questões de comunicação.
O problema coloca-se quando o assessor utiliza o jornalista para veicular falsidades, meias verdades, deturpações. Para isso, o assessor conta com a inexistência de verdadeira investigação jornalística. É raro um jornalista ter tempo para apurar uma história, certificar-se de que não deixou pontas soltas, encontrar todas as respostas possíveis para a questão. É mesmo muito raro. Investigar leva tempo, tempo é dinheiro do patrão e há cada vez menos tempo para essas coisas. Além disso, nem sempre a história caminha na direcção pretendida. O assessor sabe, também, que à partida existe uma tendência para se tentar agradar a quem proporciona uma boa história. O jornalista agradece, o editor rejubila, o director exulta, o patrão faz contas às vendas, às audiências e ao comércio de interesses. O assessor joga ainda com a eventualidade de, a seu tempo, o jornalista poder vir a ser agraciado na sequência daquela troca de favores. Não é raro que o jornalista viva de um salário magrinho e os 2 mil e 500 euros de salário base de um assessor governamental não são de desprezar.
Andamos todos à procura de um futuro mais luminoso e os jornalistas pobres são sempre baratos de comprar.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Fontanário inquinado


Quando era pequenino e me iniciei nestas coisas do jornalismo, ensinaram-me que não se deixam perguntas no ar. Um jornalista encontra respostas para as questões que coloca e, de preferência, até mais do que uma.
Quando o Público faz manchetes tipo “Estarão os assessores da Presidência a ser vigiados?”, tripudiando todos os manuais sem procurar sequer o contraditório, era óbvio que alguma coisa estava mal naquela prosa.
Hoje, a tramóia foi desvendada na 1ªpágina do Diário de Notícias. Digamos que quase tudo o que está ali escrito deve ser verdade. E utilizo o “quase” à cautela, porque também me parece claro que o DN está a ser utilizado no contra-ataque do gabinete do primeiro-ministro. E, no final, até pode ser verdade que algum SIS ande por aí a espiar telemóveis e emails de assessores e jornalistas. Ou então, o DN que nos diga quem lhe deu a cópia do email altamente confidencial enviado por um editor do Público ao correspondente do jornal no Funchal.
Na verdade, nada disto surpreende. Já aqui deixei no blogue alguns testemunhos da manipulação exercitada por órgãos de soberania. Leiam este, só para relembrar...
O que dirá MFL disto tudo?

terça-feira, setembro 15, 2009

Regresso à escola


Hoje, a taxa de produtividade do país caiu para metade. Com o propalado 1ºdia de aulas das escolas básicas, os pais das criancinhas viram-se confrontados com a obrigação de terem de preencher fichas e assinar actas que eram rigorosamente lidas de fio a pavio pelos profs (seguindo as instruções ministeriais, certamente) e… pelo menos na escola dos meus filhos, com o facto do 1º dia escolar se resumir a essa espécie de apresentação do ano lectivo feita aos pais… ou seja, as criancinhas foram à escola, experimentaram o pátio e reviram amiguinhos e voltaram para casa. Para mim, foi uma surpresa, já que contava com um dia escolar por inteiro… Moral da história: hoje, não fiz nada. Tomei conta dos meus filhos.
Parece que amanhã é que é a sério…

segunda-feira, setembro 14, 2009

Uma estopada monumental


Estou a ver o Prós&Contras da RTP-1. É um debate com os chamados “pequenos partidos”. São dez… e não é um debate, apenas uma sequência longa e fastidiosa de declarações de intenção e propostas políticas. Para quem vê, fica tudo demasiado confuso, não se percebe quem é quem e até já nem sei o que disse o primeiro que falou, Garcia Pereira do PCTP/MRPP.
Se queriam debater as propostas dos “pequenos”, então deveriam ter organizado uma série de debates como fizeram com os “grandes”. Mais curtos, cerca de meia-hora para cada debate chegava e sobrava para ficarmos a saber com algum pormenor o que cada um deles propõe.
O serviço público de televisão justificava uma decisão dessas.

