Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











segunda-feira, agosto 31, 2009

Novo Paradigma


A decisão da senhora em fazer uma campanha sem comícios é apresentada como “uma volta sem espectáculo e virada principalmente para o esclarecimento dos eleitores” mas, é claro, a verdade está longe de ser essa. Na verdade, a dirigente do PSD deve tremer só com a ideia de ter de participar em acções de campanha na rua, arruadas com bombos e gigantones, comícios gritados. Gostava de a ver no Pavilhão da Tapadinha, de braço no ar, a ritmar as hostes com gritinhos agudos de “PSD! PSD! PSD!”. Gostava de ver, mas não vou ver…
Elucidativo foi, também, a analogia feita entre funerais, missas e campanhas eleitorais. Não sei de qual comparação gosto mais… mas são todas de extremo bom gosto. E revelam um espírito… digamos, arejado… de quem tem uma ideia… digamos, arrojada… da política em Democracia.

domingo, agosto 30, 2009

Espero que os "jotas" tenham aprendido bem a lição


Ainda me hão-de explicar, por favor, porque razão tipos como o ex-futuro-ministro-de- qualquer-coisa Pina Moura têm sempre um ou dois jornalistas dispostos a fazerem eco dos gargarejos que lhe brotam da goela, mesmo os mais simplistas.
É que classificar o programa do PSD como “duro e focado”, “clarificador” e “divisor de águas”, sem o justificar, é o mesmo que dizer nada. Dizer que o programa do PSD assume “que os recursos são escassos”, assim sem mais, é plagiar qualquer um dos manuais de introdução à economia existentes no mercado livreiro. Que “os recursos são escassos” sabemos todos e nem sequer precisamos de ter lido Samuelson ou Mankiw.
Mas Pina Moura diz banalidades destas e foi logo citado nos jornais e televisões. Até vi o inefável Marcelo rejubilar, tanto mais que se trata de alguém que tem tido um percurso político de deriva constante da esquerda para a direita. “Alguém que começou no Estado e chegou ao privado”, dizia o professor aos seus alunos na Universidade de Verão do PSD, lembrando que Pina Moura começou no Partido Comunista e acaba de se colar ao PSD (agora, que o PS está na mó de baixo). Enfim, seguindo o exemplo de outros. Na deriva e na falta de escrúpulo. Para Marcelo, um exemplo a seguir pelas gerações mais novas, malgrado o lambebotismo.

sexta-feira, agosto 28, 2009

Genuflexões


Desde o dia 23 que ando a ver o telejornal da televisão pública na Região Autónoma da Madeira. Seis telejornais, sete aparições de Alberto João na pantalha. O madeirense Alberto é um pouco como aquele “cubano” que dá pelo nome de Marcelo… fala sobre tudo, tem opinião sobre tudo, todos o escutam, ninguém prescinde dele. Opiniou contra o casamento gay, contra a visita de Sócrates à “sua” ilha, contra uma alegada influência bolivariana no regime político português, contra a existência de “espiões” nas instituições públicas madeirenses, contra a greve na TAP, embevecido pela realização de uma exposição bienal de arte na ilha de Porto Santo, contra a iniciativa do Governo da República ao promover o turismo na Madeira junto do mercado russo…
Alberto tem o microfone RTP-Madeira sempre aberto para ele…

quarta-feira, agosto 26, 2009

Bolívar, ainda...

Dois dias depois, tenho quase a certeza de que a estátua não passa mesmo de um espantalho para assustar continentais e pretensos colonialistas…
Alberto J.J. acaba de criticar, precisamente, o que ele diz ser a orientação “chavista” e “bolivariana” do governo português. Claro que esta opinião vai ficar englobada naquele rol de “disparates” a que Alberto João já nos habituou, ele próprio joga com isso para dizer tudo o que lhe vem à cabeça. A inimputabilidade de que beneficia acrescenta-lhe fama e glória aos olhos do povoléu e assim vai regendo este “bailinho” da Madeira a seu belo prazer.

segunda-feira, agosto 24, 2009

Bolívar num jardim de Alberto João


Dei com ela (a estátua) esta noite, num passeio pelo Funchal...

