Não sei quem vai ganhar o referendo. Mas se as pessoas votassem para responder, apenas, à questão que se coloca, o SIM teria, certamente, uma vitória esmagadora. É que a questão prende-se com a despenalização do aborto, ou seja, não se coloca nenhuma questão moral, não se questiona qualquer dogma religioso, apenas se pretende saber se o aborto deve continuar a ser penalizado com uma pena de prisão ou se não. Se o aborto é pecado? Não é essa a pergunta. Se não gostamos de crianças? Não é essa a pergunta. Se iremos abortar alguma vez? Não é essa a pergunta. Se quem aborta é de esquerda? Não é essa a pergunta. Se queremos continuar a mandar mulheres para a prisão por terem feito um aborto? Essa é a questão a que temos de responder, em consciência.
Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.
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Acerca de mim
- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média
6 comentários:
Outra coisa que a pergunta é, é se cabe só à mulher fazer uma opção sobre um feto que não é só dela; se a reprodução não é mais que "um assunto de mulheres" (ideia machista ou pré-feminista); se, em suma, o sexismo é aceitável no Portugal do século XXI ou não. Responda como quiser, mas em plena consciência das implicações da pergunta.
É isso mesmo.
Primeiro que tudo, um cumprimento pelo magnífico blog que tem. Sou um leitor assíduo do mesmo embora nunca tenha participado como comentador.
Desta vez senti necessidade de o fazer. Devo dizer que o aborto(com as várias envolventes que tem ao nível de direitos, de desejos, de obrigações e de ética) é uma questão longe de ser consensual no meu interior. Para qualquer lado que esta questão penda em mim, há sempre outra parte que ficará insatisfeita.
Mas, de facto, a questão que se coloca não é a que CN expõe no seu post. Sendo essa, a minha resposta seria tremendamente mais simples. Mas a pergunta é se o aborto pode ser consentido como opção da mulher que gera o feto. E aqui a questão torna-se bem mais complexa. Não é hoje que irei debater isto aqui porque penso que nesta altura as posições estão certamente mais extremadas....mas após este referendo poderiamos debatê-lo sem a responsabilidade de sermos parte da decisão. Apenas com a sensibilidade de quem pensa que estas matérias serão sempre a decisão de "um mal menor", logo nunca serão verdades absolutas.
Um abraço e continuação de belíssimos posts.
P.S.- Fiz questão de tentar ser o menos adjectivo possível de molde a que discutamos apenas o essencial sem tentarmos retirar 2ªs intenções ou ideias subjacentes ao que digo. Para manter o debate num patamar de civilidade que mtas vezes não se observou na campanha....culpa do extremar de posições e de alguns energúmenos que pululam neste país e se julgam arautos da verdade. E encontramo-los nos dois lados...não haja dúvida sobre isto.
Aquela pilula que inventamos para dar mais liberdade sexual "às gentes" começaram por ser elas ( as mulheres a tomar, mas com o decorrer do tempo ( vamos já na 2ª. geração?) "pilulamos" também os nossos cérebros. Esta confusão que vai nas nossas cabeças, será já o pagamento da factura de termos iniciado a interferência no processo criativo? Avizinham-se ainda mais cruéis e frias teses?
Kimangola
Pois SIM !
pois... a pergunta é tão obtusa que dá origem a que todas as outras perguntas paralelas a ela venham confluir... é que as perguntas até aparecem certas, mas por linhas tortas...
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