A crónica do Miguel Sousa Tavares, no Expresso desta semana, fala da mixórdia informativa a que as televisões se têm dedicado, desde que desapareceu a menina inglesa na Praia da Luz, no Algarve.
Lê-se na crónica que a SIC é a campeã da mixórdia, com 212 notícias e 14 horas de cobertura, em vinte dias em que raras vezes houve uma verdadeira notícia para dar. A maior parte das vezes, os repórteres da SIC limitaram-se a dizer que nada se tinha passado, além de um passeio da mãe da criança pela praia com um peluche na mão ou de mais uma vigília na igreja lá do sítio.
Diz o MST que “uma não-notícia não é notícia em lado algum do mundo” e que o director de informação da SIC “sabe-o bem”. Ora, aqui é que o Miguel se engana…porque, na verdade, o homem já não sabe nada. Esqueceu o que lhe ensinaram, do mesmo modo como trocou amizades antigas pelos favores do patrão, mas isso é outra história.
Um dia, nos finais da década de 80, um repórter da RTP andava a cobrir a campanha eleitoral do MRPP. Foi até ao Porto, onde se realizava um dos comícios escolhidos para integrar essa cobertura noticiosa. Quando chegou ao Monte da Virgem, para montar a reportagem, sentou-se em frente à máquina de escrever e… nada lhe saiu. Não havia uma ideia naquela cabecinha para estruturar a reportagem. Era como se não tivesse acontecido nada. Um outro repórter, que também tinha ido de Lisboa mas para acompanhar a campanha do PC, viu o camarada enrascado e disponibilizou-se para o ajudar. Sentou-se ele em frente à máquina de escrever e disse ao outro para lhe resumir as imagens que tinha e lhe contar algo que lhe tivesse chamado mais a atenção. À medida que o enrascadinho ia balbuciando os acontecimentos, o outro ia escrevendo.
No final do dia, aquela reportagem do comício do MRPP foi a melhor do enrascadinho em toda a campanha.
Assim se fez uma carreira brilhante, não foi Sr. director de informação?
Lê-se na crónica que a SIC é a campeã da mixórdia, com 212 notícias e 14 horas de cobertura, em vinte dias em que raras vezes houve uma verdadeira notícia para dar. A maior parte das vezes, os repórteres da SIC limitaram-se a dizer que nada se tinha passado, além de um passeio da mãe da criança pela praia com um peluche na mão ou de mais uma vigília na igreja lá do sítio.
Diz o MST que “uma não-notícia não é notícia em lado algum do mundo” e que o director de informação da SIC “sabe-o bem”. Ora, aqui é que o Miguel se engana…porque, na verdade, o homem já não sabe nada. Esqueceu o que lhe ensinaram, do mesmo modo como trocou amizades antigas pelos favores do patrão, mas isso é outra história.
Um dia, nos finais da década de 80, um repórter da RTP andava a cobrir a campanha eleitoral do MRPP. Foi até ao Porto, onde se realizava um dos comícios escolhidos para integrar essa cobertura noticiosa. Quando chegou ao Monte da Virgem, para montar a reportagem, sentou-se em frente à máquina de escrever e… nada lhe saiu. Não havia uma ideia naquela cabecinha para estruturar a reportagem. Era como se não tivesse acontecido nada. Um outro repórter, que também tinha ido de Lisboa mas para acompanhar a campanha do PC, viu o camarada enrascado e disponibilizou-se para o ajudar. Sentou-se ele em frente à máquina de escrever e disse ao outro para lhe resumir as imagens que tinha e lhe contar algo que lhe tivesse chamado mais a atenção. À medida que o enrascadinho ia balbuciando os acontecimentos, o outro ia escrevendo.
No final do dia, aquela reportagem do comício do MRPP foi a melhor do enrascadinho em toda a campanha.
Assim se fez uma carreira brilhante, não foi Sr. director de informação?
11 comentários:
Hã?!
O quê?!
Se fosse só na SIC...
