Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











quinta-feira, outubro 26, 2006

Vem no site da Al Jazeera

...portanto, deve ser verdade. A Somália prepara-se para entrar em guerra contra a Etiópia. Mais uma guerra africana que não vamos ver na pantalha que todos temos em casa.
Já há muito que somalis, etíopes e aparentados se matam metódica e encarniçadamente. Há muitos anos que assim é e, parece, assim vai continuar a ser…
A Al Jazeera diz que o recrutamento somali está a ser um sucesso, com milhares de indivíduos a oferecerem-se para carne para canhão.


Em boa verdade, acho que esta guerra vai servir para clarificar a situação. Isto é, há dezenas de anos, desde que o ditador Hailé Selassié foi deposto, que a Somália vive em guerra fratricida. Nem os americanos conseguiram acabar com aquilo, embora tenham testado uma data de armas e engenhos de guerra novos, como já aqui contei.
O descalabro social deu origem ao surgimento da chamada União dos Tribunais Islâmicos, uma espécie de federação de grupos radicais que, sob o diáfano manto da religião, estão a tentar reunir o povo dividido em clãs e tribos. É claro que será uma união feita à lei da bala… mas não perece haver outro meio.
A comunidade internacional tentou reunir condições para a formação de um governo de união nacional, mas a coisa não funcionou. Os tais Tribunais Islâmicos entraram em cena e estão a dar cabo da milícia que apoia esse dito governo de união nacional. É aqui que entra a Etiópia, que alguém convenceu (adivinhem quem…) a apoiar militarmente o governo somali (que, do ponto de vista ocidental, são os "bons" deste filme)… os Tribunais Islâmicos (que farão o papel dos "maus"), que já se consideram o poder instituído (conquistaram Mogadíscio, a capital), afirmam que o país está a ser invadido por estrangeiros. A guerra vai então começar… mas, agora, sem o encanto de tropas mandatadas pela ONU, sem brancos à mistura, vai ser mais uma daquelas guerras invisíveis de que ninguém quer saber.

12 comentários:

Barão da Tróia II disse...

A dinâmica da economia de guerra, à que abrir novos mercados para absorver as toneladas de equipamentos obsoletos, mas vendidos a peso de ouro, que por aí abundam.

ELCAlmeida disse...

Pois... mais uma!!! que África ainda não está farta de guerras.
Quem ficará com o domínio do Corno de África e da navegabilidade daquela região.
Porque por certo com o surdo conflito que a Etiópia vem mantendo com a Eritreia o assunto acabará por junatr também este país e, vamos lá a ver se não irá, também - quase certo - o Djibuti e, com este, a França... e atrás dela, ou por causa dela, a NATO.
Pois é!!! mais uma guerrinha em África...
Cumprimentos
Eugénio Almeida

Ricardo disse...

As guerras em África nunca são sem "brancos". Há sempre alguns, porque, sendo esta uma razão menor, acaba por ser exemplar: Os africanos não fabricam armas, nem, que se saiba, têm montadas as redes de distribuição das mesmas.E depois não querer saber de uma guerra como esta, que se adivinha, não porque a bola de cristal está devidamente polida, mas porque é apenas a continuação da guerra que dura à décadas, mais atalho menos caminho. Pior, as guerras em algumas latitudes africanas são o mc donalds ocidental ou, se preferirem uma coisa mais de ter em casa, são o nosso Colombo(Belmiro, entenda-se). Agora o Carlos Narciso engana-se num pequeno pormenor. O mundo vai estar atento a esta guerra! Não porque isso inquiete consciências, mas sim porque a malta gosta da adrenalina(à distância) provocada pelo matraquear das kalashes. Entre uma dentada no lombinho de pescada e os golos do Liedson, ver uns RPG´s a debitar morte e destruição, o tuga amaina a vontade original de dar umas lambadas na mulher que, depois de 30 anos de casada, ainda não acertou com a fórmula do molho para o lombinho de pescada. A CNN tratará de garantir que assim seja. Nem que tenha que recorrer a imagens da Al Jazeera feitas atrás da fachada dos tribunais islâmicos.

CN disse...

Pirata, é voz corrente que é o petróleo dos Emiratos Árabes. Acha que não?

dorean paxorales disse...

Mogadíscio é a única cidade do sul que os Tribunais Islâmicos não dominam totalmente.
Mas, no restante território, e principalmente a norte, há independências que nascem e morrem ao sabor das armas ou da escassez, ou simplesmente se tornam terra de ninguém.

Fora outros fomentos, a fronteira ocidental sempre foi território disputado entre os dois países.

E, por outro lado, a sul da Somália, os mesmos Tribunais também tentam alargar a sua influência ao Quénia.

Já havia escrito sobre isto em Agosto mas na altura só se falava do Líbano... Fica o convite:

http://verdade-ou-consequencia.blogspot.com/2006/08/um-corno-em-frica.html

O Micróbio II disse...

África só tem um remédio... redefinir todas as fronteiras. Fronteiras traçadas com régua e esquadro em palácios europeus por gente que nunca pôs os pés naquele território e que desconhece por completo a força da cultura de uma etnia... já deu o que tinha a dar!

augustoM disse...

Mais um genocídio à vista.
Um abraço. Augusto

Carla disse...

O tempo passa, a vida esmorece, mas…

No compasso lento das horas
Numa corrida contra o tempo
Marco presença mesmo
Que seja só para desejar
BOM FIM DE SEMANA!!!

Beijos
Nadir

Fernando Ribeiro disse...

Carlos Narciso, para começar, permita-me que faça uma correcção a um pequeno lapso que cometeu inadvertidamente: o ditador somali a que se quer referir chamava-se Siad Barre. Hailé Selassié foi o último imperador etíope.

A situação na Somália está cada vez mais explosiva, como afirma, havendo um "governo" interino (formado por uma coligação de senhores da guerra reciclados em políticos), de um lado, e os Tribunais Islâmicos (fundamentalistas), do outro. Enquanto os Tribunais Islâmicos controlam praticamente toda a capital, Mogadíscio, e uma grande parte do sul da Somália, o "governo" está em Baidoa e controla cada vez menos território.

A separatista Somalilândia também está a ficar cada vez mais envolvida no conflito. Lançou, há muito poucos dias, um apelo à comunidade internacional para que a reconheça e lhe forneça os meios de se defender, dizendo que fará tudo o que puder para combater os Tribunais Islâmicos.

A Etiópia já tem tropas na Somália (e tem-nas cada vez mais) ao lado do "governo". A Eritreia, como não podia deixar de ser, está cada vez mais envolvida também, mas ao lado dos Tribunais Islâmicos. O Quénia está muito inquieto com a situação e poderá eventualmente entrar no conflito também, ao lado do "governo". O Djibuti (que tem uma numerosa população de etnia somali) também poderá alinhar ao lado do "governo". Outros países poderão igualmente ajudar à "festa", nomeadamente o Sudão, o Uganda e até a Tanzânia, colocando-se de um ou do outro lado. Enfim, se ninguém conseguir travar a evolução da situação, poderemos ter muito brevemente um grande "arraial de porrada" para aqueles lados. Adivinhe-se agora quem é que vai (continuar a) sofrer com aquilo.

Pitigrili disse...

O nome do ditador é Siyad Barre

CN disse...

Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre, Siad Barre. (que é para não seres estúpido!)
Obrigado pelo reparo, Denudado e Piti.

inominável disse...

os mesmos sempre a sofrer, como diz o denudado... e os mesmos sempre a financiar... como diz toda a gente...

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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