Uma surpresa?
Alberto João está no poder na Madeira desde sempre. Portanto, a erecção de uma estátua bolivariana em pleno Funchal só pode ter tido a sua concordância...
É verdade que Simão Bolívar foi um nacionalista empedernido que lutou com ganas contra o Império de Espanha. Levou à independência nada menos que seis países... e, ainda hoje, serve de inspiração aos vários nacionalismos latino-americanos, nomeadamente aos regimes ditos de esquerda. Hugo Chavez, presidente da Venezuela e amigo de Sócrates é um desses fiéis admiradores de Bolívar. Os rebeldes (terroristas, segundo a cartilha dos EUA) das FARC, na Colômbia, também se dizem inspirados pelo mesmo exemplo... daí que possa parecer estranho que o “nosso” Alberto João partilhe um ídolo com as FARC e Chavez... a não ser que a estátua de Simão Bolívar no Funchal sirva, apenas, de espantalho para o Ministro da República e outros representantes das instituições “colonialistas” continentais.

sábado, agosto 22, 2009

O caminho faz-se caminhando


Há cerca de 2500 anos, um dos mais proeminentes políticos de Atenas, Péricles, largava pérolas como "as mulheres, os escravos e os estrangeiros não são cidadãos". Péricles era considerado um democrata e, portanto, é um dos pais da nossa Democracia.
É claro que em 2500 anos o pensamento político avançou muito, os preceitos sociais não são os mesmos, a Democracia democratizou-se, digamos assim. Mas é um caminho que ainda não está feito. Estamos nele, mas não vislumbramos o fim da caminhada. Não podemos considerar esta Democracia que temos como uma obra acabada… ainda é demasiado imperfeita.
As assimetrias sociais, a injustiça na distribuição da riqueza, a iniquidade nas oportunidades dependendo do sexo, da raça, do nome de família, do local onde nascemos. São muitas as variantes que provocam desigualdades. Uma delas é o preconceito… que, aliado à ignorância, facilita o engano e a manipulação. Refiro-me, por exemplo, ao preconceito implantado em muitas pessoas relativamente aos pretensos malefícios da esquerda política. Medos alimentados pelo marketing dos partidos sustentados pelo Capitalismo. Aliás, o medo do Comunismo foi (enquanto se justificou) parte integrante do armamento ideológico do Capitalismo. Comiam criancinhas ao pequeno-almoço, os comunistas – e muitos acreditaram piamente nestas tretas. O medo que eles viessem e lhes confiscassem a carroça e o burro, a leira de terra, o naco de pão. Mas se tudo isso fosse levado pela hipoteca ao banco, já não fazia mal…
Não pretendo fazer aqui a defesa do Comunismo. Na verdade, os regimes comunistas não me parecem melhores que os inspirados pelo Capitalismo. Ambos fizeram e fazem muitas vítimas inocentes, qualquer deles não hesita em sacrificar seres humanos em nome dos dogmas que os enformam. Pretendo, apenas, relativizar as coisas e argumentar em prol da liberdade de pensamento. Considero que para se escolher verdadeiramente é preciso conhecer. Sem preconceitos. Até porque, hoje, tudo mudou e as práticas políticas dos partidos já pouco têm a ver com as velhas práticas dogmáticas dos anos 60. É por isso que acho que ninguém devia dizer que já sabe em quem vai votar, num reflexo pavloviano ditado por coisas velhas. É a minha opinião.

sexta-feira, agosto 21, 2009

Bússola



Experimentem. É giro participar. Cliquem neste link.



Só não sei se os termos de comparação entre as nossas respostas e as dos vários partidos políticos serão completamente fiáveis. Segundo creio, os promotores desta "bússola eleitoral" basearam-se nos programas partidários para extraírem as respostas dos respectivos partidos às questões colocadas. E são essas "respostas" que, depois, são comparadas com as nossas. Como a coisa não passou por entrevistas directas com dirigentes partidários, temo que algum termo de comparação não seja completamente fiável. Mas não é por isso que esta "bússola" deixa de ter graça. Até porque a piada está na eventual discrepância entre o resultado da "bússola" e a nossa real intenção de voto. A mim, por exemplo, deu-me como "próximo do PS".