domingo, setembro 13, 2009

Televisão, da boa


Começaram hoje os tempos de antena relativos à campanha eleitoral. Uma oportunidade para rever algumas caras de políticos que só têm acesso à pantalha nesta ocasião. Na RTP-1, nem de propósito, o primeiro tempo de antena foi do POUS, de Carmelinda Pereira (na foto). Aposto que ninguém com menos de 30 anos sabe quem ela é.
O vídeo do POUS foi o mais pobre de todos. Limitou-se a um monólogo da líder, num estúdio sem decoração.
Seguiu-se o Partido Trabalhista Português. A ideia do vídeo baseou-se numa tentativa de humor completamente falhada. Foi tudo de um amadorismo confrangedor. Não acredito que, assim, consigam convencer muitos eleitores.
São assim, os vídeos de campanha de quase todos os partidos pobres…
Depois vieram CDS, CDU, BE… trabalhos profissionais, sem surpresas. Sem nada de realce o do PND, o MEP apresentou o apoio de Catalina Pestana (ex-Provedora da Casa Pia), o PS (épico) a exibir o medo de perder votos para o PSD e para o BE, e depois veio o 2ºpartido mais antigo de Portugal, PCTP/MRPP, que surpreendeu (e de que maneira!) ao apresentar o apoio de António Pires de Lima, ex-Bastonário da Ordem dos Advogados e personalidade tida como próxima do CDS. Se isto não é surpresa, não sei o que vos poderá surpreender…

sábado, setembro 12, 2009

Águas paradas


A Ongoing vai ter de comprar a TVI se, realmente, quiser ter uma televisão generalista em sinal aberto… as pressões de Nuno Vasconcellos sobre o padrinho não surtiram efeito. Balsemão não sai, só morto.
A questão que se coloca é saber se isso é bom ou mau… assim à primeira vista parece-me mau, primeiro porque se a Ongoing tem 25% da SIC e tomar o controlo da TVI passa a ter uma posição dominante no mercado do audiovisual que, de resto, julgo até ser contrária à Lei. Depois, porque se a Ongoing tiver de comprar a TVI, Moniz voltará ao controlo do canal e nada disto terá servido para mexer as águas.
O que eu gostava de voltar a ver era Moniz e Rangel, frente-a-frente, num último duelo ao pôr-do-sol. Mas, isso, só seria possível com Moniz na SIC e Rangel na TVI.

Engripados


Esta semana que passou tive uma reunião adiada porque… a pessoa com quem me ia encontrar ficou de quarentena devido ao facto de ter dois filhos e a mulher engripados. Dito assim, até dá para encolher os ombros. Mas se acrescentar que se trata de gripe-A talvez tenham um ligeiro estremeção. Pelo menos, eu tive. Involuntariamente, mas tive. O que não me impediu de racionalizar o problema e comparecer à nova marcação da reunião. A pessoa em questão disse-me que lá em casa estava tudo bem, enfim, os miúdos passavam os dias a ver tv e a jogar nas consolas, a mulher lia um romance novo… ele tomava Tamiflu, por mera precaução e a pedido médico, não se sentiu nunca doente. Ou seja, alguém que convive bem de perto com três pessoas engripadas, não contraiu a doença. É a partir deste tipo de dados que temos de reenquadrar a questão e mandar às malvas as notícias alarmistas e mais ou menos publicitárias com que temos sido bombardeados e influenciados nas últimas semanas.
Entretanto, alegadamente por indicação das autoridades sanitárias, no infantário do meu filho mais novo deram inicio a um novo quadro comportamental, digamos assim. Ou seja, deixaram de cumprimentar com aperto de mão quem lhes entra pela porta e pediram para as crianças deixarem de levar brinquedos. Só espero que não deixem de pegar no meu filho ao colo e de lhe dar mimos.

