
Esta cabine telefónica é uma peça de José de Guimarães. A mensagem está nas calças penduradas no interior, ou melhor, está representada nas letras pintadas nas calças. Alô? Alô?... ninguém responde...

 Olhar para aquele mar de campas dava a ideia de que já todos teriam morrido…
Olhar para aquele mar de campas dava a ideia de que já todos teriam morrido…
 Agora, mantendo a tradição... desafio os seguintes cinco:
Agora, mantendo a tradição... desafio os seguintes cinco: Hoje sabemos o que ele quis dizer… a adaptação foi feita à custa de centenas de despedimentos e de “lançar às urtigas” boa parte da memória da redacção, prescindindo de profissionais qualificados e sempre empenhados no sucesso do canal.
Hoje sabemos o que ele quis dizer… a adaptação foi feita à custa de centenas de despedimentos e de “lançar às urtigas” boa parte da memória da redacção, prescindindo de profissionais qualificados e sempre empenhados no sucesso do canal. Aqui estão os seis cientistas, um por um…
Aqui estão os seis cientistas, um por um… 
 George Schaller
Tom Butinski, biólogo norte-americano, investigador patrocinado pelo Jardim Zoológico de Nova Iorque. É considerado um dos grandes peritos mundiais em primatas e pássaros. 
 Tom Butinski
Esteban Sarmiento nasceu na Argentina mas tem a nacionalidade norte-americana. Trabalha no Museu Americano de História Natural, em Nova Iorque. Vive rodeado de peles, caveiras e ossos de animais selvagens. Consegue reconhecer qualquer animal a partir do osso mais insignificante ou de um mero tufo de pêlos. Boa parte do sucesso da expedição poderia passar por ele, se os vestígios encontrados fossem suficientes para definir o animal que os deixou.  
 
Esteban Sarmiento
Jonas Eriksson era ainda um jovem estudante de mestrado no famoso Instituto Max Planck, em Leipzig, na Alemanha. Passará por ele o futuro das investigações que a expedição estava, então, apenas a iniciar. Jonas é sueco, mas cresceu no Congo e fala lingala, um dos idiomas nacionais deste país, pelo que consegue comunicar e interagir com grande facilidade com a população local.  
 
Jonas Eriksson
Christophe Boesch é suíço e um dos principais investigadores do maior instituto de investigação científica da Alemanha, o Instituto Max Planck, onde se estuda a evolução animal.  Christophe Boesch
Christophe Boesch 
Richard Wrangham é um biólogo inglês, especialista em comportamento de primatas, professor na célebre Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. 
Richard Wrangham
Estes cientistas caminharam muitas centenas de quilómetros, ao longo de mês e meio. Penetraram fundo na floresta tropical do Makulungo, tal como a baptizaram os Azande. Seguiram trilhos de animais selvagens, estudaram os vestígios que deixavam: pegadas, restos de comida, fezes, locais de pernoita. Vasculharam nas lixeiras das aldeias, para verem do que se alimentavam as populações humanas. Se o gorila existisse, algum sinal haveria de deixar.
 foto de Rogério Ferrari
 foto de Rogério Ferrari
Dois anos depois, a RTP enviou-me para Israel para fazer um documentário a propósito do 2ºaniversário da Intifada. Fui com o Carlos Aranha. Chegámos no início de Novembro. Nos primeiros dois dias não fizemos nada, isto é, tivemos que nos credenciar junto do Ministério da Informação, em Jerusalém. Tivemos de reunir com um tipo da Segurança do Estado, que tentou perceber se éramos simpatizantes da sua causa se da causa do inimigo e fomos obrigados a assinar um documento em que nos comprometíamos a deixar visionar todas as gravações efectuadas e em que tomávamos conhecimento da possibilidade das autoridades militares censurarem imagens e entrevistas que tivéssemos feito. Dissemos que sim a tudo, para evitar problemas antes do trabalho começar. Mas se a reportagem corresse como previsto, então… iria ser necessário esconder muita coisa…
 Eu e o Vítor Caldas ocupamos o último quarto vago, como já contei num texto anterior. Era no 12ºandar, tínhamos uma vista panorâmica da cidade… pena que o plástico que estava a substituir o vidro da janela fosse um pouco opaco. A janela do nosso quarto tinha sido “alargada” pela entrada de um obus, de modo que os serviços de manutenção do hotel tinham reconstruído a parede, com tijolo e cimento, e tinham feito um caixilho de madeira para a janela onde pregaram um enorme plástico grosso. Ao menos, o vento não entrava. Ficámos ali até meados de Setembro, a temperatura do ar foi sempre amena.