Blá blá blá rasteirinho



OK, o PC jamais se coligará com o PS ou o BE, nem mesmo num cenário pós-eleitoral em que seja necessário plasmar politicamente a maioria sociológica de esquerda que, de facto, existe em Portugal. Pronto, não se pode levar a mal. O Partido Comunista não quer ir por aí, está no seu direito, ou está com a direita… se quiserem.
Agora, não lhe fica mesmo nada bem argumentar de forma tão rasteira, tão merdosa, como fez num artigo publicado no Avante
Pronto, no PC também não voto.

quinta-feira, agosto 20, 2009

Azuis


Vêm aí cravos azuis transgénicos. A introdução da espécie já foi autorizada pela Holanda e, sendo a Holanda o maior exportador mundial de flores para todo o Mundo, depressa esses cravos de cor monárquica ou social-cristã estarão à venda nas floristas de todo o país.
Já é mau serem transgénicos, mas serem azuis é que não. Já estou a ver um na lapela de Cavaco Silva no próximo 25 de Abril…

quarta-feira, agosto 19, 2009

Caspa


O PS orçamentou 5 milhões 540 mil € para a próxima campanha eleitoral. Se tiver 1 milhão e meio de votos, perde as eleições mas a campanha sai-lhe de borla. Com 2 milhões de votos, talvez ganhe as eleições e acaba por ter lucro significativo. Isto, porque o Estado subvenciona os partidos políticos que obtiverem mais de 50 mil votos nas eleições. São, se não erro, 3 € e 50 cêntimos por cada voto. Façam as contas e vejam o negócio que isto não representa. Já não falo das sinecuras que ficam à disposição dos correligionários e amigos, belos tachos com direito a BMW e cartão de crédito para despesas de representação. Mas isso são outras contas do rosário…
Se compararmos o orçamento dos partidos políticos com assento parlamentar com os outros, verificamos que a luta é completamente desigual. Enquanto que os primeiros têm mundos e fundos para gastar em propaganda, os segundos contam tostões e lançam-se à luta se a colecta entre os correligionários chegar para alguma coisa…
Do PS já falámos, agora comparemos o PSD com 3 milhões 340 mil € com a Frente Ecologia e Humanismo que só tem 25 mil €… ou o PCP/PEV com 1 milhão 950 mil € e o MMS com, apenas, 40 mil €… ou mesmo o Bloco de Esquerda com 993 mil € ao pé do PCTP/MRPP com singelos 45 mil €… ou seja, enquanto uns podem comprar os serviços de agências de comunicação, prometer bons empregos e facilitar a carreira dos amigos, outros mal conseguem fazer-se ouvir perante a berraria das máquinas propagandistas dos que andam próximos do poder e dele se alimentam.
Ou seja, os resultados eleitorais têm muito pouco a ver com programas políticos ou ideologias. Apenas com propaganda. Andamos a votar como quem vai ao supermercado à procura do "melhor" shampoo para a caspa.

terça-feira, agosto 18, 2009

Chateia-me


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Chateia-me que este governo acabe por dar razão à Direita e à Esquerda, de Portas a Garcia Pereira (curiosamente, com o mesmo discurso), por não ter dado prioridade aos apoios às PME’s, a verdadeira espinha dorsal da economia do país. As pequenas e médias empresas garantem mais de 90% do emprego e quase a mesma percentagem do PIB. Quando o governo preferiu investir nos apoios, subsídios e isenções fiscais às grandes multinacionais, ficámos todos à mercê dos caprichos desses capitalistas sem rosto nem alma, que tanto se lhes dá ter uma fábrica aqui como na China, o que lhes interessa são os milhões de lucro e não o bem-estar social.
Também me chateia que, depois do fracasso das “europeias”, o governo tenha entrado numa espécie de “coma”, deixando cair a aplicação de projectos que poderiam, de facto, com rapidez, dar emprego a muitos milhares de pessoas, nomeadamente, operários da construção civil. Para além da tal “falsa humildade” que logo foi detectada, usada e abusada pela oposição política e mediática, Sócrates revelou, de facto, falta de carácter político – o que não tem nada a ver com arrogância, característica que também não aprecio.

sábado, agosto 15, 2009

Woodstock, o Adelino e a ditadura


Woodstock foi há 40 anos. Meio milhão de pessoas juntaram-se num descampado, perto de uma aldeia chamada Woodstock, nos EUA, e realizaram um festival de música que marcou uma geração na parte Ocidental do Mundo.
Por esses dias, aqui, um amigo da escola foi detido pela polícia, em plena via pública, por ir vestido de forma indecente e usar o cabelo comprido. O Adelino (que será feito dele…) estava longe de ser um revolucionário, filho de pais abastados, protestantes, esse meu amigo de infância era realmente um tipo pacato. Mas não era um carneiro e, naquele dia, decidiu vestir umas calças à boca de sino, uma camisa florida, um colete de cabedal com franjinhas… mais do que suficiente para ir parar à esquadra.
Vivíamos tempos estranhos, naquela época. A repressão política tinha um lado moralista serôdio, pudibundo, profundamente estúpido, que pretendia que agíssemos como uma porção de gado lanígero. Quem se tresmalhava, ia de cana. Foi o que aconteceu ao Adelino.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Duas notícias espantosas




