Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











terça-feira, maio 15, 2007

Um barril de pólvora

A organização Human Rights Watch acaba de denunciar as prepotências perpetradas pelo governo angolano nas acções de despejo e demolição de bairros da lata na cidade de Luanda.
Desde 2002 que já se efectuaram 18 acções do género, com a destruição de 3 mil habitações onde viviam 20 mil cidadãos, todos eles pobres e residentes em barracas nos vários musseques de Luanda.
As acções governamentais têm sido realizadas pela polícia e por elementos de empresas de segurança privadas e são caracterizadas pela violência física contra os residentes, detenções arbitrárias e maus tratos contra os detidos.
Segundo o relatório em questão, aos cidadãos não tem sido dada a possibilidade de recurso legal nem o direito a qualquer indemnização. Pura e simplesmente, as pessoas são deixadas no meio da rua, sem haveres nem abrigo.
O relatório da Human Rights Watch foi elaborado com a colaboração da ONG angolana SOS Habitat e acusa o governo de Angola de provocar a deterioração das condições de vida da população mais pobre da capital, em vez de a melhorar.
Quem quiser ler o relatório completo, pode ir aqui. Quem quiser saber mais sobre a acção da Human Rights Watch em Angola, pode ir aqui.
Quem conhece Luanda sabe que a cidade está transformada num atoleiro de musseques, onde vivem mais de 4 milhões de pessoas em condições que não lembram ao diabo. É urgente que se faça algo para melhorar a situação daquela gente, sob pena de, num futuro próximo, a vida em Luanda se tornar impossível por questões de segurança e salubridade. Toda aquela miséria concentrada é um barril de pólvora pronto a explodir. Olho para o que acontece no Brasil, hoje, principalmente nos grandes centros urbanos, e adivinho o futuro de Angola, nomeadamente de Luanda, dentro de poucos anos.
É claro que o governo angolano pode julgar que resolve a questão social como resolveu a questão militar na guerra civil, mas duvido que, desta vez, venha a ter sucesso. A morte de Savimbi domesticou a UNITA, mas quantos vão ter que morrer se os musseques se revoltarem, em Luanda?
As fotos são de Luanda, e foram tiradas por mim em Agosto de 2006.

4 comentários:

Maite disse...

Caro CN

Eu sugiro que a "esses senhores" sejam ministradas urgentemente doses cavalares de acções de formação no terreno. Não acredito que no meio de tantos seres humanos desprovidos de tudo, eles ainda sejam capazes de agir de igual forma. Sim...porque penso que os ditos "senhores" nunca olharam, com olhos de ver, para a degradante situação que teimam em continuar a perpetrar. Penso que a comunidade internacional tem também de mudar de atitude no que se refere a essas situações.

Uma boa tarde para si

-pirata-vermelho- disse...

... e pode ser que arrebente de uma maneira tão clamorosa que acabe de vez e por imitação com a exploração de povos africanos por cães de fila e peões de brega dos que, tendo corrido com os colonialistas, as they called them, andam a roubar a riqueza natural sem permitir o desenvolvimento; ou, melhor,
não permitem qualquer desenvolvimento para que possam continuar a apoderar-se da riqueza local.

Anónimo disse...

Um barril de pólvora que dá jeito a muita gente.

Fernando Ribeiro disse...

Prezado Carlos, queira ir a esta página e veja, sobretudo, a penúltima fotografia. Não digo mais nada.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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