Eu e o Vítor Caldas ocupamos o último quarto vago, como já contei num texto anterior. Era no 12ºandar, tínhamos uma vista panorâmica da cidade… pena que o plástico que estava a substituir o vidro da janela fosse um pouco opaco. A janela do nosso quarto tinha sido “alargada” pela entrada de um obus, de modo que os serviços de manutenção do hotel tinham reconstruído a parede, com tijolo e cimento, e tinham feito um caixilho de madeira para a janela onde pregaram um enorme plástico grosso. Ao menos, o vento não entrava. Ficámos ali até meados de Setembro, a temperatura do ar foi sempre amena. As fotos que consegui não são famosas, mas o que me interessa aqui é prestar-lhe uma homenagem pela coragem e desapego que evidenciou quando nos ajudou, naqueles dias.
As fotos que consegui não são famosas, mas o que me interessa aqui é prestar-lhe uma homenagem pela coragem e desapego que evidenciou quando nos ajudou, naqueles dias. Mas o que mais me impressionou na Mauritânia foi a percepção do relacionamento social entre as diferentes classes e categorias de pessoas.
Mas o que mais me impressionou na Mauritânia foi a percepção do relacionamento social entre as diferentes classes e categorias de pessoas.
foto de Carlos Narciso
Historicamente, o Kosovo é o berço da nacionalidade sérvia… ao longo dos séculos, muitos sérvios, milhões deles, deram a vida por essa causa. Os Balcãs sempre foram campo de batalha… aquilo é uma espécie de fronteira entre o Oriente e o Ocidente. Entre o islamismo e o cristianismo.
Parece-me que boa parte da comunidade internacional está disposta a deixar o Kosovo ser livre. Será mais um estado islâmico dentro da Europa. Os americanos já lá têm a base de Camp Bondsteel… onde, segundo consta, funcionará uma das prisões secretas que servem a estratégia dos EUA no combate ao terrorismo.
Seja como for, o Kosovo pode ser uma porta para o Ocidente influenciar a outra parte do Mundo. Mas, por onde se sai, também se entra…

foto de Mário Martins
A polícia tinha medo de lá entrar. Nunca um carro patrulha se aventurou pela Pedreira dos Húngaros adentro. Só lá entravam em expedições punitivas, em grande número e armados de G-3. Pareciam cenas de guerra, as actuações policiais na Pedreira…
Por entre o emaranhado de barracas havia passagens secretas e dissimuladas. Túneis de fuga, caminhos labirínticos, paredes falsas, caves escondidas. Não era fácil apanhá-los. Também por isso, aquele rede foi lá posta, cercando o bairro e cortando os caminhos de fuga aos cercos policiais.
Na Pedreira dos Húngaros só moravam dois brancos. Dois padres holandeses que, um dia, na década de 60, tinham passado por Lisboa a caminho de uma das colónias portuguesas em África, onde pretendiam missionar. Salazar cortou-lhes o caminho, foram proibidos de embarcar. Acabaram por encontrar África aqui mesmo, entre Algés e Carnaxide. Um deles chamava-se Scheepens, do nome do outro já não me recordo… 

foto de Frederico Colarejo
Foi neste cenário que fiz uma das mais entusiasmantes reportagens da minha carreira. Imagino eu que os gorilas que Eduardo Lopes viu eram os gorilas da região do Maiombe, a floresta tropical de Cabinda. Ainda hoje existe por ali uma população de gorilas extremamente ameaçada pela caça dos humanos. Por causa da guerra em Cabinda, há muitas dezenas de anos que não se faz qualquer observação sobre o estado desses gorilas. A última vez que ouvi falar sobre eles foi em 2002, quando alguém levou de Cabinda para Luanda um gorila bebé, cuja mãe tinha sido morta por um caçador. Esse bebé acabou por morrer, também, ao fim de umas semanas, numa jaula no Clube Hípico, um restaurante de Benfica, nos arredores de Luanda…
Imagino eu que os gorilas que Eduardo Lopes viu eram os gorilas da região do Maiombe, a floresta tropical de Cabinda. Ainda hoje existe por ali uma população de gorilas extremamente ameaçada pela caça dos humanos. Por causa da guerra em Cabinda, há muitas dezenas de anos que não se faz qualquer observação sobre o estado desses gorilas. A última vez que ouvi falar sobre eles foi em 2002, quando alguém levou de Cabinda para Luanda um gorila bebé, cuja mãe tinha sido morta por um caçador. Esse bebé acabou por morrer, também, ao fim de umas semanas, numa jaula no Clube Hípico, um restaurante de Benfica, nos arredores de Luanda… Mas nunca se investigou a existência destes animais, malgrado alguns relatos mais ou menos credíveis, tanto de europeus como de habitantes locais, sobre a existência de grandes macacos a viver naquelas florestas. Grandes macacos a quem os nativos chamam “babi”, para os diferenciar dos chimpanzés normais a quem eles chamam “mokumbusso”.