terça-feira, setembro 08, 2009

Recados

As notícias já não são o que eram e, hoje, torna-se difícil confiar abertamente naquilo que lemos nos jornais ou ouvimos nas rádios e tv’s…

Hoje, por exemplo, li uma notícia que “cheira a recado” à distância… Depois de dar conta da pretensão de Manuela Moura Guedes em ser ouvida na ERC, por causa do conflito que a opõe à administração da TVI, o escriba escreve que “as negociações entre a Prisa (dona da TVI) e a Ongoing parecem correr pelo melhor” … Parecem? A quem?
Escrito assim, parece-me a mim que o recado tem um destinatário: o dono da SIC. O remetente será o dono da Ongoing. O segundo quer comprar a televisão do primeiro, a que está ligado por laços familiares e vinte e tal por cento de acções… mas como o padrinho não quer vender (talvez, afinal, se trate apenas de uma questão de preço…), o afilhado ameaça comprar a empresa rival. Assim, talvez consiga vergar a teimosia do velho.
Talvez não seja nada disto que estou para aqui a dizer e, de facto, a Ongoing queira mesmo comprar a TVI para dar cabo da SIC. Se for assim, a Prisa vai acabar por vender a quem lhe roubou o director-geral que, no âmbito do actual conflito interno, já disse cobras e lagartos dos administradores com quem conviveu durante 11 anos. Além disso, se a Ongoing comprar mesmo a TVI, esse mesmo director-geral acaba por regressar às origens e passará a ser o primeiro português a quem pagaram 3 milhões de € para ir de férias.
Entretanto, outros jornais e alguns partidos políticos alimentam a novela da suspensão do Jornal Nacional de 6ªfeira, teimando em criar um facto político onde só existe uma decisão administrativa, quer queiram, quer não...

Salazarento - Leiteiro


Agora já sabemos onde os assessores dela vão buscar a inspiração para lhe escreverem os discursos...
Cliquem em cima do texto para lerem melhor.
(surripiado ao 5dias.net)

Os capitalistas de quem gosto


Se tivesse um cauteleiro que, todas as semanas, me proporcionasse embolsar o 1ºprémio da lotaria, com toda a certeza que seria generoso com ele… qualquer um de nós faria o mesmo, não? Pois é isso mesmo que fazem os actuais accionistas de empresas que já foram públicas e que são tão rentáveis, tão rentáveis, que os seus gestores recebem chorudos prémios anuais, na ordem das dezenas de milhar de euros per capita. Já sei que me estão a chamar de invejoso… não vou contrapor.

Em 2008, o lucro da EDP subiu 20% e atingiu os 1092 milhões de €. A Galp aumentou os lucros em quase 200%. A PT tem lucros acima dos 580 milhões… Podia continuar, mas fiquemo-nos por aqui… O que me indigna, é que esses lucros se baseiam no tarifário que todos nós temos de pagar pelos serviços que essas empresas prestam, serviços que se fossem públicos seriam, com toda a certeza, mais baratos.

Fez algum sentido o Estado privatizar essas empresas para que, agora, meia dúzia de capitalistas se encham à nossa custa? Ganhámos o quê, com a privatização destas empresas? Os tarifários baixaram alguma vez? O atendimento é melhor? Não… Os únicos que ganharam bastante com as privatizações foram os compradores que, apesar de tudo, compraram barato e compraram com o dinheiro dos bancos. Quem paga, somos nós. Assim, também eu seria um grande capitalista, dessem-me acesso ao crédito bancário e empresas públicas de lucro garantido para comprar.

