Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











quarta-feira, maio 23, 2007

Pormenores

Quem leu o livro de Alcides Sakala, “Memórias de um Guerrilheiro”, sabe como foram dramáticos os últimos meses da resistência armada da UNITA, que só terminou com a morte de Savimbi.
No livro, percebe-se que Savimbi fintou a morte mais do que uma vez, ao longo desses últimos meses, jogando ao gato e ao rato com as forças inimigas que o perseguiam. Mas o cerco apertava-se a cada dia que passava, como se o exército governamental soubesse onde Savimbi andava. Há várias teorias sobre isso. Uns dizem que os satélites militares americanos espiavam a marcha da coluna de Savimbi, dando indicações sobre a sua localização ao governo angolano. Outros dizem que o dirigente da UNITA foi localizado pelos americanos, sim, mas através do sinal do telefone satélite que era frequentemente utilizado para contactos com membros e aliados da UNITA no exterior de Angola. Provavelmente, as duas teorias estão certas e os EUA utilizaram toda a tecnologia disponível para ajudar Luanda a vencer aquela guerra. O que é certo é que, de facto, Savimbi tinha pelo menos um telefone satélite. Do meu espólio desses tempos de brasa em Angola, mostro-vos a folha do meu bloco onde está anotado o número desse telefone satélite: 00871382082111.

5 comentários:

João Cordeiro disse...

A guerra é dúbia e enganosa.


Abraço sonhador

Minda disse...

A guerra é, sempre, um jogo de enganos.

E, pior do que as supostas evidências, são as "verdades não-ditas", as que acabam por tecer as verdadeiras manobras e estratégias que levam à vitória ou à derrota.

Um bom fim-de-semana

MédioCriativo disse...

Delicioso!

Estes pequenos pormenores não têm preço.

Um conjunto de algarismos. Só. Mas o que esse número já foi. A dimensão que ele veio dar a um pedaço de papel. O que ele significou. As portas que ele podia abrir. As janelas que podia fechar.

E hoje é história. O número, mas acima de tudo, esse pedacinho de papel onde ele foi escrito provavelmente entre poeiras quentes.

Anónimo disse...

Felizmente nunca fiz parte dessas guerras.
Mas imagino, não mais que isso, o que se deve ter passado.

Isabela Figueiredo disse...

É verdade, sim: estes apontamentos são importantes, Carlos.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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