Mas nunca se investigou a existência destes animais, malgrado alguns relatos mais ou menos credíveis, tanto de europeus como de habitantes locais, sobre a existência de grandes macacos a viver naquelas florestas. Grandes macacos a quem os nativos chamam “babi”, para os diferenciar dos chimpanzés normais a quem eles chamam “mokumbusso”. A repressão belga no Congo foi terrível, embora isso seja um facto que os belgas tentam esquecer… eles que foram para civilizar os nativos, acabaram por introduzir o trabalho escravo em massa e uma tristemente famosa punição para os que se revoltavam: a mutilação de mãos e pés. Este castigo desumano foi aplicado a milhares de negros escravizados, segundo relatos independentes da época. Outro costume dos brancos era, quando subiam os rios, ao passar por aldeias divertiam-se a fazer tiro ao alvo nos habitantes que estavam nas margens.
A repressão belga no Congo foi terrível, embora isso seja um facto que os belgas tentam esquecer… eles que foram para civilizar os nativos, acabaram por introduzir o trabalho escravo em massa e uma tristemente famosa punição para os que se revoltavam: a mutilação de mãos e pés. Este castigo desumano foi aplicado a milhares de negros escravizados, segundo relatos independentes da época. Outro costume dos brancos era, quando subiam os rios, ao passar por aldeias divertiam-se a fazer tiro ao alvo nos habitantes que estavam nas margens.
 Toda esta conversa, porque me lembrei de uma noite, em Bondo, na missão dos Combonianos…
Toda esta conversa, porque me lembrei de uma noite, em Bondo, na missão dos Combonianos… Claro que fomos lá diversas vezes, enquanto permanecemos na cidade. Era bom olhar para as miúdas. Mas era bom, também, caminhar por aquelas ruas cheias de história. Não era difícil abstrairmo-nos da guerra e sentir a alma daquele local especial.
Claro que fomos lá diversas vezes, enquanto permanecemos na cidade. Era bom olhar para as miúdas. Mas era bom, também, caminhar por aquelas ruas cheias de história. Não era difícil abstrairmo-nos da guerra e sentir a alma daquele local especial. Quando nos instalámos no acampamento, recebemos a visita do chefe tribal e do curandeiro. Os dois andaram mais de 20 quilómetros para nos cumprimentar. Mas, também, para benzer o terreno, afastar os maus espíritos e lançar o “wene ngua”, a boa magia, para que os esforços dos homens brancos fossem bem sucedidos. Um ritual que seguimos com todo o respeito, até porque mesmo não acreditando, nunca se sabe…
 Quando nos instalámos no acampamento, recebemos a visita do chefe tribal e do curandeiro. Os dois andaram mais de 20 quilómetros para nos cumprimentar. Mas, também, para benzer o terreno, afastar os maus espíritos e lançar o “wene ngua”, a boa magia, para que os esforços dos homens brancos fossem bem sucedidos. Um ritual que seguimos com todo o respeito, até porque mesmo não acreditando, nunca se sabe…  O chefe, Selassié, deu início à cerimónia, utilizou um ramo de uma determinada árvore, um balde com água e uma oração. Aspergiu o chão do acampamento, as tendas, as nossas coisas, com aquela água. Depois, foi o curandeiro, Boro Ngua, que utilizou uma vela e umas rezas. Bateu palmas e assobiou.
O chefe, Selassié, deu início à cerimónia, utilizou um ramo de uma determinada árvore, um balde com água e uma oração. Aspergiu o chão do acampamento, as tendas, as nossas coisas, com aquela água. Depois, foi o curandeiro, Boro Ngua, que utilizou uma vela e umas rezas. Bateu palmas e assobiou.  Foi um ritual curioso… enfim, quanto mais não fosse porque foi estranho ver cientistas meio encabulados, alguns até impressionados, com aquele ritual espírita. Paradoxal. Embora tivesse decorrido no sítio certo. Nós é que éramos corpos estranhos.
