Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Ter ou não ter consciência democrática

Quero já dizer que sou democrata. Não tenho preconceitos de espécie nenhuma ou, pelo menos, tento não ter…
Esta introdução cautelosa justifica-se porque quero questionar a ideia de que a democracia torna os países mais dóceis, mais dialogantes, menos propensos para actos de guerra. É isso que nos ensinam nas escolas, nos jornais e televisões, na propaganda política.
Quando dizemos que “não há povos maus, o que há é maus líderes”, queremos dizer o quê, em rigor? Que os líderes maus são sempre sustentados por minorias violentas? Poderá ser confortável acreditar nisso, para a boa consciência colectiva, mas penso que isso é mentira. Hittler venceu eleições e, em meia dúzia de anos, lançou o Mundo na guerra mais sangrenta. O Japão é uma democracia mas a China não confia no vizinho. O Afeganistão tem, agora, um governo eleito, mas as mulheres continuam a ser obrigadas a vestir burka. Os EUA são “a” democracia, mas invadiram um país sob falsos pretextos. A Índia é uma democracia, mas o Paquistão teme-a. O Presidente do Irão, eleito por voto secreto e universal, quer dotar o país com capacidade nuclear… São muitos, os exemplos de democracias perigosas… e as tentações hegemónicas são, nos dias de hoje, característica de democracias militarmente fortes.
E que dizer quando as democracias se aliam às ditaduras, porque são “aliados na luta contra o terrorismo”? A democracia não tem má consciência? Pois é pena… deviam substituir a cartilha de Maquiavel por uma outra, menos cínica e assassina. É que, a continuar assim, não me admiraria que muitos países pobres e sem futuro acabem a eleger, democraticamente, governos radicais e extremistas com projectos de violência.

2 comentários:

Politikus disse...

Democratas creio que somos a maioria, mas ter consciência disso, já é outra história em relação a muita gente....

Isabela Figueiredo disse...

Isso é tudo verdade. Temos muitos exemplos desses, mesmo entre as mais antigas da Europa.
As democracias fazem-se devagar. A nossa é recente. Por que não teria a democracia má consciência? Pelo menos que tenha alguma consciência.
Percebo tudo isso, mas já no outro dia dizia o mesmo a um comentador lá no meu lado: saídas? Gostava que me ajudassem a ver alguma!

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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