A primeira.
Utentes dos centros de saúde e hospitais do Alentejo, Algarve e Ribatejo vão ter de aprender a falar espanhol, já que comunicar bem com o médico é condição essencial para ele (o médico) perceber de que maleita se queixam os doentes… e como os médicos vão passar a ser cubanos, hay que ablar bien sinon bamos a morir…
Nada contra a globalização dos cuidados de saúde… mas julgo que a contratação de cubanos se deve, apenas, a um qualquer critério economicista. A mão-de-obra do dito terceiro mundo costuma pedir menos pelo salário… e se isso ainda se aceita numa fábrica de panelas, já num hospital gostaria que o critério fosse a qualidade profissional dos contratados. Espero que, além de baratos, sejam bons médicos.

A segunda.
A GNR recompensa os seus agentes que “caçam” mais multas. Não premeia os que prendem mais assaltantes nem os que apanham mais traficantes... Está, assim, explicada a apetência natural dos que viram a cara aos bandidos. Além de ser muito menos perigoso ir à caça das multas, sempre se consegue algum para ajudar a fechar a marquise.

quarta-feira, agosto 12, 2009

(o meu) Programa eleitoral - 4


Vamos então falar de Saúde.
Na semana passada fui ao oftalmologista com a minha filha Sara. Eu, há 4 anos que não fazia um exame aos olhos e a miúda está naquela idade em que as dioptrias aumentam acompanhando o crescimento da criança.
15 minutos a cada um e dê cá 110 € (55 each…). No meu caso, fiquei a pensar que mais valia ter ficado quieto, já que o médico não encontrou nada a assinalar e não tenho necessidade de mudar de lentes. O pior é que, como estou desempregado, os recibos não me servem para nada, já que sem rendimentos para declarar ao IRS não posso esperar qualquer recuperação destas despesas. Portanto, os desempregados não podem ir assim ao médico especialista quando acham que precisam. Temos de ir ao Centro de Saúde esperar por uma consulta com o médico de família, esperar que o senhor doutor ache bem passar uma credencial para a especialidade em questão e aguentarmos uns meses que nos chamem para a tal consulta com o especialista. Mas só pagamos as taxas moderadoras…
Comparando com França… o utente vai ao médico que quer, quando quer e paga por uma tabela estipulada pelo Estado. Se bem me lembro, consultas de clínica geral rondam os 20 € e as especialidades são pagas a cerca de 50 €. O médico passa obrigatoriamente uma factura que, poucos dias depois de ser remetida à Segurança Social é reembolsada em boa parte. Ou seja, uma ida ao médico fica em poucos euros… e não há urgências hospitalares entupidas.
Bom, nem tudo serão rosas no serviço de Saúde em França, mas mete o nosso num chinelo. Não sei por quanto tempo, porque parece que Sarkozy anda a pensar em "poupar" uns cobres ao orçamento do Estado e adivinhem lá onde será que ele vai cortar nas despesas...
Portanto… senhores candidatos a deputados, imaginando que se preocupam bastante com estes problemas reais da vida, aguardo pelas vossas promessas eleitorais... para decidir conscientemente em quem votar.

terça-feira, agosto 11, 2009

Piscadela de olho







Só uma verdadeira Fada como a Helena consegue restaurar egos gastos pelas desilusões.
Agradeço e levanto a Taça com orgulho. Mas é Taça pesada, da responsabilidade acrescida.