Foi um ritual curioso… enfim, quanto mais não fosse porque foi estranho ver cientistas meio encabulados, alguns até impressionados, com aquele ritual espírita. Paradoxal. Embora tivesse decorrido no sítio certo. Nós é que éramos corpos estranhos. A festa decorreu em Badai, uma aldeia que não vem no mapa. Está situada na antiga estrada colonial belga que ligava Kisangani, no leste do Congo, à cidade de Zémio, na República Centro Africana. A estrada já quase não existe e as condições de vida da população regrediram tanto que devem ser, hoje, comparáveis às condições de vida de há 100 anos.
 A festa decorreu em Badai, uma aldeia que não vem no mapa. Está situada na antiga estrada colonial belga que ligava Kisangani, no leste do Congo, à cidade de Zémio, na República Centro Africana. A estrada já quase não existe e as condições de vida da população regrediram tanto que devem ser, hoje, comparáveis às condições de vida de há 100 anos.  Lembro-me de ter imaginado o que pensaria hoje o explorador belga Le Marinel, que em 1890 andou por aquelas paragens e cuja expedição recolheu os primeiros crânios de um gorila que, hoje, não se encaixa em nenhuma classificação científica. O tal gorila, cuja existência estávamos nós a tentar comprovar…
Lembro-me de ter imaginado o que pensaria hoje o explorador belga Le Marinel, que em 1890 andou por aquelas paragens e cuja expedição recolheu os primeiros crânios de um gorila que, hoje, não se encaixa em nenhuma classificação científica. O tal gorila, cuja existência estávamos nós a tentar comprovar…
 Quando a notícia saiu, o Procurador Geral da república afirmou, primeiro, que a notícia era falsa. Depois, disse que era incorrecta, que apenas teria sido recolhida informação detalhada relativa aos telefonemas de Paulo Pedroso e de mais ninguém. Mais tarde, o Procurador Geral da República reconheceu estar enganado e que, realmente, havia informações detalhadas dos telefonemas de muitas outras pessoas…
Quando a notícia saiu, o Procurador Geral da república afirmou, primeiro, que a notícia era falsa. Depois, disse que era incorrecta, que apenas teria sido recolhida informação detalhada relativa aos telefonemas de Paulo Pedroso e de mais ninguém. Mais tarde, o Procurador Geral da República reconheceu estar enganado e que, realmente, havia informações detalhadas dos telefonemas de muitas outras pessoas…

A intifada com peluches... de Cristobal Reinoso, da Argentina.
Ariel Sharon prepara-se para comer a pomba da paz... de Wu Jian Jun, da China.
Há mais uns quantos, mas quem quiser poderá visitar o site do festival. O que interessa falar é da extraordinária eficácia do cartoon político, mordaz e satírico. Um cartoon bem esgalhado, vale mais que mil discursos. 
 Nestas regiões subdesenvolvidas, é muito próxima a convivência entre os humanos e esses animais. Os macacos adultos são comidos, as crias servem de brinquedo para as crianças até irem, também, parar à panela.
Nestas regiões subdesenvolvidas, é muito próxima a convivência entre os humanos e esses animais. Os macacos adultos são comidos, as crias servem de brinquedo para as crianças até irem, também, parar à panela. Alguém a baptizou Georgina… e assim ficou. Quando abandonámos Bili e fomos para o acampamento na floresta, Georgina foi connosco. Nunca a prendemos e nunca fugiu. Passava o dia a subir e a descer árvores, comia frutos silvestres e dormia como um bebé. Via-se que confiava em nós, que sabia que não lhe iríamos fazer mal. Por imitação, ganhou hábitos humanos. Ao entardecer, pegava na sua manta que estava sempre pendurada numa corda e encaminhava-se para a tenda de Karl Ammann, onde se habituou a dormir.