O que eu gosto de ver são aqueles empreendedores que pegam numa ideia, arriscam o pescoço e as pratas da família, criam novos postos de trabalho, que transformam produtos e a vida das pessoas para novas e melhores realidades. Esses são os capitalistas que admiro.

segunda-feira, setembro 07, 2009

O valor das notícias


O lucro da EDP subiu no ano passado 20%, para 1092 milhões de euros, anunciou a empresa em Março passado, explicando que se tratou de um resultado que saiu ligeiramente acima do esperado. Foi ainda melhor, portanto…
A Galp alcançou lucros de 125 milhões de euros no último trimestre de 2008, uma subida de 198,8% face a igual período do ano anterior. Quase 200%... Os resultados superaram as estimativas, disseram os analistas, quase como quem pedia desculpa por lucros tão obscenos.
No mês passado, a Portugal Telecom (PT) anunciou que os seus lucros semestrais aumentarem em 1,7 % para 256,1 milhões de euros. Também neste caso, a subida dos lucros da empresa ficou acima das previsões dos analistas.
O Banco Espírito Santo fechou o primeiro semestre com lucros de 246,2 milhões, menos 6,8% do que no mesmo período do ano passado, mas acima do esperado pelos analistas.

Tudo isto, dados publicados pelos média. Assim mesmo, sem mais nem dúvidas...
Daqui concluo que ou os analistas financeiros portugueses são uns nabos ou andam a cantar de ouvido… fazendo os fretes aqueles que pretendem fazer passar a ideia de que a crise obriga a cortes orçamentais, a despedimentos, a reduções salariais, ao encerramento das empresas… ajudando a criar a sensação de que vale tudo para manter o posto de trabalho, até mesmo aceitar o inaceitável.

Ainda vamos a tempo...

Passei ontem boa parte do dia a ver dois DVD’s. Um é um retrato inquieto sobre o futuro da Humanidade, o outro é um simples manifesto político.


imagem retirada do documentário Home - O Mundo é a nossa casa

Home é um documentário belíssimo cujos produtores não se pouparam a esforços ou despesas para o filmar. É uma volta ao Mundo em balão, toda a história é contada através de imagens aéreas dos sítios mais fantásticos do planeta. E tem um texto fortíssimo… que nos conta a história de milhares de milhões de anos de evolução da vida na Terra. E o modo abrupto como o homo sapiens rompeu equilíbrios estabelecidos desde há milénios. Hoje, a fome alastra e, em todo o Mundo, há mil milhões de pessoas sem que comer. 20% da população mundial consome 80% dos recursos do planeta. A Humanidade pratica a injustiça de modo impiedoso para consigo própria. Na Nigéria, por exemplo, que é o maior produtor de petróleo de África, 70% da população vive na miséria. Em termos globais, metade da riqueza mundial está nas mãos de 2% da população. Home termina com um apelo à moderação, à inteligência e à partilha. Porque talvez ainda haja tempo de evitar a rotura sem retorno de fenómenos como o aquecimento global, que irá transformar o clima da Terra de tal modo que poderá provocar o extermínio da vida no planeta, ou a exaustão dos recursos piscícolas, agrícolas, aquíferos… que, de igual modo, serão sinónimo de morte em larga escala.
imagem retirada do vídeo Garcia Pereira
Curiosamente, encontrei alguns pontos comuns com a mensagem do segundo DVD… e não é que o político mencione sequer as suas preocupações ecológicas. Mas é que, também no DVD de Garcia Pereira, se fala em desequilíbrios sociais, iniquidade na distribuição da riqueza, nos crescentes níveis de pobreza que fazem com que já existam 2 milhões de pobres em Portugal, na exploração desenfreada de alguns homo sapiens sobre outros homo sapiens.
Em Home, a primeira frase é… “por favor, oiça-me”.

sábado, setembro 05, 2009

Autocrítica maoísta


Mão amiga fez-me chegar, por email, a seguinte nota:


"Se chegar ao Governo, a dra. Ferreira Leite extinguirá o pagamento especial por conta que a dra. Ferreira Leite criou em 2001; a primeira-ministra dra. Ferreira Leite alterará o regime do IVA, que a ministra das Finanças dra. Ferreira Leite, em 2002, aumentou de 17 para 19% ; promoverá a motivação e valorização dos funcionários públicos cujos salários a dra. Ferreira Leite congelou em 2003; consolidará efectiva, e não apenas aparentemente, o défice que a dra. Ferreira Leite maquilhou com receitas extraordinárias em 2002, 2003 e 2004; e levará a paz às escolas, onde o desagrado dos alunos com a ministra da Educação dra. Ferreira Leite chegou, em 1994, ao ponto de lhe exibirem os traseiros."

quinta-feira, setembro 03, 2009

E quem vai acreditar nele?...