(o meu) Programa eleitoral - 3


Em Paris, a linha do RER-A (a linha A do comboio suburbano) serve cerca de 2 milhões de pessoas por dia. Nas horas de ponta, o comboio passa de 3 em 3 minutos. Para quem vive a 30 km de distância da cidade, o comboio é a grande alternativa a um bouchon de duas horas… É verdade que, às vezes, a circulação ferroviária sofre atrasos… é relativamente frequente acontecerem avarias ou tentativas de suicídio ou distúrbios entre passageiros que obrigam à intervenção policial e à interrupção da circulação, mas a alternativa continua a ser… um engarrafamento automóvel de duas horas. Além disso, o comboio é mais barato que o automóvel pessoal (o passe social mensal para a zona 5 custa menos de 100 € e é o mais caro), o comboio é muito menos poluente e, quando se vai sentado, sempre dá para ler o jornal ou algumas páginas de um livro enquanto não se chega ao destino.
Tudo isto para vos dizer que gostaria de ver algum dos candidatos a deputados defender soluções para as acessibilidades dos cidadãos ao centro dos grandes centros urbanos, principalmente Lisboa e Porto. Estranho que se fale tão pouco nisto… na necessidade de alargar a rede de metropolitano, na necessidade de se diminuir o consumo de gasolina e gasóleo, em fazer com que se deixe de perder várias horas por dia em engarrafamentos para ir para o emprego e voltar para casa. Nem só de TGV vive o transporte ferroviário…

segunda-feira, agosto 10, 2009

(o meu) Programa eleitoral - 2


Já repararam que, em muitas situações, andamos a pagar duas vezes (pelo menos) o mesmo serviço? Ainda por cima, nem sempre somos bem servidos…
Inscrevi-me num mestrado na Universidade Nova de Lisboa. Um dos luxos dos desempregados é terem tempo, muito tempo, sem ocupação fértil. Assim, decidi ir para a escola. O pior é que a coisa fica em 2 mil €, pelos três semestres… e dei comigo a pensar em que diabo são empregues os nossos impostos se, quando solicitamos um serviço qualquer ao Estado, temos de o pagar? Pagamos na escola pública, pagamos no hospital público, pagamos no transporte público, pagamos se pedirmos um certificado de registo criminal, pagamos se formos trocar o velho BI amarelo pelo novo cartão azul. Pagamos. Acho que estamos a pagar a dobrar porque pagamos a primeira vez através do sistema fiscal e voltamos a pagar, depois, através das taxas moderadoras, propinas, emolumentos, tributos e portagens. Não gostavam de ver alguém da política debruçar-se sobre este assunto (a política fiscal), ou acham que é um tema menor? Até porque muitos destes serviços a que me refiro são direitos supostamente garantidos constitucionalmente e, acho eu, deveriam ser assegurados independentemente da riqueza do utente.

domingo, agosto 09, 2009

Impropérios velhos

Depois da recente nacionalização de um banco e de uma companhia de seguros, gostava de perceber como vai a direita (e alguma esquerda, também) abordar esta questão na próxima campanha eleitoral.
Durante décadas habituei-me a ouvir os maiores impropérios contra as ideologias que professam o controlo estatal sobre sectores estratégicos da economia e… afinal de contas, parece que sempre tinham alguma razão…
A iniciativa privada, realmente, estimula a criatividade (pelo menos a dos saqueadores de bancos) mas não garante uma justa distribuição da riqueza. E, reparem bem, quando digo justa não estou a dizer igualitária.

sábado, agosto 08, 2009

Dos bons costumes


Percebo muito bem que as empresas tenham códigos de conduta, livros de estilo, regras. São características das respectivas culturas empresariais e, por princípio, ajudam ao negócio. Mas, sempre que oiço, leio, uma notícia sobre a proibição de se usar decotes ou mini saias ou calças de cintura baixa, cheira-me a bafio…
Primeiro, não acredito que alguém que trabalhe, por exemplo, num banco, ou num hospital, vá trabalhar vestido de modo indecente. As pessoas sabem, quanto mais não seja por mero bom senso, como se devem comportar. Nunca vi uma professora do liceu ir dar aulas de vestido transparente, os motoristas da Carris não conduzem de calções (até porque têm farda…), eu não faço reportagens de chinelos (excepto quando o ambiente o permite).
Por estranho que vos pareça, isto vem a (des)propósito de me ter lembrado do ministro que foi despedido por ter feito uns corninhos ao líder da bancada do PC… julgo que, na altura ninguém questionou a decisão de sacrificar o homem, porque se tratava de um gesto de má educação, indigno, etecetra e tal. Deixemo-nos de histórias… quer dizer, andamos a substituir a livre discussão de ideias políticas com base em conceitos moralistas piores que os do tempo da outra senhora… E logo ali, no Parlamento, onde os senhores passam a vida a se insultarem impunemente de alto a baixo.
Sinceramente, não sei o que passou na cabeça de Sócrates… o acto apenas revelou que o 1º ministro não se rege pelos conceitos de lealdade recíproca com os seus parceiros de governo. Deixa-os cair com uma frieza arrepiante, ao mínimo contratempo. Basta que o ministro em causa não seja um yes man. No final, Sócrates mostrou que comanda o governo como qualquer patrão, mais ou menos buçal, que não tem rebuço em despedir o empregado mais incómodo, mesmo que seja um bom profissional.