Alguém a baptizou Georgina… e assim ficou. Quando abandonámos Bili e fomos para o acampamento na floresta, Georgina foi connosco. Nunca a prendemos e nunca fugiu. Passava o dia a subir e a descer árvores, comia frutos silvestres e dormia como um bebé. Via-se que confiava em nós, que sabia que não lhe iríamos fazer mal. Por imitação, ganhou hábitos humanos. Ao entardecer, pegava na sua manta que estava sempre pendurada numa corda e encaminhava-se para a tenda de Karl Ammann, onde se habituou a dormir.  Foi assim, durante aquele mês e meio em que estivemos no mato. Depois, havia que decidir o que fazer com ela. Devolvê-la ao antigo dono, nem pensar. Agora que estava gordinha, daria um churrasco soberbo… deixá-la em liberdade era o mesmo que matá-la logo ali. Além de ser ainda um bebé, não sabia nada dos perigos da floresta. Na primeira noite seria comida por algum leopardo, leão ou hiena, predadores comuns e que constantemente rondavam o acampamento durante a noite. Ninguém a queria como animal de estimação…
Foi assim, durante aquele mês e meio em que estivemos no mato. Depois, havia que decidir o que fazer com ela. Devolvê-la ao antigo dono, nem pensar. Agora que estava gordinha, daria um churrasco soberbo… deixá-la em liberdade era o mesmo que matá-la logo ali. Além de ser ainda um bebé, não sabia nada dos perigos da floresta. Na primeira noite seria comida por algum leopardo, leão ou hiena, predadores comuns e que constantemente rondavam o acampamento durante a noite. Ninguém a queria como animal de estimação…  A solução foi dada por Karl Ammann que, através do telefone-satélite, entrou em contacto com organizações de protecção da vida animal e conseguiu um lugar para a Georgina num santuário dedicado aos grandes símios, numa ilha do Lago Vitória, no Uganda. Ali ela ficaria em liberdade e protegida de predadores, humanos inclusive. É lá onde vive, hoje, numa ilha chamada Ngamba.
A solução foi dada por Karl Ammann que, através do telefone-satélite, entrou em contacto com organizações de protecção da vida animal e conseguiu um lugar para a Georgina num santuário dedicado aos grandes símios, numa ilha do Lago Vitória, no Uganda. Ali ela ficaria em liberdade e protegida de predadores, humanos inclusive. É lá onde vive, hoje, numa ilha chamada Ngamba.
 Estrangeiros, por aqui, só mesmo os missionários ou aqueles que se esqueceram de partir, como é o caso do cidadão grego Nikolaos Fotopoulos, que vive agarrado a memórias de outros tempos…
Estrangeiros, por aqui, só mesmo os missionários ou aqueles que se esqueceram de partir, como é o caso do cidadão grego Nikolaos Fotopoulos, que vive agarrado a memórias de outros tempos… Da Grécia mata saudades através da telefonia, gosta de música pimba que lhe chega na onda-curta mas, apesar da nostalgia, não quer regressar. É a vergonha de ser pobre, de não ter sequer dinheiro para tentar a viagem.
Da Grécia mata saudades através da telefonia, gosta de música pimba que lhe chega na onda-curta mas, apesar da nostalgia, não quer regressar. É a vergonha de ser pobre, de não ter sequer dinheiro para tentar a viagem.  O grego Nikolaos vive numa casa que foi do português Figueiredo. Quando o português resolveu partir, cansado da independência, Nikolaos pediu ao governo que lhe concedesse a casa abandonada. E foi assim que ficou com uma oficina de reparação automóvel e com maquinaria para torrar café e descascar arroz. Mas nada funciona. A oficina não trabalha porque a guerra matou todos os automóveis. Em toda a região, quase tão grande como Portugal, existem apenas dez ou doze carros que ainda funcionam.
 O grego Nikolaos vive numa casa que foi do português Figueiredo. Quando o português resolveu partir, cansado da independência, Nikolaos pediu ao governo que lhe concedesse a casa abandonada. E foi assim que ficou com uma oficina de reparação automóvel e com maquinaria para torrar café e descascar arroz. Mas nada funciona. A oficina não trabalha porque a guerra matou todos os automóveis. Em toda a região, quase tão grande como Portugal, existem apenas dez ou doze carros que ainda funcionam.  Nikolaos tem um desses veículos, um camião, que já serviu para carregar café até Isiro ou Kisangani, cidades a mil quilómetros de distância.
Nikolaos tem um desses veículos, um camião, que já serviu para carregar café até Isiro ou Kisangani, cidades a mil quilómetros de distância.
 A acusação foi feita pela Whale and Dolphin Conservation Society que, num relatório, informa que o Japão duplicou as capturas de baleias nos últimos anos.
