Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











terça-feira, fevereiro 10, 2009

Uma Grande Incógnita

O projecto da Telecinco foi apresentado já lá vão 15 dias. Neste espaço de tempo, surgiram publicamente algumas reacções, mas quase todas de gente anónima. Em privado, acredito que muitos figurões da nossa praça mediática fizeram chegar mensagens de apoio e felicitações aos mentores do projecto. Porventura, poucos acreditarão que a Telecinco consiga vencer a Zon, mas à cautela lá vão dando palmadinhas nas costas ao homem…
Uma das primeiras iniciativas da Telecinco foi a abertura do seu sítio electrónico e de um blog, onde se coleccionam textos publicados nos vários órgãos de comunicação social sobre a candidatura da Telecinco à concessão do 5ºcanal de televisão generalista e as reacções que esse atrevimento suscitou. No blog, abriu-se um espaço de discussão pública sobre o mesmo tema e já lá foram colocados alguns textos interessantes como, por exemplo, as dificuldades no acesso à profissão, a precariedade no trabalho, o excesso de telenovelas nas grelhas de programas das televisões generalistas, a necessidade de se mudar o ambiente jornalístico em Portugal, etc. A maioria dos temas suscitou reacções e comentários dos visitantes do sítio e do blog e é interessante assistir a este fórum. Mas não há contributos de gente conhecida, daquelas caras que costumam aparecer nas revistas ou nas colunas de opinião dos jornais, exceptuando o escritor Francisco José Viegas que, no seu blog, já disse o que pensava sobre isto.
Folheio diariamente os jornais e não vejo uma única opinião publicada sobre esta questão da concessão do novo canal de televisão. Não há, de facto, uma discussão sobre o assunto, o que me leva a pensar que a guerra se trava muito mais nos bastidores da política do que na praça pública. Mais convicto disto fico quando o patrão da Impresa faz saber que prefere que o novo canal seja concessionado à Zon e não à Telecinco, logo depois do presidente da Omnicom Media Portugal ter vindo dizer que uma eventual vitória da Telecinco no concurso iria provocar uma espécie de tsunami no sector. Não há pressão mais descarada que esta.
Quem vai escolher entre os dois candidatos é a ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social, organismo estatal que tutela o sector. Nos próximos dias, segundo o regulamento do concurso público, saberemos se os dois projectos são definitivamente aceites a concurso e, lá para Abril, a ERC terá de divulgar o nome do projecto vencedor. Os critérios de escolha são bastante técnicos e pouco subjectivos. Se o que está estipulado legalmente for cumprido, como deveria ser sempre, é certo que o projecto Telecinco sairá vencedor. Mas sabemos bem que este é o projecto mais detestado pelas outras empresas do sector. Já se viu que SIC, TVI e mesmo a RTP gostarão pouco de ter um concorrente empenhado a disputar-lhes quota de mercado publicitário. Sabemos bem como os grupos de pressão operam verdadeiros milagres e, só por isso, o resultado deste concurso público ainda é uma grande incógnita.

2 comentários:

Isabela Figueiredo disse...

É isto que a Telecinco tem a temer:
"a guerra se trava muito mais nos bastidores da política". Nisto como em tudo, nem sempre ganham os melhores, mas os que sabem jogar por debaixo da mesa. E eu odeio tudo isso, claro.

andrea disse...

Ah pois é, mas quem se aventura numa coisa desta envergadura sabe bem ao que vai e o que está em jogo,
Até aposto que na manson do golfe vai um reboliço que só visto.
Forte abraço.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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