Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Congo, a paz

No Congo, a população luta pela sobrevivência, na maior crise humanitária desde a II Guerra Mundial. Isto mesmo vem escrito num relatório das Nações Unidas, citado pela Reuters, onde se anuncia um programa de auxílio, apoiado pela União Europeia, de cerca de 700.000.000 €… por extenso: setecentos milhões de euros.
Tanto dinheiro para tentar evitar que 1.200 pessoas continuem a morrer, diariamente, por falta de comida ou assistência médica, consequência de uma guerra que devastou o país entre 1997 e 2003. O maior problema vai ser juntar o dinheiro. É que o diagnóstico foi feito e a prescrição foi passada, mas faltam dadores. E este tem sido, sistematicamente, o circulo vicioso da ajuda humanitária em África. De boas intenções estão os cemitérios africanos cheios. Quando não falham os projectos humanitários, são os dirigentes africanos corruptos a desviarem o auxílio que devia chegar ao povo. Enfim, alguns têm enriquecido à conta da miséria de muitos.
Até agora, tem sido notório que a vida de um africano vale bastante menos que a vida de um cidadão bósnio ou de um habitante de Aceh, por exemplo. Se não acreditam, digo-vos que, em 2005, a situação vivida na República Democrática do Congo teve direito a escassos minutos de tempo de antena em qualquer televisão de qualquer país ocidental. Quanto ao tsunami, todos sabemos a atenção que mereceu o acontecimento.
A guerra congolesa matou 4 milhões de pessoas, destruiu a rede hospitalar, destruiu a rede escolar, destruiu as vias de comunicação do país. A guerra, criou hábitos endémicos de violência, numa sociedade que aprendeu que só o forte sobrevive. Tantos problemas, num país do tamanho da Europa Ocidental. E não se pense que não tivemos responsabilidade nessa guerra, porque tivemos. Algumas das motivações dos beligerantes estão relacionadas com a extracção e comercialização de matérias que o Ocidente consome: diamantes, ouro, cobalto, urânio, madeiras exóticas…

2 comentários:

Isabela Figueiredo disse...

A relação colonizador-colonizado, que existe igualmente na América Latina, deixou esta bela herança.
Tudo nos diz respeito, a todos. Convém enfatizar esse ponto, sempre. Por favor, continua a lembrar-nos isto, para que lembremos os outros, para que...

Anónimo disse...

É mais do mesmo.
No Congo, como em tantos outros países africanos.
A guerra, a corrupção, a ajuda monetária desviada para bancos da suissa como conhecimento de todos, a ajuda humanitária que só por si, pouco resolve e populações inteiras na maior das misérias.
É Africa, só importam mesmo os recursos.
Do tamanho da Europa, dizes? Impressionante.
Mas nem que fosse do tamanho do Luxemburgo.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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