Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











quarta-feira, dezembro 20, 2006

A banalização dos genocídios

Acabo de ler uma notícia sobre o Darfur, onde prossegue impune o genocídio das tribos negras. Agora, já não são só as aldeias a serem atacadas, mas também os campos de refugiados, mesmo os que estão fora das fronteiras sudanesas. A guerra já passou para o Chade.

Andamos há mais de 30 anos a dizer que o governo árabe sudanês pratica crimes contra o seu próprio povo e nunca nada se fez para por termo a essa situação. Viajei duas vezes para o Sudão, em 99 e 2000, para contar precisamente essa história e, já então, não era grande novidade…
Não percebo o que impede a ONU, os EUA ou mesmo a União Europeia de porem cobro ao genocídio desses povos. Que altos interesses se levantam que conseguem branquear esses crimes? Ou será que estamos perante a evidência da crueldade intrínseca da espécie humana?
Quantos genocídios se sucederam já e que deveríamos reter na memória colectiva? O dos judeus, na II Guerra Mundial (apesar dos negacionistas que recentemente se reuniram em Teerão), o dos índios norte-americanos (branqueado por Hollywood como um empreendimento civilizacional), o dos índios sul-americanos (que os nossos compêndios de História omitem), o dos negros africanos (escravizados e chacinados desde o século XV), o dos arménios (chacinados pelos turcos), o dos campos da morte do Cambodja (no regime de Pol Pot), o dos Tutsis no Ruanda, os gulags de Stalin, Sarajevo… sei lá quantos mais. São tantos, que já nem ligamos.

5 comentários:

apre disse...

Pois... A ONU limita-se a aprovar resoluções a condenar veementemente, mas pouco faz, na prática, para resolver alguma coisa. Os EUA não devem ter interesse nisso (não há petróleo para aquelas bandas?). E por que haveriam de intervir? Para serem, mais uma vez, acusados de se armarem em polícias do mundo? Afinal, queremos que o sejam, ou não? São presos por terem cão e por não terem... A União Europeia alguma vez pôs cobro a alguma coisa?
Infelizmente, acho que é isso mesmo: são tantos que já nem ligamos. Tornámo-nos insensíveis. Esses genocídios acontecem demasiado longe para nos ralarmos, e as imagens que nos chegam não parecem mais reais do que qualquer película de Hollywood.

Paulo A. Videira da Costa disse...

Estou em http://folhasderelva.blogspot.com/
e claro, sou preto! Preto... até nos dentes!

Isabel Victor disse...

Mas em África é pior!(cito pirata-vermelho)

Pois ...é verdade, mas no que respeita à África da Lusofonia, porque pelo menos essa África veste-se com as mesmas palavras e é parte da História comum,o que é que nós, todos e cada um, temos feito para mudar essa realidade ? Reforçando o que nos une, partilhando, o que nos enobrece ?! Hoje, se calhar, estou um pouco, pessimista ... mas acho que, a cobro de muitos interesses obscuros de cá e de lá, não se têm aproveitado positivaente, a favor do desenvolvimento e do mais, elementar bem-estar, as pontes da cultura, da língua e dos afectos (mesmo os traumáticos, não são indiferentes ! Isso é que é importante!) Conheci recentemente dois jovens, recém licenciados, desempregados em Portugal, que se ofereceram como voluntários para trabalhar numa ONG em Moçambique. Vieram-nos contar a experiência e impressionaram-nos com o que deram, aprenderam e retribuiram !Voltaram, lá continuam ... Em Portugal eram só mais uns doutores encalhados ...

Há tanto para fazer ... mesmo à nossa porta !

Sei que estes países, os PALOPS, não estão no rol dos citados e horrendos genocídios, mas também por lá há muito sofrimento ..., dolorosamente carpido em português *

Como é que e pode ter um NATAL em sossego ? Enfim ...

Klatuu o embuçado disse...

Feliz Natal e tudo de bom, para si e para os seus.

trugia disse...

As vezes nesta coisa da blogosfera apanho grandes barretes e desilusoes. Noites perdidas a navegar e não encontro nada de interessante. Quando acedi ao seu blog (do qual não tinha conhecimento) fiquei muito contente, a minha primeira prenda de natal, Peço desculpa mas não tenho tempo para comentar o seu ultimo post, poi tenho os outros todos para ler.Obrigado por existir. Abraço

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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