Depois, é necessário descascar as nozes. Usam pedras. Uma grande e lisa, para servir de apoio e outra menor, como martelo.Só depois os frutos são colocados numa mó para serem esmagados. Tudo à força de braço... Depois de esmagado, tudo aquilo é fervido dentro de um bidão colocado sobre uma fogueira. Esta é a fase mais difícil de suportar, por causa do cheiro gordoroso, nauseabundo, que exala da fervura...
Dessa fervura escorre um óleo avermelhado que, juntamente com a água da fervura, é então separado dos resíduos sólidos. Depois, finalmente, basta tentar separar o óleo da água, aproveitando o facto de serem líquidos de densidades muito diferentes. Quanto menos água o óleo tiver, melhor.
É assim que se produz óleo de palma, um tempero culinário utilizado em muitos países africanos, tanto em pratos de peixe como de carne. Eu gosto.
8 comentários:
Adorei as imagens. Um óptimo trabalho.
Não fazia ideia que fosse assim tão fácil.
Ainda que mal te pergunte: podes explicar porque está tudo num buraco ao nível do chão? E como se tira dali aquilo tudo? Para onde vai? De onde vem (vejo um cano preto a escorrer para dentro do buraco)? Do tal bidon?
Há algo que me "impressiona" nisto tudo.
Será algo parecido (senão o próprio) com o 'azeite de dendê', de cheiro e sabor bastante fortes, tão usado na culinária baiana? Culinária essa que, evidentemente, é a mais marcada pelas influências africanas, no Brasil.
Fiquei confusa, pois há uma enorme variedade dessas árvores que produzem o que, em crianças, chamávamos 'coquinhos' e a palmeira (que o D. Joao IV trouxe pra cá e que ainda hj é uma das mais lindas decorações urbanas que o Rio exibe), por estas bandas, produz uns frutinhos que ninguém usa pra nada.
Phwo, olá. Sim, se reparares, o engenho está num plano inclinado, precisamente para facilitar o escoamento do óleo e da água do bidão para o recipiente onde os dois líquidos serão separados. O tubo é já uma modernice muito avançada. Imagina só, um tubo de PVC na floresta tropical do norte do Congo... o recipiente final tem de estar mais baixo que o bidão... e o bidão, está assente no chão em cima da fogueira... não pode estar no ar. Daquele buraco no chão, o óleo é separado da água, a copo. Raspam o copo pela superfície do líquido, de modo a tirarem a água toda. No fundo, está o óleo, mais denso. Embora a água tenha sempre uma boa quantidade de óleo e seja utilizada na mesma para cozinhar. Mas tem um valor comercial muito baixo e, portanto, não se vende, ao contrário do óleo que, dali, é exportado em cima de bicicletas para Bangassou, na república Centro Africana.
Beijos.
Não se vou continuar a utilizar o oleo de palma na cozinha.
Um abraço. Augusto
Para a Ida:
O óleo de palma é o mesmo que azeite de dendê. Este nome "dendê" ou "dendém" vem do quimbundo ndende.
Para o Carlos Narciso:
As nozes de casca dura que refere chamam-se "coconotes" e podem-se comer. Têm um sabor parecido com o das castanhas cruas.
Carlos, deixe-me acrescentar que os coconotes não servem só para fazer óleo, mas também servem para fazer uma bebida alcoólica que certamente bebeu diversas vezes durante as suas andanças por África. É o "vinho de palma", como lhe chamam alguns. Em Angola esta bebida é chamada "maluvo", "malavo", marufo", etc. A designação varia de região para região, de acordo com as diferentes línguas nacionais.
É uma bebida que se consome enquanto ainda está em pleno processo de fermentação. É, por isso, bastante adocicada no início do seu fabrico, tornando-se cada vez menos doce à medida que a fermentação avança. Quando a fermentação chega ao fim, a bebida fica amarga e não se consome mais. A bebida "trepa" bastante, "trepando" tanto mais quanto mais adiantada estiver a fermentação.
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