sexta-feira, agosto 07, 2009

Toda é capaz de ser demasiada


Enquanto o PS mantém o rumo em direcção a uma provável derrota eleitoral, o Bloco afadiga-se a arrebanhar a maior percentagem possível de descontentes, descrentes, desiludidos e oportunistas que se queiram mudar do Largo do Rato para a Avenida Almirante Reis. Nada contra, acho mesmo que o Bloco vai ter uma excelente votação e aumentar o seu grupo parlamentar.
Mas temo que o Bloco já comece a ter alguns dos tiques dos chamados partidos do poder. É que, no calor desta luta política, os dirigentes e opinion makers bloquistas andam a espalhar a ideia de que a única alternativa à esquerda reside neles, como se o PC ou o MRPP não fossem dignos de merecer uns votos, também. Falam eles (pela pena do Nuno Ramos de Almeida) da “necessidade de reconstruir um pólo alternativo de esquerda que possa fazer convergir toda a esquerda descontente das políticas neoliberais”. Convenhamos que pretender ter “toda a esquerda” é um bocadito egocêntrico e revelador de alguma intolerância. Não?

quinta-feira, agosto 06, 2009

Tabefes nada Molex

Diz o “Le Parisien”, simpático diário tablóide da capital francesa, que um administrador da multinacional americana Molex, que fabrica componentes automóveis, foi violentamente agredido por um grupo de trabalhadores em greve, na sequência de um conflito laboral que surgiu depois da empresa ter anunciado o encerramento para o próximo mês de Outubro.
O caldo entornou quando o administrador em questão foi alvejado com ovos podres e os seus guarda-costas tentaram reagir contra os atiradores de ovos. No final, dois guarda-costas foram parar ao hospital e o senhor engenheiro obteve um atestado de baixa médica de 7 dias.
Desde que foi anunciado o encerramento definitivo da fábrica que os trabalhadores entraram em greve. O problema é que a empresa continua a ter muitas encomendas e a administração tentou contratar pessoal eventual para assegurar a produção. Os grevistas, muito justamente, endureceram a luta e deu nisto.
O caso da Molex é a prova provada de que muitos empresários se estão nas tintas para a responsabilidade social e não têm o mínimo rebuço em fechar uma fábrica para a deslocalizar para um país onde seja permitido ter mão-de-obra quase escrava.

Desde 1789 que de França só nos chegam boas notícias...

Comprometido(s)

O prémio chama-se "Comprometidos Y Más", é oriundo da América Latina e foi atribuído ao "Escrita em Dia" pelas amigas do "Sustentabilidade É Acção". Aceito, claro, fico contente.

Para permitir que o prémio continue a viajar pela blogosfera, vou atribuí-lo a outros 15 blogues (oh! tarefa ingrata...):

quarta-feira, agosto 05, 2009

Bye bye


O “capitão Gancho” abandonou o barco, dizem que a troco de 6 milhões de euros e um lugar na administração da Ongoing, uma empresa de média que quer crescer muito nos próximos tempos.
Aparentemente sai sozinho, mas ninguém acredita que não acabe por levar um ou dois homens de mão. Mesmo contra o que dizem os jornais, acredito que a Manuela também não ficará muito mais tempo… tudo depende da rapidez com que os patrões se decidam a negociar justas indemnizações.
Rei morto, Rei posto. Mas quem será o novo Rei?

(o meu) Programa eleitoral

Na maioria dos casos, o patronato português julga que só pode haver empresas estáveis e produtivas com trabalhadores instáveis, amedrontados e permanentemente ameaçados pelo desemprego. Esse modelo de relação laboral funcionou relativamente bem no início do século passado até ao 25 de Abril de 1974, é o modelo que fez o crescimento dos nossos sectores tradicionais da actividade económica, o têxtil e o calçado, mas é um modelo completamente esgotado. Hoje, as t-shirts e os sapatinhos de design italiano são feitos na China ou na Índia porque, meus senhores, por mais baixinhos que sejam os salários que se paguem a operários portugueses, serão sempre salários muito mais altos que os que recebem os trabalhadores quase escravos desses países asiáticos.

