Conheci Alexandre Quintanilha em 1986. Fui ter com ele a Berkeley, uma cidadezinha nos arredores de São Francisco, no norte da Califórnia, onde Quintanilha vivia e trabalhava. Tinha uma casa giríssima de madeira, numa encosta arborizada. Trabalhava na Universidade, onde dava aulas de biologia, e num laboratório de investigação científica onde comandava um grupo de cientistas em pesquisas esquisitas para o comum dos mortais. Digo esquisitas porque, imagine-se, naquele tempo, Quintanilha estudava o modo de controlar a acção dos glóbulos brancos no combate às infecções no organismo humano. Queriam aqueles cientistas malucos manipular os glóbulos brancos, levá-los a fazer coisas, como se fossem carrinhos tele-comandados. Foi isto que mostrei no documentário que fiz por lá, para a RTP, integrado numa série intitulada genericamente “Gente de Sucesso”.
Desde essa ocasião que fiquei com uma enorme admiração pela personalidade deste tipo. Para além do brilhantismo académico e científico de Alexandre Quintanilha, ele revelou uma determinada teimosia que me enterneceu. É que este homem nasceu em Moçambique, estudou na África do Sul, doutorou-se em Paris e foi trabalhar para os EUA. Nunca, até então, tinha vindo a Portugal e sempre manteve a nacionalidade. Português “à força”, malgrado ser filho de um deportado político, um oposicionista degredado para o norte de Moçambique pelo regime de Salazar.
1 comentário:
para além da admiração pela inteligência, a frontalidade e a simplicidade deste homem o que mais admiro é a forma como assume publicamente o seu relacionamento de + de 25 anos com o Richard Zimler e fala abertamente da sua relação, da sua vida pessoal e profissional das coisas boas e das coisas más.
gostei de o descobrir pelo mundo dos blogs.
bjo
Enviar um comentário