
Sempre que uma força militar se dissimula na população e usa as estruturas civis como bases logísticas, é muito provável que uma coisa destas aconteça. A táctica é velha e vem nos manuais de Mao sobre a guerra de guerrilha.
Pessoalmente, vi isso acontecer diversas vezes, nomeadamente na dita guerra civil da Guiné-Bissau, onde se perpretaram alguns massacres, embora ninguém se tenha sentido incomodado com isso... As tropas senegalesas, que apoiavam Nino Vieira, utilizavam katyushas montados em camiões. Essas rampas de lançamento nunca estavam no mesmo sítio. Uma madrugada dispararam na esquina da nossa casa, em Chão de Papel, um bairro residencial no centro de Bissau. Se a resposta tivesse sido orientada para o local do disparo, o bairro tinha, mais uma vez, apanhado em cheio com os obuses da Junta o que, de resto, aconteceu seis vezes durante o tempo em que lá estive. Atingiram um infantário, o edifício da meteorologia, várias residências…
Uma outra vez, dispararam os katyushas no Bairro do Caracol. Dessa vez, a Junta ripostou… felizmente que o bairro já estava deserto mas, ainda assim, morreram alguns residentes retardatários… uma outra vez, dispararam os katyushas na rua das traseiras da Sé Catedral de Bissau, sabendo que a Junta teria grande relutância em atingir aquele local...
Os fins justificam os meios, não é?
3 comentários:
Era mesmo do que Israel prcisava: acertar num edifío cheio de crianças, se é que assim foi, para que a opinião pública festiva atacasse ainda mais. Pois é assim, de poético só o nome do Bairro na Guiné: chão de papel. Faz sonhar com desenhos mais felizes.
Abraço
Uma certeza se tira: não é o envolvimento das potências que determina a mortandade ou cobardia. Mas ajuda às dicotomias parolas e a que se fale de uma estupidez como se esta tivesse cor e fosse a única no mundo.
P.S.: Parece que há mais três outras localidades candidatas ao título de Canaã, Kefr' Kenna, Kenet-el-Jalil e Ain Kana (Israel). A mim parece-me que se tratava de uma região e não de uma cidade em específico.
P.P.S.: O seu blogue corre o risco de se tornar o meu preferido. Só me resta agradecer.
Concordo com a sua análise: o Partido de Deus faz da morte de civis a sua propaganda.
Será que isso também não é um crime de guerra?
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