Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











quinta-feira, setembro 07, 2006

Nzenanga Mobutu

No início da década de 70 (do século passado...), tive um professor de Português, o Dr.Lufinha, que me fez a vida negra e que, olhando para o mísero estado dos meus livros, completamente rabiscados com desenhos, predisse que eu haveria de ser cartoonista. Como se sabe, enganou-se. Embora seja verdade que sinto uma certa veia para o rabisco…
Uma vez até tentei retratar um tipo…
Estivemos duas semanas imobilizados em Gbadolite. Esperávamos autorização de Jean Pierre Bemba para seguirmos para Bondo, onde queríamos fazer parte de uma reportagem sobre missionário portugueses em cenários de guerra (de que aqui já escrevi bastante).
Fomos alojados pelo MLC num bloco de apartamentos onde, segundo percebi, costumavam ficar os oficiais do grupo rebelde que iam a Gbadolite “a despacho”, receber as instruções do chefe. Não éramos os únicos clientes. Estavam lá, também, uma senhora, comerciante de pedras preciosas, dois russos ou ucranianos, tripulantes do avião de Bemba e um outro tipo que não percebi o que fazia na vida. Mas, de todos, nós éramos os únicos com direito a almoçar na mesa do Estado-Maior de Bemba. O próprio Bemba nunca apareceu mas, enfim, a comida era razoável.
Um dia, depois do almoço, vimos entrar um anão no edifício, para uma reunião com Kamitato, um dos secretários de Bemba.Via-se que era um tipo importante, pelo modo como os outros o tratavam. Pensei que seria por ser anão… que houvesse alguma crença local relacionada com esta insuficiência física, mas não. O anão era mesmo “homem grande”. Chamava-se Nzenanga Mobutu e era, tal como o nome denuncia, familiar próximo do antigo ditador zairense. Era o seu irmão mais novo.Deixo-vos com o retrato possível do pequeno senhor. Não tinha a máquina fotográfica comigo e pensando que não teria outra oportunidade, rabisquei em segundos a expressão de Nzenanga. Hoje, olhando para o rabisco, acho que ficou longe da realidade…

2 comentários:

augustoM disse...

Mas quem pode saber se ficou longe da realidade e ninguém o conhece? Podemos dizer que o rascunho era mais introspectivo do que fotográfico.
Um abraço. Augusto

Isabela Figueiredo disse...

Quem dá o o que tem...

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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