 A acusação foi feita pela Whale and Dolphin Conservation Society que, num relatório, informa que o Japão duplicou as capturas de baleias nos últimos anos. Esta prática predadora dos japoneses vem de longe. Quando andei pela Mauritânia, lembro-me de ter visto no banco de Arguin, um dos maiores pesqueiros mauritanos, dezenas de navios-fábrica japoneses (e alguns soviéticos, também) que devastavam os fundos do mar, sem qualquer tipo de controlo das autoridades nacionais.
Esta prática predadora dos japoneses vem de longe. Quando andei pela Mauritânia, lembro-me de ter visto no banco de Arguin, um dos maiores pesqueiros mauritanos, dezenas de navios-fábrica japoneses (e alguns soviéticos, também) que devastavam os fundos do mar, sem qualquer tipo de controlo das autoridades nacionais.
 O maior problema vai ser juntar o dinheiro. É que o diagnóstico foi feito e a prescrição foi passada, mas faltam dadores. E este tem sido, sistematicamente, o circulo vicioso da ajuda humanitária em África. De boas intenções estão os cemitérios africanos cheios. Quando não falham os projectos humanitários, são os dirigentes africanos corruptos a desviarem o auxílio que devia chegar ao povo. Enfim, alguns têm enriquecido à conta da miséria de muitos.
O maior problema vai ser juntar o dinheiro. É que o diagnóstico foi feito e a prescrição foi passada, mas faltam dadores. E este tem sido, sistematicamente, o circulo vicioso da ajuda humanitária em África. De boas intenções estão os cemitérios africanos cheios. Quando não falham os projectos humanitários, são os dirigentes africanos corruptos a desviarem o auxílio que devia chegar ao povo. Enfim, alguns têm enriquecido à conta da miséria de muitos.
 Noutros tempos, Bili foi um dos entrepostos comerciais do Alto Zaire. Toda esta região foi bastante povoada por europeus, principalmente portugueses, belgas e gregos que formavam uma comunidade de comerciantes que por ali permaneceu até à independência do Zaire, em 1960. Mas, depois, as condições de vida dos brancos só pioraram, até que foram quase todos embora…
Noutros tempos, Bili foi um dos entrepostos comerciais do Alto Zaire. Toda esta região foi bastante povoada por europeus, principalmente portugueses, belgas e gregos que formavam uma comunidade de comerciantes que por ali permaneceu até à independência do Zaire, em 1960. Mas, depois, as condições de vida dos brancos só pioraram, até que foram quase todos embora…  Não é fácil chegar a esta aldeia, no extremo Norte do Congo. As ligações por terra são tão difíceis que a verdade é que não existem. As estradas, todas de terra batida, nunca mais tiveram manutenção desde que a Bélgica deu a independência ao Zaire. Quase 50 anos depois, a floresta tomou conta do corredor por onde os carros passavam. Restam caminhos pedonais ou, quanto muito, para quem se desloque de bicicleta. E é preciso que não chova, porque na época das chuvas tudo se confunde com rios e ribeiros.
Não é fácil chegar a esta aldeia, no extremo Norte do Congo. As ligações por terra são tão difíceis que a verdade é que não existem. As estradas, todas de terra batida, nunca mais tiveram manutenção desde que a Bélgica deu a independência ao Zaire. Quase 50 anos depois, a floresta tomou conta do corredor por onde os carros passavam. Restam caminhos pedonais ou, quanto muito, para quem se desloque de bicicleta. E é preciso que não chova, porque na época das chuvas tudo se confunde com rios e ribeiros.  No tempo em que os brancos lá viviam, no mercado de Bili vendia-se café às toneladas e compravam-se bois vivos. Hoje, depois de anos e anos de guerra civil e depressão económica, as trocas comerciais resumem-se a uns grãos de feijão ou milho e a moeda mais corrente é o sal. O mercado mais importante da região só funciona ao domingo. Sem estradas, há cada vez menos pessoas a deslocarem-se ao mercado, até porque há cada vez menos coisas para comprar.
No tempo em que os brancos lá viviam, no mercado de Bili vendia-se café às toneladas e compravam-se bois vivos. Hoje, depois de anos e anos de guerra civil e depressão económica, as trocas comerciais resumem-se a uns grãos de feijão ou milho e a moeda mais corrente é o sal. O mercado mais importante da região só funciona ao domingo. Sem estradas, há cada vez menos pessoas a deslocarem-se ao mercado, até porque há cada vez menos coisas para comprar. 
 
