No Público da passada 6ªfeira, uma notícia dava conta de uma reunião mundial de responsáveis editoriais da imprensa escrita realizada em Madrid.
Li que esses senhores terão chegado à conclusão que os jornais continuam de boa saúde e a vender bem. Só se for lá nos países deles, digo eu. Hoje, segundo as estatísticas, os jornais portugueses estão a vender cada vez menos, perdem leitores todos os dias.
A notícia do Público limitava-se a dar eco das opiniões de alguns dos participantes dessa reunião. E acrescentava uma história confusa sobre um jornal polaco que conseguiu inventar um modo de interagir com a população da sua cidade e, agora, parece que o povo escreve notícias e publica fotos (a partir dos telemóveis) dos acontecimentos locais… (um pouco à semelhança do que se passa com os blogs… também eu, por exemplo, publico fotos aqui a partir do telemóvel, como as fotos de hoje, por exemplo).
Bom, há dias contei 11 leitores de jornais na carruagem do metropolitano onde ia. Eram onze. Todos a ler jornais gratuitos… nenhum com o Público, nenhum com o Diário de Notícias, o Correio da Manhã, o Avante, nem sequer nenhum com a Bola ou o Record, nem o Washington Post, o Pravda, o Corriere della Sera, a Folha de São Paulo ou o El País ou qualquer outro que custasse dinheiro. Estavam todos com o Destak e o Metro.
Bom, sempre iam a ler qualquer coisa, mas se isto não é crise da imprensa escrita convencional, então não sei o que significa crise.
Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.
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domingo, novembro 26, 2006
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Acerca de mim
- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média
10 comentários:
Um jornal custa menos que um maço de tabaco, custa menos que os cafés que se tomam ao longo do dia, custa apenas o esforço de escolher, não de receber algo gratuito que nos é passado para a mão. Este fenómeno passa, julgo, por uma inércia em seleccionar informação. Bem como por uma outra inércia ou fuga ao mundo que existe e é demasiado incómodo conhecer e questionar.
Sempre curti jornais, quase todos os dias compro um, se nao compro é porque nao ha tempo. As vezes tenho pena de nao ter tempo de ler tudo que me interessa, preciso de mais de uma hora! Mas quando so dou uma vista de olhos ao jornal comprado, reparo que nao ha muita diferença na vista de olhos ao Metro (UK)!
Tambem sou daqueles que, se puder, leio o jornal, gratuitamente no cafe!
No UK ha montes de pessoas a ler jornais, é impressionante, mas o Sun tambem so custa 20 pence (30 centimos) aos recheados bolsos britanicos. Ate o Times so custa 65 pence, o que é mais ou menos o custo do Publico, acho eu! Mais qualidade a bem melhor preço, relativamente aos lusos!
Por isso, a tatica sera baixar os preços e por umas gajas em topless na pagina 3! Se resulta com os ingleses...
É óbvio que a imprensa escrita convencional tem os dias contados. O acesso crescente à Internet vai-se traduzir numa igual redução de leitores da dita imprensa. E com os anunciados e-books (aparelhos de leitura de tamanho equivalente a um livro) a coisa vai disparar.
E porquê ler os diários? Eu sou leitor assíduo do Público e do DN, ocasional do Expresso e do JL, mas francamente estou cada vez mais desencantado com a pobreza franciscana a que o nosso jornalismo chegou. Boa semana.
Se tomarmos todos os dias um ou dois cafés, fumarmos os nossos cigarros e comprarmos o jornal, a despesa no final do mês é de facto considerável, isto porque o café é um roubo, o tabaco nem se fala e o jornal parece que é só para ricos lerem. Até ao fim de semana, que é quando temos mais tempo para ler o jornal, pagamos mais ainda pelo dito cujo, enfiando-nos no saco papeladas que já sabemos, à partida, que nem sequer vão ser lidas, ou por desinteresse ou por falta de tempo. Para quem ganha bem (acima da média do zé povinho) estas continhas são de facto insignificantes. No entanto, grande parte dos portugueses sente-se entalado por todos os lados, tendo de fazer escolhas. Cultura, muito bem, informaçao, melhor ainda... mas tentarem até aí nos roubarem, por favor! Eu cá opto pela internet... o dinheiro não dá para sustentar todos os pançudos do nosso país...
Mas nada se compara a pegar um jornal e ir folheando, voltando, lendo de trás pra frente (que é o q faço, a maior parte das vezes), zapear títulos visualmente, ir lá, voltar... Há algo de sensorial em ler um jornal, e cultural também. Lembro de que a primeira vez que fui à França, (sendo o francês minha melhor língua estrangeira) comprava avidamente jornais e os lia, ainda que muito daquilo passasse um pouco como grego pra mim, já que não conhecia o contexto dos fatos e mal tinha ouvido falar dos nomes mencionados em caixa alta. Era, porém, uma experiência existencial comprar aqueles maços de papel que diziam de outra cultura e, aos meus jovens olhos, inseriam-me nessa cultura, de uma forma que poucas outras experiências representavam.
Por outro lado, sempre tenho um certo desdém pelos jornais gratuitos. Aqui, neste sulbúrbio, pelo menos, nunca têm nada de muito interessante, é quase só publicidade e projeto visual e impressão de quinta categoria.
Há, porém, uma nota a fazer: no vidro traseiro de alguns ônibus/autocarros, vê-se um anúncio engraçado e significativo, de um jornal novo, custa 50 centavos de Real(20 cêntimos) e lê-se em meia-hora, o tempo de uma viagem não muito longa nesta cidade. É a promessa/atrativo maior da publicação.
Claro que é uma crise! Há que repensar a relação entre a informação e o público... A internet veio revolucionar tudo, nem sempre para melhor. E não há como impedir que as gentes fiquem a ler blogs e etc... e pouco tempo lhes sobre... o que nem é mau: quebra monopólios informativos. A porra é que 90% do que anda pela internet é lixo!
Precisamos de decisões inteligentes... mas para isso teríamos que passar a eleger para os Governos e etc... gente que não fosse estúpida!
Abraço.
Também gosto de ver as coisas pela positiva: sempre iam a ler qualquer coisa!
Estou a vêr mal ou o cavalheiro da primeira foto tem mesmo o jornal gratuito de pernas para o ar?
O problema é que antes de existirem os jornais gratuitos, viam-se apenas um ou dois leitores com jornais (esquecendo os desportivos, claro), agora com as "borlas", bem cedo, é quase "cada tiro cada melro"...
Pode fazer mal aos jornais generalistas, mas faz bem ao povo. Lê-se muito mais (embora tudo aquilo bem expremido, deite muito pouco sumo) nos transportes.
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