Hakuna mkate kwa freaks.
quarta-feira, julho 20, 2011
terça-feira, dezembro 14, 2010
terça-feira, abril 06, 2010
Cowboys ininputáveis
As armas, afinal, eram máquinas fotográficas e de filmar...
Nenhum dos soldados norte-americanos responsáveis por este massacre será alguma vez julgado por um tribunal internacional. Os Estados Unidos protegem os seus assassinos e não permitem que algum deles seja julgado fora do território americano.
Como me dizia hoje um colega de trabalho, esperemos que os remorsos e os pesadelos lhes tornem a vida num inferno e se acabem por suicidar um dia destes.
sábado, janeiro 16, 2010
terça-feira, dezembro 01, 2009
€ u r o p a

terça-feira, setembro 01, 2009
Mil camelos e 4 F-16

Durante décadas, o Ocidente tentou derrubá-lo sem o conseguir. Os americanos bombardearam-no várias vezes, sacrificaram-lhe filhos, mas ele sempre sobreviveu. Teve sorte e um bom serviço de informações…
Na festa, que começa hoje e vai durar seis dias, Chefes de Estado e dignitários prestarão uma espécie de homenagem a um sobrevivente político. Hoje, Khadafi exerce uma grande influência num bom número de países islâmicos, nomeadamente em África, onde a Líbia sustenta regimes e paga a expansão do islamismo. Veja-se o que se passa na Guiné-Bissau, por exemplo.
Portugal é representado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. Nada contra, todos precisamos do petróleo. Mas, dizem-me, Portugal não se limita a assistir ao desfile dos mil camelos de Khadafi, também participa nele… com quatro F-16 que sobrevoarão os céus de Tripoli. E, isto, se for verdade, é que me parece excessivo e despropositado. Levar quatro aviões de guerra, mais a parafernália de apoio que uma deslocação dessas obriga (mecânicos, sobressalentes, pilotos, aviões de apoio) parece-me “demasiada alegria” pelos 40 anos de ditadura do Coronel.
segunda-feira, junho 22, 2009
Somos todos iranianos

Por cada morte de manifestantes, Moussavi vê aproximar-se a sua própria e, perdido por um perdido por mil, estica a corda o mais que pode, apelando à continuação das manifestações e a uma greve geral. Moussavi sabe que já não tem perdão possível, sabe que os acontecimentos já o ultrapassaram e só espera continuar a cavalgar esta onda até chegar vivo à praia.
Reparo, com curiosidade, que o que se está a passar parece confirmar uma predição (desejo?) deixado por Joshua num comentário ao meu anterior texto sobre o Irão. Contrapondo ao que eu dizia, que apesar dos protestos Moussavi não passava de um insider do regime, Joshua escreveu: “Certo, mas reciclado ou não, há gente a morrer pela esperança reformadora que ele representa e, no processo contestatário, essas multidões podem criar um efeito em espiral que transcenda largamente o seu símbolo Moussavi e lhe exija ainda mais que a mera transformação aveludada do Regime dos Ayatollahs. O líder pode ser arrastado, como os capitães aprilinos nas suas insatisfações de carreira, para uma coisa inteiramente nova, maior que eles.”
sábado, junho 20, 2009
A missão de Moussavi

Moussavi não é um outsider do regime, nunca foi. Acontece que para os Ayatollah’s o tempo de Moussavi já passou e o rejeitado percebeu que tinha ainda uma janela de oportunidade para não secar politicamente se reaparecesse como reformador. Então, Moussavi reciclou-se, eventualmente angariou apoios entre os adversários da teocracia, dentro e fora do Irão, porventura terá recebido financiamento para alimentar uma campanha eleitoral e o séquito de apoiantes que o enquadrassem na cena política. As democracias ocidentais costumam ser generosas em situações deste género. Foi assim que, durante muitos anos, o PS de Mário Soares foi alimentado por patrocinadores alemães e americanos.
Na minha opinião, Moussavi jamais será um democrata (tem um passado demasiado tenebroso e que, num regime mais aberto, se pode voltar contra ele), mas poderia ser um reformador, permitir alguma abertura política, principalmente na questão dos costumes. Daí o apoio que as mulheres lhe têm prestado, ansiosas por abandonarem o tchador que elas sentem como símbolo da desigualdade e da falta de liberdade.
Nos anos 80, Moussavi foi um fiel servidor do Ayatollah Khomeini, o pai da revolução iraniana e o tirano que instituiu o actual regime. Acredito que, hoje, Moussavi continua a apostar nas virtudes do regime, mas percebeu que sem uma reforma que permita alguma descompressão social os Ayatollah’s acabarão por perder o apoio da maioria da população e o regime acabará por cair. Moussavi quer salvar os Ayatollah’s, não derrubá-los, mas quer ser ele a conduzir essa reforma. Como homem religioso que é, Moussavi sente que essa é a missão que Deus lhe confiou.
Ora, nada disto quer dizer que a democracia está para acontecer no Irão.
segunda-feira, junho 15, 2009
Moussavi não é nome de flor

