Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sábado, fevereiro 11, 2006

Congo, 2001 - A Expedição, em busca do gorila perdido

O sonho de qualquer biólogo é descobrir uma nova espécie animal ou descobrir algo que se julgava extinto… às vezes, esse sonho realiza-se.
Outras vezes…
A primeira vez que se falou da existência de gorilas na África Central foi em 1898 quando uma expedição colonial, chefiada pelo oficial da coroa belga Le Marinel, trouxe três crânios de gorilas recolhidos algures perto de Bili, localidade no norte da República Democrática do Congo. Dois desses crânios pertenciam a animais que tinham sido caçados e cozinhados por indígenas, o terceiro foi encontrado vivo e morto a tiro por um dos soldados da expedição. Os crânios foram recolhidos no Museu da África Central em Tervuren, perto de Bruxelas, onde ainda estão. Foram classificados como uma nova subespécie de gorilas: o Gorila Uelensis, por referência ao Rio Uéle que passa perto de Bili.
Mas nunca se investigou a existência destes animais, malgrado alguns relatos mais ou menos credíveis, tanto de europeus como de habitantes locais, sobre a existência de grandes macacos a viver naquelas florestas. Grandes macacos a quem os nativos chamam “babi”, para os diferenciar dos chimpanzés normais a quem eles chamam “mokumbusso”. O grande isolamento desta região, bem no centro do continente africano, acabou por se transformar no principal atractivo desta terra, isto aos olhos dos cientistas modernos. Eles acreditam que esse isolamento terá possibilitado a sobrevivência de espécies animais desconhecidas que, de outro modo, teriam sido exterminadas pelos caçadores humanos. Foi com este pensamento que um grupo de biólogos passou mais de um mês embrenhado na floresta tropical, numa investigação destinada a resolver um dos mais antigos mistérios da biologia: o motivo porque as duas espécies conhecidas de gorilas vivem em lados opostos do continente africano, separadas por milhares de quilómetros, sem qualquer contacto ou ponte entre elas. Com base em ténues indícios históricos e dando algum crédito a depoimentos da população local e de quem por ali já passou, a Ciência aceita a possibilidade de haver, nestas florestas, uma população sobrevivente de gorilas, a tal ponte entre as duas espécies. Mas os cientistas têm uma pergunta ainda maior… o ponto zero de qualquer árvore da evolução animal, sempre ficou por descobrir. Assim, sendo verdade que o gorila é o parente mais próximo do homem nessa evolução, algum antepassado comum deve ter existido há muitos milhões de anos. A descoberta de uma população de gorilas isolada há milénios poderia dar algumas respostas nessa busca do antepassado comum…
Chegámos a Bili cheios de esperança. Eu e o João Duarte, com esperança em sair dali com uma boa história. Os cientistas sonhavam com a glória...

3 comentários:

Anónimo disse...

Desconhecia o blog, tenho que ser honesta, mas foi uma bela descoberta!! (na bolgosfera não há necessidade de elogios ocos).

CN disse...

bem vinda.

Raimundo Narciso disse...

Olá
Então que é feito? OBrigado pela visita.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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