Uma vez até tentei retratar um tipo…
Estivemos duas semanas imobilizados em Gbadolite. Esperávamos autorização de Jean Pierre Bemba para seguirmos para Bondo, onde queríamos fazer parte de uma reportagem sobre missionário portugueses em cenários de guerra (de que aqui já escrevi bastante).
Fomos alojados pelo MLC num bloco de apartamentos onde, segundo percebi, costumavam ficar os oficiais do grupo rebelde que iam a Gbadolite “a despacho”, receber as instruções do chefe. Não éramos os únicos clientes. Estavam lá, também, uma senhora, comerciante de pedras preciosas, dois russos ou ucranianos, tripulantes do avião de Bemba e um outro tipo que não percebi o que fazia na vida. Mas, de todos, nós éramos os únicos com direito a almoçar na mesa do Estado-Maior de Bemba. O próprio Bemba nunca apareceu mas, enfim, a comida era razoável.
Um dia, depois do almoço, vimos entrar um anão no edifício, para uma reunião com Kamitato, um dos secretários de Bemba.Via-se que era um tipo importante, pelo modo como os outros o tratavam. Pensei que seria por ser anão… que houvesse alguma crença local relacionada com esta insuficiência física, mas não. O anão era mesmo “homem grande”. Chamava-se Nzenanga Mobutu e era, tal como o nome denuncia, familiar próximo do antigo ditador zairense. Era o seu irmão mais novo.

2 comentários:
Mas quem pode saber se ficou longe da realidade e ninguém o conhece? Podemos dizer que o rascunho era mais introspectivo do que fotográfico.
Um abraço. Augusto
Quem dá o o que tem...
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