Um tipo que foi primeiro-ministro do Irão nos anos 80 devia levantar algumas suspeitas, mas como para o Ocidente vale tudo para deitar abaixo Ahmadinejad, o senhor Moussavi passa a ser apresentado como democrata de longa data. Mas não é bem assim… lembro que quando esse senhor foi pau mandado dos Aiatolas, a repressão sobre o povo não teve limites. Não lembro apenas as perseguições políticas, os assassinatos. Lembro que foi ele quem reintroduziu a pena de morte e os castigos corporais na via pública para quem não respeitasse a sharia (lei religiosa). Coisas simples, como sexo fora do casamento, consumo de alcóol ou homossexualidade, passaram a ser crime. O Islamismo passou a ser religião do Estado e todas as outras foram proibidas. Marxistas, católicos, judeus e laicos foram fuzilados. As mulheres foram proibidas de usar maquilhagem ou mini-saias, e ouvir música rock ou rap passou a ser razão mais do que suficiente para levar gente para a cadeia.
sábado, maio 30, 2009
Bicesse, algumas memórias

Foi uma tremenda vitória pessoal de Durão Barroso e a sua rampa de lançamento para a alta-roda da política internacional. Durante semanas a fio, o homem andou de quarto em quarto, de sala em sala, a levar e a trazer papelinhos, recados e sugestões, de um lado para o outro. Reunia em separado com cada uma das partes, escrutinava os possíveis pontos comuns e expurgava as clivagens. UNITA e governo só se encontravam quando se sabia que não se iriam pôr aos murros na mesa. Um trabalho de sapa, que acabou por possibilitar um acordo final. De secretário de estado dos negócios estrangeiros, Durão Barroso rapidamente passou para ministro da mesma pasta, mais tarde primeiro-ministro e, hoje, presidente da Comissão Europeia. Uma notável carreira política que teve início há 18 anos lá em Bicesse… mesmo se esses acordos de paz pouco valeram e a guerra recomeçou em força alguns meses mais tarde, para só acabar de vez em 2002.
terça-feira, março 10, 2009
Boas-vindas
Quero aqui lembrar que foi ao actual regime angolano que alguns dos fundadores, inspiradores, do Bloco de Esquerda sempre prestaram apoio político e ideológico.
O passar do tempo veio revelar que não era a ideologia que movia os líderes políticos angolanos. Era apenas o exercício do poder em si mesmo, do poder político e do poder económico. Em Angola vive-se num certo tipo de nepotismo? Sim, mas culturalmente o exercício do poder, em África, sempre foi assim. Se considerarmos que nepotismo é o favoritismo que os detentores do poder dão a um círculo próximo de colaboradores ou familiares, então estamos a falar de uma característica tipicamente africana de organização política. Em África, é assim que as sociedades se organizam desde há séculos. Mas a despudorada acumulação de riqueza, tão criticada por ser manifestamente injusta, já é uma característica das modernas sociedades ocidentais capitalistas. Somos nós, no Ocidente, que valorizamos a riqueza acima de tudo, que endeusamos o dinheiro e lhe sacrificamos tudo.

No Público de hoje (edição impressa), Maria Antónia Palla e João Soares, velhos apoiantes de Jonas Savimbi, vêm hoje lembrar feridas ainda mal fechadas, numa tentativa de dar uma lição de moral ao dirigente angolano. Mas a moral não existe no exercício político, por mais que se pintem Soares e Palla. Nunca a política, em lado algum do Mundo, se condicionou a esse tipo de imperativos e, portanto, o “apelo” hoje publicado não faz muito sentido, pese embora todas as palavras politicamente correctas que foram alinhadas no texto: liberdade, justiça, desenvolvimento, democracia, legitimidade, amor, irmãos, povo, verdade, respeito.
Por mim, prefiro o pragmatismo honesto de Cavaco e Sócrates. Angola vale milhões e é uma oportunidade única de termos algum apoio nos próximos anos de crise. Em Angola já estão dezenas de milhar de portugueses e outros tantos para lá caminham. O presidente angolano é muito bem-vindo!
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
Não se queixe?

segunda-feira, fevereiro 09, 2009
Reflexos - 3
Na vida real, os tipos lá em Madagáscar também não têm uma vida fácil.
Fotografia intitulada "Madagáscar" e assinada por Nuno Lobito.
domingo, fevereiro 08, 2009
Reflexos - 2

terça-feira, janeiro 20, 2009
American Dream

Pessoalmente, alegra-me o facto do novo presidente dos Estados Unidos da América ser um tipo que se chama Barack Obama, mestiço de pai negro e mãe branca. Olho para os meus filhos e acredito que, para eles, se abriu uma nova janela de oportunidades.
Dito isto, acrescento apenas que Obama tem muito para provar, a partir de hoje, dia da tomada de posse. Como vai ele resolver a questão da retirada das tropas do Iraque? Como vai ele orientar as relações com a Rússia? Como vai ele influenciar a questão palestiniana? Como vai ele resolver o descalabro financeiro em que os EUA estão metidos? Como vai ele fechar a prisão de Guantanamo? Cá estaremos para ver do que será capaz, embora não devamos esperar milagres. Não é por Obama ter sido eleito que muda o regime político dos Estados Unidos.
quinta-feira, maio 31, 2007
Arquivos da Humanidade

