Ninguém é culpado se o vento sopra com demasiada força, se cai chuva a mais, se a temperatura desce mais do que o habitual. Mas alguém há-de ser culpado por se construírem estruturas débeis e em locais inapropriados, por não se mandarem limpar valas e leitos de cheia, por não haver planos que antecipem soluções para os danos previsíveis em caso de catástrofe. A incompetência pode ser criminosa e está, de resto, plasmada legalmente. Chama-se negligência dolosa. E são estas questões que eu gostava de ver tratadas nas reportagens sobre o mau tempo de hoje e ontem. Mas não, os jornalistas, hoje, preferem virar-se para a vítima e perguntar banalidades tipo "mas quando se apercebeu, o que é que ouviu?"... Ficamos a saber que a estufa do senhor tal ficou danificada, que a vivenda da dona tal ficou alagada, que a velhota do fundo da rua apanhou um grande susto, que não há luz em Torres Vedras, que ali ficou uma estrada cortada… mas nada sabemos quanto à eficácia e à eficiência dos serviços públicos ou privados que nos devem proteger e ajudar a ultrapassar este tipo de dificuldades. É pena e é mau jornalismo, mesmo se as imagens reais são interessantes.
Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.
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quarta-feira, dezembro 23, 2009
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Acerca de mim
- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média
3 comentários:
..."Tudo" pés de microfone!!!
Nem sei o que dizer, Carlos... o seu texto, é tão veemente e verdadeiro, que até sustive a respiração...
O Mundo do engano e do malfazer... a nível geral, infelizmente.
E eu que estou aqui no centro da "tragédia" de Torres Vedras bem sei que o mais importante não é contar o número de ávores caídas, arbustos arrancados e estruturas de plástico (estufas) que voaram.
É preciso saber porque demora 5 dias a voltar a electricidade e porque é que ficamos sem telemóveis, internet e telefones...
E se houvesse terramoto e soterrados?
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