Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











segunda-feira, abril 27, 2009

O xarope

O que se passa entre a TVI e o Primeiro-Ministro só prova uma coisa: que aquele canal de televisão, neste momento, não depende do Governo. Tudo o mais que se tentar extrair da questão, é pura mistificação. Nem Sócrates deve estar manietado ou impossibilitado de recorrer aos tribunais, caso se sinta ofendido com o tratamento a que a TVI o tem sujeitado, nem Sócrates é mais ou menos culpado seja do que for só porque a TVI já o condenou, nem a TVI é mais independente do poder político do que quer fazer parecer, lá porque trata o Primeiro-Ministro da maneira como trata…
Gostava de saber, por exemplo, caso a renovação da licença de emissão da TVI não tivesse sido obtida em 2007, se as coisas se passariam da mesma maneira… mas sei que esta é uma questão sem resposta cabal. Uns dirão que sim, outros que não. Ficarei sempre na dúvida.
E porque duvido? Porque sei que o que se passa tem uma motivação política, embora não consiga dizer, sem medo de errar, quem é o político ou a força política que anda a alimentar esta novela. Não é só a coincidência do caso Freeport renascer em sucessivos anos eleitorais… é também a catadupa de informação habilmente ministrada de modo a esticar a coisa infinitamente, é a fina e suave mistura de indícios verosímeis mas falsos com actos comprovados que envenena mortalmente o xarope informativo…
O que se passa, agora, com Sócrates já se passou antes das eleições de 2005 com as “bocas” sobre a sua homossexualidade, e com outros matizes de má língua passou-se com Ferro Rodrigues, com Paulo Pedroso, com Armando Vara, com Sousa Tavares (pai), com Sá Carneiro… todos acusados de malfeitorias várias, nenhum condenado pelos tribunais. Ou os juizes deste país são todos uns merdosos ou os jornalistas têm uma forte tendência para se deixarem instrumentalizar. Fica à vossa consideração...
Na verdade, o caso que envolve Sócrates já foi investigado, instruído e julgado. O veredicto é “culpado”, sentenciou a TVI. Bem podem pedir celeridade à Justiça que já de nada vale. No dia em que o juiz decidir, a TVI até pode não fazer disso notícia…
Entretanto, o que se assiste é ao habitual espectáculo promovido por aqueles que se sustentam servindo interesses privados, camuflados, tantas vezes iníquos mas quase nunca questionados. Alguns deles até são bons jornalistas, mas todos sabemos o que são necessidades…

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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