Ou o relato do senhor Augusto Veiga da Cunha, no Correio da Manhã de ontem, não é fiel aos factos?
“…No final dos anos 40, quando estudava em Bissau, na Guiné natal, o seu companheiro de carteira era nada mais nada menos do que João Bernardo Vieira, o mesmo que durante a luta pela autodeterminação da Guiné-Bissau veio a ganhar a alcunha de guerra de ‘Nino’ – e que mais tarde chegaria a chefe de Estado, primeiro pela força das armas e, mais recentemente, em eleições legitimadas pela comunidade internacional. Um miúdo, na altura – mas um miúdo em quem era já possível encontrar o esboço do líder em que mais tarde viria a tornar-se”.
em Bissau, 1998
O relato passa a discurso directo: “Eu era de Nova Lamego, actualmente chamada Gabú, na região de Bafatá. O meu pai, que nascera em Amarante, trabalhava lá como farmacêutico desde os anos 30. E eu gostava de África. Passava parte do meu tempo em Portugal, mas quando estava na Guiné acompanhava sempre os negros. Dava-me muito bem com eles, não havia diferença entre nós. Foram os melhores anos das nossas vidas, como a minha mãe sempre dizia, e quando fui para a escola, ‘Nino’ Vieira ficava ao meu lado. Era um bom aluno, muito respeitador dos professores e dos colegas. Ficávamos nas filas da frente e os professores davam-nos mais atenção a nós do que aos outros rapazes. E ‘Nino’ já revelava uma certa personalidade. Um carácter forte, determinado, sem racismo nenhum. Quando me vim embora, ele, como outros, pediu-me várias vezes que não viesse, que ficasse ali a viver com eles.”
1 comentário:
Sempre me perguntei como, gente que tem tudo para dar certo, se torna por vezes na negação da civilidade e do respeito devido ao próximo, será da insatisfação da condição humana, da eterna busca motivada por condicionantes endógenas, genéticas, do poder, da perpetuação dos seus genes, será pura e simplesmente porque existe gente má e ponto final. Bom post.
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