Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sábado, julho 22, 2006

Congo. Os cães Basenji

Um dia fomos à caça com os homens da aldeia do chefe Selassié. Fiquei fascinado com a técnica que eles usaram. Os homens levaram redes compridas. Centenas de metros de uma rede de malha larga. Com isso, eles fazem uma espécie de funil para onde tentam empurrar os animais. Os animais ficam encurralados nesse corredor estreito e acabam por ficar presos na rede e, assim, são mortos com facilidade. Este método de caçar não implica o uso de armas de fogo. O que eles usam mesmo são lanças compridas. Falta dizer que para levar os animais a fugir na direcção da área cercada, os Azande usam cães. São cães de raça Basenji, uns bichos pequenitos, magrelas, de pelo curto e orelhas bicudas. É um cão feioso e quase ridículo, com uma cauda enrolada que lhes dá um certo ar gay… confesso que pouco olhei para os animais. Nem uma fotografia lhes tirei…... e, agora, para vos mostrar um cão Basenji no seu meio natural, tive de perder horas na net para achar uma foto tirado nos anos 30, no norte do Congo, onde se vê um Azande e o seu cão… Hoje, as populações foram obrigadas a recorrer, de novo, à caça de animais selvagens, depois das aldeias terem sido sucessivamente pilhadas, ao longo de anos a fio, pelos exércitos em luta na guerra civil.
Bom, os cães são largados no mato, em matilha, acompanhados por uns pisteiros que os comandam através de assobios. Com este tipo de caça, eles conseguem apanhar herbívoros de pequeno e médio porte, pequenas gazelas ou veados, galinhas do mato e pouco mais. Os cãezitos magrelas são, apesar de tudo, bichos rijos e valentes. Comem pouco e enfrentam javalis e outros animais selvagens bastante perigosos e bem maiores que eles. Além disso, têm uma particularidade: não ladram. Emitem uns ganidos e uns grunhos, mas não ladram. Acho que isso os coloca bem próximos do lobo… afinal de contas, um cão que também não ladra.
Agora imaginem o meu espanto quando, há dias, descobri que os cães Basenji são uma raça velha como o Mundo, que estão referenciados nos hieróglifos egípcios como cães de estimação dos faraós… e que são, hoje, animais de companhia muito estimados nos Estados Unidos e em Inglaterra onde, aliás, existem em grande número. Quem diria, hem?

6 comentários:

Rui Pedro disse...

É uma espécie de pesca com rede em terra!

para mim disse...

Belo animal. E sabes onde se pode comprar um?

SA disse...

De facto, têm um ar gay... É mesmo verdade que a homossexualidade vem do princípios dos tempos. E claro, estão na moda! :-)

Carla disse...

beijo e bom domingo

Isabela Figueiredo disse...

O ar gay, nos cães, sinceramente, não estou a ver bem. As minhas cadelas têm um ar gay, mas são cadelas...
Bem, estes cães são conhecidos como cães do 3º mundo. Existem em toda a África, onde há uma palhota e 50 gramas de farinha a mais. São cães muito flexíveis, muito pouco humanizados, capazes de se alimentar do que encontram no meio, mais do que do que os donos lhes dão. São realmente animais espectaculares.
Nas cidades africanas, infelizmente, disputam os restos das lixeiras com os humanos que também vivem delas.
No 3º mundo há muitos cães, uns com mais pernas que outros, e tanto lhes faz ladrar como não.

Anónimo disse...

Qualquer semelhança entre os cães que vivem como animais de companhia nos EUA e no Reino Unido e os originais, os que vivem no Congo, deverá ser pura coincidência. E os cinófilos, infelizmente, depressa se encarregarão de descaracterizar completamente a raça, cujo principal atractivo deve ser mesmo o facto de não ladrarem, característica muito importante em países onde é quase impossível ter animais de estimação em casas arrendadas.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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