Renato kizito
Os miúdos têm roupa decente para vestir, têm educação escolar e religiosa, alguns ainda têm a sorte de aprender uma profissão às custas de patrocínios que Kizito procura obter incessantemente. A falta de dinheiro é a maior aflição do missionário. Dar de comer a dezenas de rapazes, vesti-los e calçá-los, manter o edifício de pé e com um mínimo de goteiras possível, custa uma fortuna.
Um dia, Kizito teve uma ideia brilhante. Engatou um amigo de infância, padeiro de profissão, a ir passar uns meses a Nairobi. Já reformado, tempo não faltava ao velho padeiro. Kizito teve o cuidado de o prevenir sobre as condições em Riruta, o bairro degradado onde vive. Mas o amigo foi.
O padeiro italiano ensinou os miúdos mais velhos a fazer pão. Belos cacetes de pão italiano que passaram a ser vendidos à porta do Centro, na rua enlameada. O negócio foi um sucesso. O problema, então, passou a ser como garantir os fornecimentos de farinha e fermento, de modo a não falhar na produção.
Agora, já sabem. Se forem a Nairobi e se vos apetecer pão quentinho e estaladiço, têm de ir a Riruta, um dos imensos bairros de lata de Nairobi. Os carros dificilmente entram nas ruelas do bairro, mas não há que enganar. Terão de caminhar e… seguir o cheiro a pão fresco. Garanto-vos que será uma experiência e tanto.
4 comentários:
Pena que os Kizitos deste mundo sejam poucos.
Caro CN
Uma história encantadora apesar das condições serem lastimáveis.
(procurarei o pão estaladiço quando for a Nairobi, o que não será tão cedo) :(
Boa noite para si
Fantástico, nem sempre o homem é lobo do homem. Ainda se encontram pessoas que dedicam alma e genialidade a pessoas em botão.
Tinha pensado sobre isto em um dia de pressa, em que passei só para refrescar, vai agora: a foto da criança sozinha, junto à construção com folhas de zinco, é uma das imagens mais bonitas que já vi. Gostava de separar suas fotos por temas, essa criança (assim como outras) certamente estaria na parte que poderia se chamar algo como 'altivez na desvalia' ou outra palavra que m escapa. Ela é tão pequena diante de tudo e se recorta de uma forma tão marcante. Mas talvez não seja só ela, sejam os olhos e as mãos por trás da câmera, sua precisão e o acaso que tudo orquestrou.
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