Aquilo que aconteceu há dias a Martin Adler, tinha acontecido por aqueles dias a um funcionário de uma ONG que, ao recusar um aumento salarial aos seus guarda-costas, foi sumariamente fuzilado à porta de casa. De modo que quando recebemos luz verde para retirar dali, foi um alívio. O drama era sair. A única maneira era apanhar um avião. Ir para a pista e esperar que aparecesse algum avião, civil ou militar, que nos desse uma boleia para qualquer lado do Mundo. Naquela altura, o aeródromo central de Mogadíscio era um local movimentado. A Somália concentrava todas as atenções, políticas e humanitárias, de modo que chegavam a toda a hora aviões carregados com sacas de alimentos e que saíam vazios.

Foi assim que viajamos, eu e o Domingos Mascarenhas, no maior avião do Mundo. O Antonov 225. Com uma tripulação russa que parecia acabadinha de sair de uma história de banda desenhada de Hugo Pratt.
Eram todos estranhos, emporcalhados, arrotavam a whisky e peidavam-se olimpicamente. Mas levaram-nos pelo céu e aterraram suavemente em Mombassa, onde preenchi o meu imaginário com novos sonhos.
4 comentários:
A ti só te faltaria o brinco para seres o Corto Maltese...
O que é que não te aconteceu?
Boa noite!
como narra esta sua estória faz-me lembrar um pouco o filme candidato a Óscar, o Fiel Jardineiro...
a boleia que o diplomata apanha para ir ver onde a sua namorada morreu....e onde é morto, também!!
um abraço e boas aventuras
RPM
Este excelente post, faz-me lembrar um livro do Reverte "Território Comanche".
Enviar um comentário