Infelizmente o Mundo está cheio de enrascadinhos...
Mas quando se troca conpetencia por fidelidade cega, dá nisto.
O que mais me choca nesta coisa da miuda Inglesa, óbviamente e para lá do rapto em si, é a insensibilidade e a completa ausencia de profissionalismo com que se encarou a noticia em si.
E depois dizem mal dos tabloides rascas.
E ainda querem ser levados a sério, quando a troco de uns poucos de euros e um carrito vendem alegremente a alma ao diabo.
Miseráveis que nem para serem pobres são competentes.
E é com estas e outras no estilo que o sonho que para alguns 6 de Outubro de 92 representou se esfuma.
É tão triste.
Abraços.
Um excelente ensaio sobre os cães de fila dos poderosos, numa sincronia perfeita, quando o dono rosna, o fila morde, abaixo do fila vem o sabujo que abana o rabo, longe destes anda o rafeiro, o proscrito a quem viram as costas, sabendo que é o único que anda certo, que não verga...
Pois é, esta é uma vida de "cães danados" que se filam por dá cá aquela palha, uns sem norte outros em desnorte, os poucos e cada vez mais raros rafeirecos, acossados, por todos os lados vão resistindo, mal ganhando para pagar as contas, contentes em soltar um uivo de quando em vez. Boa semana
Como metáfora serve, porque é sabido de largo e de monte que, nos tempos que correm, os melhores jornalistas(melhores, salvo seja, os que mais agradam às hierarquias...) são aqueles que tem mais lata capacidade(leia-se lata, também, como vasilhame) para esquecer cirurgicamente que o são. Os melhores rapazes nas redacções são os melhores jornalistas e os que chegam a directores também o não são. Mas isso são contas velhas de uma profissão a,eijada, cada vez mais aleijada... Mas, Ó Carlos Narciso, não é muito saudáel a exposição que faz das debilidades do senhor!!! Isso é aproveitar o veneno atirada para o nosso lado e lançá-lo de volta. Seja como for... eu, pelo menos, já nada entendo deste jornalismo. Vai apodrecendo por causa da degradação do país ou a degradação do país é uma consequência do apodrecimento do jornalismo. Isto vai-se confundindo. Mas há sinais que permitem reter melhor esta lógica. Por exemplo, o caso Charrua. Ante de Abril de 74, este senhor não corria o risco de lhe ter acontecido aquilo porque simplesmente teria mais cuidado, sabia as regras do jogo. Hoje, os riscos tendem a ser parecidos, que não iguais, mas com menos defesas para os imprudentes. É que se pensa em democracia e paga-se a libertinagem como antigamente!! E não, o PM não sabia daquilo. O seu único tendilho é achar que gentalha daquela(a Moreira e os seus bufos), podem ter alguma utilidade...
Nos dias que correm, as redacções estão cheias de estagiários e de jornalsitas sem espinha dorsal - deve ser por isso que se curvam!
Pois é. A ingratidão é imensa e há facadas de várias formas.
Mas MST não me parece ser a pessoa ideal para falar assim.
Olhe para cima Miguel, olhe para cima.
não me espanta absolutamente nada, muitas vezes os que fazem boas carreiras são precisamente os enrascadinhos para o trabalho. como não são bons no seu ofício, dedicam-se a outro tipo de expediente, a que o miguel esteves cardoso tão eloquentemente chama culambismo. o pior é que resulta!...
aproveito para agradecer a sua visita e o seu comentário.
Pirata, não consegui ir a lado nenhum...
Temos (infelicidade de quem atenta e vê mais um pouquinho mais à frente na estrada) outros casos de uma certa degeneração do nosso texto informativo. E o que talvez mais custe, ao tal que atente, é que quanto mais 'branca' é apresentada a cor, mais, na sua eficácia, temos o negro.
Um abraço, C.N..
é lamentável... o pão nosso de cada dia... e não seria melhor passar fome de vez em quando, em vez de comer estes paezinhos sem miolo?
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