Comprei-o agora e ainda nem o li. Mas fiz a experiência de o abrir à toa, aleatoriamente. Na página 282, por exemplo, li o seguinte:
“Ao que acabo de referir sobre a situação tão precária dos Direitos Humanos para boa parte da população mundial, como se já não bastasse, temos de acrescentar, como factor particularmente nefasto para a situação actual dos Direitos Humanos no mundo, a vigente, perversa e espúria tendência, assumida às claras, de se substituir a força do Direito pelo direito da força que gera, ipso facto, como corolário imediato e infelizmente amiúde observado, o surgimento de caldos políticos incentivadores ou permissivos à tortura com comportamentos particularmente desumanos, cínicos e hipócritas que importa desde já estigmatizar e arquivar na nossa memória colectiva a fim de que não possam ser negados amanhã por aqueles que os estimularam, defenderam e praticaram recorrendo a todo o tipo de manipulações, mentiras e demagogias fossem eles governantes, políticos, “pensadores”, analistas, jornalistas, polícias ou militares… Dispondo de arquivos, a sociedade humana democrática poderá confrontá-los, assim o entenda, com as suas atitudes passadas.”
O autor de “Gritos contra a Indiferença” é Fernando Nobre, presidente da AMI, uma daquelas pessoas de quem eu gostaria de ter oportunidade de ser amigo e não apenas conhecido.
terça-feira, maio 29, 2007
O suspeito do costume

Soube só agora que Kabila aceitou a ajuda desses militares mas que, logo após a vitória, em Maio de 1997, dissolveu essa brigada porque a consideraria perigosa por suspeitar que seria leal aos interesses angolanos.
Ora, se isto for verdade, isso significa que Kabila desconfiava do amigo angolano… e, assim, percebe-se melhor a forma como morreu assassinado em Janeiro de 2001.
sábado, maio 26, 2007
O futuro

Foi um debate bastante participado. Das várias orações de sapiência, renovei a convicção que já tinha de que a salvação da Humanidade está na mestiçagem dos povos. Na mestiçagem cultural, racial, o que quiserem. Acredito que os mestiços têm mais condições para se distanciarem de dogmas e preconceitos e, portanto, tornarem-se melhores seres humanos. Acredito muito nisso.
quinta-feira, maio 03, 2007
A exaltação

Porque parece mal aparecer enervado num debate político televisionado? Os nervos à flor da pele denunciam fraquezas escondidas? Pois eu acho que essa é mais uma convenção estipulada pelos cínicos, por aqueles que nunca se zangam porque são capazes de todas as cambalhotas e contorcionismos para se manterem à tona. Gosto de gente que se zanga e que se enerva, que se indigna e se escandaliza, se revolta e luta por aquilo em que acredita. Julgo que era disso que se tratava no debate entre Ségolène e Sarkozy, naquele extracto que apareceu na reportagem do Paulo Dentinho. Ela defendia uma lei que, quando fez parte do governo, tinha implementado em defesa dos direitos das crianças fisicamente incapacitadas, uma lei que ele desmantelou em nome de um liberalismo económico pouco sensível aos problemas das pequenas minorias da população. Se eu fosse francês, votaria em Ségolène.
sexta-feira, abril 27, 2007
Arte e manhas da política. No caso, angolana.

O papel está datado de 31 de Julho de 1998. Eu estava em Angola há cerca de 15 dias, na companhia do Carlos Santos, o camera-man da SIC que me acompanhou. O comunicado fala de um terrível massacre ocorrido numa aldeia da Lunda Norte, onde terão morrido 600 pessoas, segundo se dizia em Luanda. Na verdade, ninguém sabe quantos morreram.
O governo acusou a UNITA da autoria do massacre. A UNITA nunca o reconheceu. O ataque foi, de facto, um assalto para rapinar os diamantes que estavam naquela aldeia que, como tantas outras do Norte de Angola, mais não era que um acampamento de garimpeiros. Atacaram e mataram todos de modo a não deixar testemunhas.
O comunicado da MONUA acusa o Jornal de Angola, a Televisão Pública de Angola e a Rádio Nacional de Angola de difundirem falsas notícias sobre o sucedido, nomeadamente a afirmação de que a MONUA teria identificado os atacantes como sendo militares da UNITA.

Na verdade, o que se dizia à boca pequena, em Luanda, é que o ataque teria sido feito por soldados governamentais, homens tresmalhados, cansados de esperarem por um soldo que nunca chegava, fartos de passar fome e medo.
Alguns dias depois, eu e o Carlos Santos estávamos em Bula, levados pela tropa angolana. Vimos os corpos enterrados nas valas cavadas para o garimpo, vimos as palhotas destruídas e vimos muitas cápsulas de munição espalhadas pelo chão de areia. Não sei quem disparou aquelas balas todas. Sei apenas que eram cápsulas de munição de fabrico espanhol. E sei que Espanha vendia munições e outro equipamento militar ao exército governamental.


Acerca de mim

- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média