
O meu avô materno, que morreu diabético e saudoso das aventuras vividas na América, por onde andou a ajudar a construir caminhos-de-ferro no Massachusetts e a limpar vidraças exteriores nos arranha-céus de Nova Iorque, tinha pássaros soltos em casa. Piriquitos de gaiola aberta, que esvoaçavam dos cortinados para o pescoço dele e lhe debicavam carinhosamente as orelhas.
Quando o velhote morreu, os piriquitos fugiram. Preferiram morrer de fome a sofrer de saudades.
De repente, pensei que se a avezinha da Isabela fosse um dos piriquitos do meu avô, o mundo seria, realmente, perfeito.
7 comentários:
Assim que quiseres, eu ofereço-te um casal de periquitos.
Podes ficar à vontade.
que bonito... eu sou um pàassaro desses!!!!
É curioso ... também li, há dias, este texto da Isabela (Marcadores: felicidade, liberdade, pureza) e fiquei com vontade de o "desviar", como quem desvia as águas para outras regas, para a seu quintal. Gostei imenso ...
Não partilho do quadro idílico da passarada à solta, porque tenho uma certa alergia ás penas, mas gostei imenso da imagem de LIBERDADE que a Isabela criou e que tu (sr. CN , como diz a Isa)recriaste. Beleza ...
Era, de certeza, um dos pássaros do teu avô!
Por causa da visita da Isabel Victor cheguei até este blog surpreendida por reconhecer um dos nossos bons jornalistas, ou se calhar, um dos únicos que eu consigo identificar,e por isso chamo de bom, não me leve tão a sério no meu elogio...!Li este post atraída pela colagem da ave-eu faço colagens!Também eu gosto de periquitos, tenho-os desde há 25 anos e ainda há um par de semanas comprei um novo, pois morreu o que tinha, deixando a periquita viúva num piadoiro saudoso!,que só terminou quando chegou este, que ela recebeu de braços, perdão, de asas abertas!São aves cheias de personalidade.Eu não as solto, nem as treino.Gosto apenas de as observar tentando intrometer-me o mínimo.Consigo imaginar o seu avô rodeado deles!Tenho a certeza de que eram uma boa companhia!:-)
eu não gosto de pássaros,,,,,mas gosto de voar...........
jocas maradas
Ai, Carlos, devolves-me (acho q a sincronia existe) um trecho que li ainda ontem, no comboio, do Richard Zimler, em À procura de Sana: "Agitava as mãos no ar como que para apanhar algum pássaro minúsculo que atravessasse a sala. Depois cerrava os punhos, que começavam a vibrar com as pequenas vidas imaginárias a bater dentro deles. Espreitava para as criaturinhas aladas através das fendas dos dedos, abria as mãos com as palmas para cima - como um mágico revelando um tesouro ao público - e liberava-as." A personagem é ainda alguém misterioso, objeto de especulação e deliciosamente volátil como uma encantadora de pássaros invisíveis.
Cada um tem os pássaros que pode ou merece. Sorte tinha o teu avô.
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