Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Kosovo

A independência do Kosovo começa hoje a ser discutida, em Viena de Áustria. Não encolham os ombros… a Europa já teve duas guerras por causa da partilha dos Balcãs e pode muito bem ter outra.
Neste momento, o estatuto do Kosovo é de protectorado internacional. Isto desde que a NATO invadiu o território para, alegadamente, evitar o genocídio perpetrado pelo exército da Sérvia. É assim, desde Junho de 1999.
Na Sérvia há dirigentes políticos convencidos a abdicar do território, a troco de muito dinheiro para apoiar o desenvolvimento da Sérvia. Mas outros recusam-no liminarmente. A verdade é que os kosovars já destruíram quase todos os símbolos da antiga soberania sérvia. As igrejas ortodoxas foram derrubadas a dinamite, as aldeias sérvias foram queimadas, muitos habitantes sérvios foram assassinados. Os que teimaram em lá ficar vivem em enclaves, em ghettos, guardados à vista pela tropa da NATO. Em certa medida, a limpeza etnica foi feita, mas foram os muçulmanos quem a fizeram...

foto de Carlos Narciso

Historicamente, o Kosovo é o berço da nacionalidade sérvia… ao longo dos séculos, muitos sérvios, milhões deles, deram a vida por essa causa. Os Balcãs sempre foram campo de batalha… aquilo é uma espécie de fronteira entre o Oriente e o Ocidente. Entre o islamismo e o cristianismo.
Parece-me que boa parte da comunidade internacional está disposta a deixar o Kosovo ser livre. Será mais um estado islâmico dentro da Europa. Os americanos já lá têm a base de Camp Bondsteel… onde, segundo consta, funcionará uma das prisões secretas que servem a estratégia dos EUA no combate ao terrorismo.
Seja como for, o Kosovo pode ser uma porta para o Ocidente influenciar a outra parte do Mundo. Mas, por onde se sai, também se entra…

1 comentário:

Diogo disse...

America used Islamists to arm the Bosnian Muslims

"The official Dutch inquiry into the 1995 Srebrenica massacre, released last week, contains one of the most sensational reports on western intelligence ever published. Officials have been staggered by its findings and the Dutch government has resigned.... Now we have the full story of the secret alliance between the Pentagon and radical Islamist groups from the Middle East designed to assist the Bosnian Muslims... in flagrant violation of the UN security council arms embargo against all combatants in the former Yugoslavia. The result was a vast secret conduit of weapons smuggling though Croatia.

This was arranged by the clandestine agencies of the US, Turkey and Iran, together with a range of radical Islamist groups, including Afghan mojahedin and the pro-Iranian Hizbullah....

Initially aircraft from Iran Air were used, but as the volume increased they were joined by a mysterious fleet of black C-130 Hercules aircraft. The report stresses that the US was 'very closely involved' in the airlift. Mojahedin fighters were also flown in... the Pentagon's own secret service was the hidden force behind these operations."

Guardian, 22 April 2002

De um amigo meu que esteve lá:

Quanto a este texto que envias sobre o relatório de Srebrenica na Bósnia, é muito interessante mas não é, de todo, uma novidade para mim.
O tal C-130 não era um fantasma. Existiu mesmo e aterrava, normalmente, no aeroporto de Tuzla, no norte da Bósnia. O facto era sobejamente conhecido (e reportado) no seio dos Observadores Militares das NU. Enquanto isso, tínhamos uma equipa de Observadores Militares em Frankfurt para “garantir que o embargo de armamento imposto pelas NU à ex-Jugoslávia era cumprido e que os aviões só descolavam com carga para ajuda humanitária”. Como se na Europa só existisse um aeroporto de onde fosse possível descolar um C-130 (avião com características STOL – short take off and landing – que descola de qualquer pista em cerca de 400 mts, isto sem foguetes propulsores)!?

Infelizmente, o mundo não soube nunca destas manobras de bastidores que, desde o princípio, influenciaram, decisivamente, o desenrolar da guerra, mesmo antes dela começar. E depois os Sérvios é que foram os “maus da fita”. Sempre sustentei que, apesar das atrocidades cometidas (que também conheço bem) não foram melhores nem piores que os outros. Usaram as armas que tinham para compensar aquelas que não recebiam dos “amigos”. Justifica os massacres? Não, mas quem é que na guerra procura justificações racionais para os factos?

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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