Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Época de saldos

Passei a manhã no Tribunal de Oeiras. Estava arrolado como testemunha de Alexandre Paes, ex-director do 24 Horas, acusado de perseguição difamatória pelo Rodrigo Guedes de Carvalho.
O caso remontava a 2002, aos meses da brasa da SIC, quando o patrão decidiu despedir mais de 200 trabalhadores para não ter que vender parte do capital social da empresa. Travou-se uma luta titânica entre os trabalhadores e a administração que queria despedir barato. Foi um ano de muitas discussões, muitas assembleias de trabalhadores, muita intransigência patronal.
O 24 Horas era dos jornais que acompanhava mais de perto o evoluir da situação no interior da empresa. Quase todos os dias havia pequenas notícias sobre a SIC. Claro que o nome do Rodrigo foi mencionado muitas vezes, até porque ele sempre se pautou por um posicionamento próximo da administração. Às vezes, mesmo, mais papista que o papa.
Foi neste enquadramento que o Rodrigo se sentiu perseguido e difamado pelo jornal. Não lhe caíram bem alguns epítetos, como, por exemplo, “talhante bem arreado”, que é o que me ficou na memória. De início, Rodrigo pedia 10 mil euros de indemnização. Hoje, contentou-se com 3 mil e não chegou a haver julgamento. Se fizermos contas à inflação, cinco anos depois os 3.000 € são uma ridicularia, sendo que ainda há as custas do tribunal e os honorários do advogado para pagar (isto, se o patrão não patrocinou a causa). Afinal de contas, não foi grande ofensa…

4 comentários:

Ricardo disse...

Há sempre o problema da liberdade de expressão versus a injúria pessoal mas considero que a primeira não é ameaçada se evitarmos certos insultos gratuitos. Não conheço o contexto nem o calor do momento mas, na minha descontextualizada opinião, era um epíteto dispensável.

Cumprimentos,

apre disse...

Duvido que alguém mova um processo destes pelo dinheiro.
Há uns anos, ponderei a hipótese de processar por difamação uma ex-patroa. Todos os meus amigos eram de opinião de que era perda de tempo, que a indemnização que eu iria receber não valia o trabalho nem a chatice. E não valia, com certeza. Mas a mim, na altura, bastava-me que um juiz dissesse à "senhora" que não podia andar por aí a difamar as pessoas. Acabei por desistir da ideia. Se tivesse avançado, ainda agora o caso não estaria resolvido e eu teria perdido e continuaria a perder tempo precioso por causa de alguém muito reles. Achei que a vida se encarregaria de a fazer pagar. E fez. E continua a fazer. E até sou capaz de ir levar-lhe uns bolinhos à prisão, muito em breve. Isso vale mais que qualquer indemnização mixurca...

Nuno Andrade Ferreira disse...

Processos de jornalistas contra jornalistas é uma coisa que me mete alguma confusão. É preferivel resolver a coisa à moda antiga... três palvrões.

inominável disse...

de que época de saldos se fala aqui? da justiça? da dignidade pessoal? da acefalia de uns e da falta de espinha dorsal de outros? fico confundidinha, mas devo ser eu que nem tenho nome...

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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