
Eram três e estavam sentados no chão, virados uns para os outros. Os três eram daqueles meninos de ventre inchado e pernas fininhas. O mais velho teria 5 anos de idade, não mais que isso. Era ele quem segurava a bolacha. Os outros dois olhavam-no esbugalhados, suspensos em cada gesto das mãozinhas ossudas. Com a esquerda, partia a bolacha em pedacinhos muito pequeninos e, à vez, metia na boca dos parceiros e na sua própria, também, um pedacinho de bolacha. Gestos repetidos, meticulosamente. A bolacha durou uma rodada, outra rodada, ainda vi uma terceira. Era tudo muito lento, como se aquela bolacha tivesse de durar muito tempo. Não vi a bolacha chegar ao fim. Não fui capaz.

Políticas...
4 comentários:
Caro CN
Ao olhar estas fotos fiquei sem qualquer vontade de dizer o que quer que seja tal a atrocidade que é a desigualdade entre seres humanos.
Bom fim de semana para si
O post fez-me lembrar do seguinte:
O BICHO
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira, dezembro de 1947.
O q transcrevo é uma visão muito urbana do mesmo. Acho, porém, que a sua visão é muitíssimo mais pungente, e por muitas razões. Talvez a menor delas não seja porque de 50 anos para cá, o mundo decuplicou a produção de alimentos e há tantas organizações que dirigem esforços para o bem estar da infância. Pergunto-me, então, quem está errando e onde.
politicas de cooperação....onde......blá blá ...sempre.....
jocas maradas de dias melhores
O tal professor vem ao blogue?
Seria interessante.
Eu acho que os excedentes do ocidente fazem muita falta em África, porque há gente a morrer enquanto aqueles apodrecem em lixeiras.
A primeira foto é muito boa. Tens também de pensar em juntar as tuas melhores imagens.
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