Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sábado, junho 24, 2006

Congo, ano 2000. Philippe

Já vos contei que Alfredo Neres é um homem de fibra. Penso mesmo, de resto, que a maioria das pessoas que o rodeavam eram tipos corajosos. Ter coragem era condição sine qua non para se estar ali. Eram, todos eles, tipos esforçados e dedicados à causa. Mas nunca tive a noção exacta do que era aquela causa, até ter falado com o chefe daquele posto missionário, Philippe Nkiere Kena, um congolês do sul, nascido numa aldeia perto da fronteira com Angola.Philippe era bispo, um príncipe da Igreja Católica. E portava-se como tal. Penso que enfrentava as adversidades e as armas de fogo com uma serenidade só possível quando se tem a certeza de que os outros nos temem, mesmo aqueles que empunham as tais armas de fogo.
Fiz-lhe uma pequena entrevista, que já não me lembro se incluí no documentário realizado para a SIC, mas que publiquei na revista dos missionários Combonianos, a Além Mar. Foi uma conversa curta e, portanto, lê-se em dois minutos… lembrei-me, agora, que esta entrevista que vos convido a ler, serve de resposta a uma questão que me colocaram no passado dia 4 de Fevereiro, num comentário a um texto: "Estes homens e mulheres estão espalhados por toda a África. A igreja católica tem desempenhado um papel útil, em África, a meu ver, em tempos ferozes...Quero lá saber se vêem na Senhora de Fátima uma entidade animista, o que era bom é que ela servisse para de alguma forma unir povos. Tens tido imenso contacto com estes missionários, por todo o lado, já percebi. Gostava de saber a tua opinião sobre isto; sobre o papel que poderiam desempenhar numa espécie de pedagogia da união, se é que isso faz algum sentido." Pois, a resposta está, realmente, na entrevista que podem ler nos arquivos da Além Mar.
Philippe Nkiere Kena tem uma grande dimensão humana. A igreja reparou nisso, obviamente, e já tratou de o promover. Se, um dia, houver um papa negro há-de ser alguém como este Philippe.

3 comentários:

escrevi disse...

Conheceste gente bem interessante nas tuas viagens.
Gostei especialmente da última resposta que ele deu.

Anónimo disse...

Gente interessante, lugares interessantes, experiências interessantes... Obrigada por partilhar! Mas, como alguém disse, um dia destes, sabe sempre a pouco. Deve ser isso que nos faz voltar todos os dias! :)

Isabela Figueiredo disse...

Eu gostava era de ver os papas no lugar destes homens e mulheres.
Sou muito crítica das igrejas-instituições, mas é verdade que muitas almas dedicadas ao outro, à promoção da paz, aqui se reúnem tendo quase sempre de trabalhar contra corrente, com risco da vida, como os jornalistas. Achei curioso o teu post do outro dia sobre aqueles fulanos pagos, que vão com as máquinas perto do acontecimento e ajudam à guerra, e trazem informação fresca, de dentro. Não sabia que isso se podia fazer.
Não precisamos de papa, precisamos só de homens e mulheres com coragem para fazer o que o Vaticano não sabe nem quer fazer. E quanto ao Vaticano, havia hipótese de se dar aquilo à Palestina ou aos ciganos? Sei lá, a um povo qualquer sem terra. É que os adventistas do sétimo dia não tem direito a Estado... E a riqueza acumulada no vaticano podia ser trasnferida para uso dos missionários? Eh pá, isso é que era mesmo bestial!
(Não digam à minha mãe que digo estas coisas sobre o papa e o vaticano, ok?!)

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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