Bemba e o MLC, ainda hoje, controlam quase todo o Norte do Congo. Controlam a vida de perto de 8 milhões de seres humanos. É um regime bruto, de olhos postos na extracção das riquezas, pouco preocupado em minorar as dificuldades da população. Entre Bondo e Gbadolite, a capital da zona Leste do país e a cidade onde vive Bemba, os hospitais não têm medicamentos, as escolas não têm cadernos, os agricultores não têm sementes nem gado. É um país delapidado.
A paz, assinada recentemente, não alterou nada na vida das populações, embora a guerra esteja numa pausa. O tratado de paz foi, essencialmente, um acordo de divisão das riquezas do país.
Quando o avião de Bemba aterrou, terminou o suplício do padre Neres e das crianças da escola dos missionários de Bondo. É que foram eles os “escolhidos” para construir a pista, para que o Chefe Bemba pudesse aterrar ali com o seu avião. Durante semanas, a escola fechou. Oito horas por dia, os miúdos e Neres capinaram uma recta de mil e tal metros de comprimento por 30 de largura. Depois do mato derrubado e retirado, foi preciso alisar a terra, retirar pedras e raízes. Não podia acontecer nenhum acidente na aterragem daquele avião. Neres e as crianças respondiam com a própria vida por qualquer coisa que pudesse suceder a Bemba.
2 comentários:
Curioso...
Conheci o Padre Alfredo há mais de 20 anos, no Seminário em Santarém. Esperto e vivo como poucos. Deu-me uma catrefada de revistas «Audácia», publicação dos combonianos.
O tempo passa, bolas...
O tempo passa, o Mundo encolhe e a blogosfera aumenta. Acabamos todos por nos cruzar uns com os outros.
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