Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sábado, maio 06, 2006

Israel, na primeira Intifada. O aristocrata

Já contei alguns dos episódios ocorridos durante a viagem que fiz a Israel, Cisjordânia e Gaza em 1989. Foi uma experiência bastante intensa, até porque tive oportunidade de conhecer pessoas bastante interessantes, nomeadamente no lado palestiniano. Infelizmente, os israelitas revelaram-se muito mais retraídos nos contactos com jornalistas estrangeiros, muito mais desconfiados e muito mais sobranceiros.
Vou, então, dar início a uma curta sequência de apresentações dessas pessoas que considerei, considero ainda hoje, de elevado nível intelectual e de rara qualidade humana.
Faisal Husseini foi uma dessas pessoas. Era um tipo importante dentro da OLP e da Fattah. Na época era mesmo considerado um dos prováveis sucessores de Yasser Arafat.Faisal Husseini era um aristocrata palestiniano. Nascido de boas famílias, gente com dinheiro, donos de fábricas e comerciantes, estudou em Bagdad (onde nasceu, em 1940), em Damasco e em Amman.
Combateu contra Israel, seguindo a tradição familiar, mas, com tudo isto, não me pareceu ser um sectário irredutível. Era um homem sereno, apesar de estar constantemente sob observação militar, apesar de estar muitas vezes sob regime de prisão domiciliária, apesar disso tudo falava claro e suavemente. Era um homem de negociação, não de combate armado. Gostei dele, gostei dos argumentos que utilizou para justificar a Intifada então em curso. Não falava em ódio nem em vinganças bíblicas, citava antes as resoluções da ONU e as normas do direito internacional. Percebi que acreditava profundamente nas justas razões da causa por que lutava. Morreu cedo, aos 61 anos, de ataque cardíaco. Está enterrado no local mais emblemático e sagrado para os palestinianos, a Mesquita Al Aqsa, em Jerusalém.

3 comentários:

Anónimo disse...

E não é disso que se trata mesmo? A questão israelo-palestiniana não é uma questão religiosa, o aproveitamento q disso se tem feito é q é vergonhoso. Contam metodicamente o número de suicidas e propalam os ataques terroristas (condenáveis evidentemente) mas não os enquadram num universo real de pessoas. Na verdade, são tão representativos quanto o terrorismo europeu (não o esqueçamos). O aproveitamento religioso é uma insídia e uma perversidade para controlo de opiniões.

escrevi disse...

A esmagadora maioria das pessoas não sabe que Israel é um país com cerca de 60 anos. Que antes todo aquele território era a Palestina.
O que é impressionante é que se tivesse ido avante as primeiras propostas sionistas, Israel hoje, podia estar situado algures na América latina ou em África.
A proposta de ser aquele o território, teve a ver com a célebre carta escrita pelos ingleses e imediatamente aproveitada para solucionar o problema da descolonização da zona, que estava sob sua administração.
A memória é curta.
Lembrar é obrigação de quem não esqueceu.

mch disse...

Aprende-se aqui. Bravo por estes perfis. Tenho andado a ver melhor os arquivos MEMRI que já conhecia, que são obviamente israelitas mas não sionistas. E é espantoso quie dos dois lados da barricaf há os que defenden o poder da lei contara a lei do poder. A história mostra resultados variáveis neste confronto

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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