Tive uma avó que me avisou insistentemente que “nem tudo o que luz é ouro”.
Dizia-o com carinho sincero, preocupada com as ilusões que todos carregamos ao longo da vida.
Porque raio estou a falar da minha avó, quando quero é falar do jornal Sol? Porque, quando o Sol apareceu, tive esperança de ter encontrado um jornal novo, de jornalismo irreverente e bem escrito. Comecei a recear quando percebi que a maior parte da redacção ia ser composta por jovenzitos empolgados mas necessariamente ignorantes, baratos mas inevitavelmente trapalhões.
Ontem, li esta notícia no sítio do Sol:
Título: Jackpot do Euromilhões sobe para 180 milhões
Corpo da notícia: "Nenhum apostador adivinhou a chave completa do sorteio de sexta-feira do Euromilhões, pelo que, na próxima semana, está em jogo um jackpot de 180 milhões de euros.
De acordo com o Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, dois totalistas portugueses vão receber o segundo prémio (617.824,23 euros, cada) e três o terceiro prémio (72.549,72 euros)".
Moral da história: a gramática é dispensável e os totalistas já nem precisam de acertar em todos os números.
Vamos todos ter de comprar protector solar, está visto.
Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.
Hakuna mkate kwa freaks.
segunda-feira, novembro 13, 2006
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Acerca de mim
- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média
10 comentários:
Vim parar a este blog em busca da palavra "Lubango". Encontrei estas boas fotos da Tundavala. Nasci lá e tenciono, de vez em quando, postar alguma coisa sobre ele (e outros locais de Angola) relacionado. Já lá tenho um post a que talvez ache graça, "Malhas que o império tece" (demandadodragao.blogspot.com).
Pois é!
Protector solar é o que mais se necessita para muito papel e pouca uva, e não só para o Sol.
Essa de se ser "totalista" sem que o "Euromilhões" tenha acertado, completamente, na chave que jogaram até nem é do pior que se tem visto. Podemos aceitar que os jovens tenham ido mais atrás dos cifrões (foi muita massa, mesmo assim, olá se foi!!) que do rigor da escrita.
Este tipo de gralhas, nem é o pior, o pior é que quando um gajo anda emigrado, e dá uma vista de olhos pelos Times e pelos Independents, começa a ver que algumas notícias do Público e dos outros, chegam com 3 dias de atraso, incompletas, colunas opiniáticas demasiado curtas, às vezes influênciadas pela estranjeirada, e esses jornais, para mim, começam a parecer-se demasiado com o Notícias de Chaves!
E a falta de leitores e de dinheiro não desculpa tudo!
Eu não faria muito pior!
luis
Quando é habitual o recurso a "mão de obra" barata é o que dá! Actualmente os licenciados em Comunicação Social são recrutados para trabalhar por salários miseráveis, e sei do que falo, porque a minha esposa é Licenciada e Comunicação e, na área, a oferta em termos de salários é uma vergonha! Claro que o curriculo não importa, o que interessa é pagar o menos possível.
Enfim... sinais dos tempos!
Acho graça ter ficado à espera que o "Sol" fosse independente e irreverente.
Os importantes do jornal são os mesmos que faziam o Expresso e não o eram.
Protector solar precisa-se, sem dúvida.;)
Passo a publicidade, mas aproveito para dizer que No País Encantado das Notícias está de volta. :)
eu desconfiei pelo título: um jornal que nos quer iluminar??? assim, sem mais nem menos? nãã, era muita fruta...
Vale a pena ver isto:
Esta foi a resposta do “Correspondente para os assuntos do Médio Oriente» Aasif Mandvi, do Daily Show, à pergunta de Jon Stewart sobre a descrição que a Secretária de Estado Condoleezza Rice fez da horrível violência no Médio Oriente, chamando-lhe «dores de parto». Rice acrescentou também que cada crise traz consigo uma oportunidade.
Jon Stewart: Então não há ressentimentos pelas mudanças terem sido impingidas aí?
Aasif: Não, não, de forma nenhuma. Ao longo dos anos, habituámo-nos a pensar em nós como vocês pensam de nós: minúsculas gotas abstractas num possível campo petrolífero. Estamos sempre desejosos de experimentar as últimas teorias dos vossos cientistas políticos.
Jon Stewart: É uma forma incrível de enfrentar uma situação terrível.
Aasif: Penso que não é diferente da forma como a vossa nação reagiu aos acontecimentos do 11 de Setembro. Um dia difícil, uma grande oportunidade.
Vídeo – 4:18m
Não sei qual é que se parece mais com o Expresso: se o Sol ou o Expresso.
Sou Jornalista do "Sol" - um dos tais "jovenzitos empolgados" -, e reconheço que o nosso site deixa muito a desejar, em alguns aspectos. Mas o mesmo se pode dizer dos sites do Público, do DN ou da SIC, entre outros orgãos de prestígio. E isto porque, como o sr. Carlos Narciso certamente saberá, as redacções online são frequentemente o "parente pobre" das redacções. Quanto à política salarial do Sol, devo referir que o que escreve é completamente falso. Para lhe dar uma ideia, um estagiário do Sol recebe mais do dobro (!!) que os colegas do Diário Económico, do Público ou da SIC, por exemplo. Aliás, recebem mais do que muitos jornalistas de outros orgãos. Portanto, houve uma aposta na qualidade, sem olhar a economicismos. E creio que essa aposta tem dado os seus frutos. Goste-se ou não do Sol, e apesar de estar na moda dizer mal, o jornal tem vendido acima do previsto (80/90 mil exemplares por semana). O projecto tem pernas para andar. Habituem-se!
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