Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











terça-feira, janeiro 05, 2010

O preconceito


Também tenho opinião sobre a questão do referendo ao casamento gay. Sou contra. Acho que ninguém tem que se meter num contrato entre duas pessoas.
Se as organizações religiosas rejeitam casamentos entre pessoas do mesmo sexo, é lá com essas organizações e as pessoas que as integram. Mas daí a quererem intrometer-se na orientação do Estado regulando o casamento civil…
Acho lastimável que os partidos da direita estejam a utilizar este assunto para fazer política. Tudo isto apenas serve para acicatar os homofóbicos e os dissimulados que têm raiva em ser gays…
Se este referendo for avante, cria-se um antecedente perigoso. É que, depois, que argumento vão eles utilizar para impedir outros referendos ofensivos dos direitos humanos? Ou vamos referendar também, por exemplo, a expulsão dos pedintes e dos sem abrigo do centro das cidades? São tão incomodativos e sujos, não é…? Ou vamos referendar a introdução de uma sharia qualquer para castigar os adúlteros? Que mau exemplo essa gente dá, não acham?

2 comentários:

Anabela disse...

sinceramente considero que toda a discussão que se está a montar é areia atirada aos olhos da sociedade portuguesa.
1 - As religiões nada têm a ver com o casamento civil até pq o não reconhecem (homo ou hetero) - caladinhos faz favor que isto não vos diz respeito
2 - O casamento é uma figura jurídica que diz respeito a um contrato de direitos e deveres mas é tb o processo iniciador de uma outra figura jurídica; - a familia
3 - Se a adopção por familias homo não for legislada agora será o passo seguinte
Aí é que eu acho que o baile tem que parar e há que fazer uma reflexão sobre que família nós queremos construir no futuro.
Esta questão não é secundária é crucial nas opções que vamos fazer para o futuro enquanto sociedade laica.
Queiramos ou não a família ainda tem o papel de socialização primária, i.é a família é a primeira organização social onde se aprende a conviver, onde se aprende as regras básicas da vida em sociedade. Aliás vê-se nas nossas escolas o que tem resultado a abstenção das famílias de realizarem o seu papel de socialização primária, delegando na televisão e na pré-escola essas competências.
Esta constitui a minha perturbação com o casamento gay. Não o facto de quererem fazer um contrato que lhes regule os direitos e os deveres para com eles mesmos e para com a sociedade mas - que sociedade é que nós queremos?
- Uma em que o estado cria os equipamentos para a realização da tarefa da socialização primária e vamos ter clones culturais? Que escola? A actual não é de certeza
- Uma em que as famílias têm condições efectivas de realizar o seu papel de transmissor de cultura e de promover o desenvolvimento individual?
Que queremos?
Nesta fase não estou por um nem por outro mas era estas questões que gostava que se estivesse a debater por forma a que quando formos fazer a lei sobre casamento gay pudéssemos escrever só o que queremos (a defesa dos direitos civis dos homossexuais) e que não fossemos empurrados para soluções que afinal nem queríamos

Digo eu...

Eduardo Miguel Pereira disse...

Acho pois. E estou completamente de acordo consigo.
Eu até vou mais longe e afirmo que sou contra referendos. Da forma como estão a tentar fazer referendos, os mesmos, mais não são que uma forma dos governos se desresponsabilizarem das suas obrigações em matérias sensíveis e onde legislar com coragem é entrar em zonas de desconforto propagandista que não lhes convém.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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