Eu, que percebo pouco de economia e quase nada de finanças… ainda não entendi porque diabo deixámos de ter agricultores e pescadores… actividades que poderiam empregar muitos milhares de pessoas e onde podíamos jogar com vantagem, já que temos o grande lago do Alqueva para regar campos agrícolas e a maior Zona Económica Exclusiva onde quase só pescam barcos espanhóis e franceses. Chateia-me ver tanta água desperdiçada… Ainda hoje comprei no Continente um pargo mulato espanhol, cinco douradas de aquacultura espanholas, uma perca do Nilo (será egípcia?) e um polvo grego. Peixinho portuga só vi carapaus… mas não os achei com boa cara.
Vou a França e à Alemanha e só oiço falar bem da capacidade de trabalho dos operários portugueses que por lá labutam nas metalúrgicas e nas linhas de montagem. Se labutam lá, poderiam fazê-lo aqui… digo eu, não sei. Mas, aqui, só oiço falar na criação de call centers… que raio de coisa se produzirá num sítio desses?... Será isso um serviço exportável? Se calhar é… mas não impede que continuemos a importar 90% do que necessitamos para comer, para vestir, para viver.
Preocupa-me que em Portugal se claudique nas condições laborais. Os jornalistas do Público e os operários da Auto Europa aceitaram trabalhar por menos dinheiro, mas não acredito que esta crise se vença agravando as condições de trabalho das pessoas… e considero indecente que os capitalistas, que desde sempre acumularam riqueza à custa de quem trabalha, queiram agora que sejam os trabalhadores a pagar uma crise para a qual nada contribuíram.
É neste enquadramento que considero inaceitável que alguns opinion makers continuem a propalar a ideia de que a legislação laboral portuguesa é muito rígida, restritiva, impeditiva para o desenvolvimento dos negócios. É mentira. Quem já emigrou sabe bem que, por exemplo, em França é muito mais difícil despedir um funcionário do que em Portugal. É claro que esses opinion makers nunca foram despedidos à pala de um mirabolante processo colectivo de despedimento ou de uma alegada extinção do posto de trabalho..
Nas próximas eleições legislativas, votarei em quem me der garantias de ir tentar mudar este estado de coisas.

terça-feira, agosto 04, 2009

Marradas (da boa série "Reptilário")

Em 2001, para afastar da SIC Emídio Rangel, Balsemão utilizou um jovem homem de mão para o confronto. A coisa deu-se num célebre plenário de trabalhadores, o “velho leão” foi surpreendido pelo atrevimento do “jovem turco”. Acabaram por sair os dois da empresa, mas o jovem já regressou depois de ter feito carreira pela PT e pela RTP. Rangel é, hoje, uma espécie de proscrito, um dos nomes no infame índex do Dr.Balsemão, a quem ninguém quer dar a mão.

Agora, é o próprio Balsemão quem se confronta com um jovem que o desafia pelo controlo de um espaço vital para ambos: a Impresa, que é como quem diz, a SIC. O desafiante é, nada mais nada menos, que o filho do melhor amigo do sefardita, falecido há alguns meses. Nuno Vasconcellos (dois elles), tem um monte de dinheiro e muita ânsia nas veias e quer que o velho lhe venda o suficiente para ter de lhe passar o controlo do império. Se fossem bodes selvagens, andariam à marrada pelo direito a cobrir todas as cabras da manada. Como são capitalistas, a coisa mede-se em % de acções e votos no Conselho de Administração. Não que as cabras não andem por ali, de igual modo…

domingo, agosto 02, 2009

Liberdade


Ao ler jornais, escutar rádio e ver televisão fico com a impressão de que me estão a convencer de que, depois do falhanço da governação de Sócrates, não resta outra alternativa senão votar na Manuela Ferreira Leite.
Trata-se de uma campanha de absoluta desinformação e engano. Como não há alternativa? Claro que há, inúmeras alternativas. Aliás, já vejo o Bloco a esfregar as mãos de contentamento… mas vejo, também, claramente, outras alternativas de aplicação do meu voto. Vislumbro um “cavaleiro solitário” que se prepara para baixar o elmo e picar a montada, em defesa da honra da sua dama: a Liberdade.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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