... mesmo que seja por demais evidente que o homem, neste momento, só tem a perder com tudo isto.
O que mais me intriga é o modo como esta trapalhada se tem desenvolvido. Primeiro, foi o "drama" da rescisão com o Moniz que, aparentemente, se desenrolou sem que a TVI tivesse acautelado um substituto à altura para o lugar de director-geral do canal. Agora, o modo como se tenta afastar a mulher do Moniz, quando já era público e notório que esse afastamento seria inevitavelmente transformado em facto político... e, entretanto, ninguém na TVI parece notar a constante descida das audiências do canal que quase se deixou ultrapassar pela RTP, nos últimos dias.
No bas fond, os interessados em calçar as botas do defunto alinhavam argumentos a favor deles mesmo e os nomes já rolam na passadeira das apostas: Paulo Camacho... Júlia Pinheiro... Tino de Rans...
Mas será que esses espanhóis não têm o telefone do Emídeo Rangel?

Mitos, não!


Manuela Moura Guedes diz que tem pronta uma peça sobre o Freeport… exibam-na. Se não for na TVI, ofereçam-na à SIC ou à RTP. Alguém a há-de meter no ar. Deixem outros jornalistas, dos jornais, das rádios, visionar essa peça tomba-governos. Não a escondam… não criem mais um mito.

quarta-feira, setembro 02, 2009

De ir às lágrimas


António Arnaut apresenta, no próximo dia 9, um livro a que intitulou Serviço Nacional de Saúde, 30 anos de Resistência… a apresentação decorrerá na Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Não sei se o local foi escolhido pelo sugestivo nome que ostenta, mas com toda a certeza que o simbolismo é fortíssimo, dada a situação em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde, 30 anos depois de ter sido instituído…
Pelo SNS, choremos, choremos, choremos…

terça-feira, setembro 01, 2009

Mil camelos e 4 F-16


Khadafi dá a festa e poucos recusaram o convite. O petróleo e o gás da Líbia são mais do que suficientes para que o Mundo lhe perdoe todos os pecados, antigos e recentes. Pouco importa se a ditadura oprime, desde que continuemos a acender o fogão com o gás líbio e a acelerar nas auto-estradas com o depósito cheio.
Durante décadas, o Ocidente tentou derrubá-lo sem o conseguir. Os americanos bombardearam-no várias vezes, sacrificaram-lhe filhos, mas ele sempre sobreviveu. Teve sorte e um bom serviço de informações…
Na festa, que começa hoje e vai durar seis dias, Chefes de Estado e dignitários prestarão uma espécie de homenagem a um sobrevivente político. Hoje, Khadafi exerce uma grande influência num bom número de países islâmicos, nomeadamente em África, onde a Líbia sustenta regimes e paga a expansão do islamismo. Veja-se o que se passa na Guiné-Bissau, por exemplo.
Portugal é representado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. Nada contra, todos precisamos do petróleo. Mas, dizem-me, Portugal não se limita a assistir ao desfile dos mil camelos de Khadafi, também participa nele… com quatro F-16 que sobrevoarão os céus de Tripoli. E, isto, se for verdade, é que me parece excessivo e despropositado. Levar quatro aviões de guerra, mais a parafernália de apoio que uma deslocação dessas obriga (mecânicos, sobressalentes, pilotos, aviões de apoio) parece-me “demasiada alegria” pelos 40 anos de ditadura do Coronel.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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