Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











terça-feira, dezembro 26, 2006

Os trabalhos do Carlos Aranha

Hoje há um amigo que parte. O Carlos Aranha vai para o Qatar, durante cinco meses. Vai trabalhar. O “spider” é um repórter de mão cheia. É daqueles camera-men que não se limitam a ser bons tecnicamente. Ele gosta da reportagem, gosta de perceber através do view-finder o que anda a fazer, gosta de contar histórias com as imagens que captura. Dele guardo algumas parcerias heróicas: Israel, em 1989, numa grande reportagem para a RTP sobre o 2ºaniversário da Intifada; Alentejo, 1992, para uma média reportagem sobre a seca, com que em Outubro a SIC estreou o Praça Pública; Guiné-Bissau, 1998, para a cobertura da guerra civil. Fizemos outros trabalhos juntos, mas estes ficaram-me na memória para sempre. O Aranha vai para o Qatar, porque aqui não encontra trabalho. Deixa a mulher e os dois filhos e sei quanto isso lhe custa. Espero que se dê bem por lá e que estes cinco meses passem rápido.

A última experiência que partilhei com ele, foi em 2003, depois de termos saído da SIC. Fomos para Cabo Verde dar aulas, a convite do Cenjor, mais o Paulo Tavares (um dos maiores montadores de imagem portugueses vivos e que a SIC, por acaso, também não quis...). A foto que publico diz respeito a essa viagem, foi tirada no Museu do Tarrafal, em Santiago. O Carlos Aranha é o que está à direita na foto. Em Cabo Verde, descobri que o Aranha também sabia ensinar. Acho que ele próprio se descobriu nisso, também. Mas, nem assim, o Aranha conseguiu novo modo de vida. Nem mesmo a ensinar aquilo que tão bem sabe fazer.

12 comentários:

CN disse...

Está certíssima, mas que grande poder de observação e que memória!!
Foi ele quem filmou aquilo, sim senhora. Um trabalho feito com o Paulo Costa, outro excelente repórter. Mas, sabe, a RTP pagou-lhe à tarefa e, depois daquele trabalho, não voltou a aparecer outro. Aos 50 anos, um homem já não pode viver de biscates.

Isabel Victor disse...

CN, roubei-lhe esta foto para o " Caderno de Campo ". É um registo interessante no livro de visitas do museu mas, sobretudo, impressionou-me o seu relato (com o Museu como imagem de fundo ) e pensar quanto património humano é (todos os dias) submetido, ignorado, desperdiçado ... afogado no imenso rio Lethes, para sempre devotado ao esquecimento ...

Bem-haja quem não esquece, nem deixa cair em esquecimento !

Abraço

Carla disse...

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Tenho um anjinho que tem um martelinho
E em cada martelada distribui um carinho
Espero que em 2007 te dê uma valente sova!
Mas…
Hoje este anjinho anda a distribuir um beijinho
Com votos de um Feliz 2007
Com muito carinho e amizade

Barão da Tróia II disse...

Mais um triste exemplo da enorme cretinice que assentou neste país, quando os nossos melhores precisam de sair para buscar o pão, que tão pródigamente cai na mesa das bestas quadrúpedes que nada fazem. Boa semana. Boa Sorte para o "Spider"

MF disse...

O Aranha é um grande Homen!! um amigalhaço!! que tudo corra bem . MF

SA disse...

Olá Carlos

Vou armar-me em esperta e fazer um preciosismo. O Paulo Tavares não é um dos melhores montadores de imagem em Portugal. É um dos melhores editores de imagem em Portugal. Tive o privilégio de que me editasse algumas peças quando dava os primeiros passitos na SIC. Lembro-me que uma vez íamos editar uma peça sobre a Fernanda Ribeiro. Já lhe tinha dito que queria pôr música e fazer para lá umas coisas. Ou melhor, que ele fizesse para lá umas coisas. Estava no refeitório a acabar de jantar quando oiço ao longe: Sónia, se queres arte é melhor despachares-te! Lá devorei o resto do jantar e fui a correr ter com ele. Mesmo assim, tivemos pouco tempo. Lembro-me que estava um bocadinho chateada por não termos conseguido fazer tudinho, tudinho que eu pensara. A peça foi para o ar e, ele, perante a minha cara de desconforto disse-me: Nunca te esqueças, um bom trabalho é um trabalho que vai para o ar. Grande lição! Nunca mais esqueci. Já agora tens o contacto do Paulo? Quanto ao Aranha, só há pouco tive o privilégio de trabalhar com ele. Um grande beijinho de boa sorte Carlos!

underdog disse...

caro carlos
raras vezes me emociono com saídas inesperadas... mas ainda estou a reler as tuas palavras.... e de repente senti muitas saudades do Aranha e desses dias fantásticos em que ensinávamos aquilo que sabemos fazer ( bem, acho eu! ).
Um dia alguém no quatar há-de lembrar-se do aranha. No reptilário já "ninguém" se lembra.
A memória é muito curta.
A grandeza do Aranha ( e já agora a tua, desculpa a inconfidência... )é muito grande.Além do mais é um bom pintor e a última vez que estivemos os três juntos foi a "reconstruír" a minha casa....
Ainda bem que lhe mandei uma mensagem neste natal, não me perdoo não lhe ter telefonado.

Unknown disse...

O Aranha telefonou-me há dias, o Natal estava para vir era normal que falássemos, depois da habitual troca de saudações Natalícias veio a novidade – era para te dizer que vou cinco meses para o Qatar - E assim sem mais demoras ou lamentos fiquei a saber.

Quem conhece o Aranha sabe que é assim: quando o Aranha decide está decidido. Foi assim quando nos envolvemos nas lutas pelo reconhecimento do nosso estatuto profissional; foi assim quando viemos para a Sic em 92; foi assim quando a meio do percurso da sua carreira da Sic resolveu mudar de direcção e finalmente foi assim quando resolveu sair da Sic.

Certamente que daqui a cinco meses o Aranha voltará a Lisboa e voltará a surpreender-nos com outra das suas decisões sem margem para recuo.

Decidir o que fazer e fazer-se o que se decide é um privilégio reservado a poucos, mas como diz a sabedoria popular, “mais vale poucos mas bons”.


Um abraço Aranha
Até ao próximo regresso e à tua próxima decisão

Guilherme Lima

floriano esteves disse...

FALA NARCISO-grande virginiano,diferente de mim,virginiano grande ,o aranha me telefonou dizendo que ia até o qatar e me revi um pouco nesse momento de decisão que deve ter sido de 3 ou 4 dias,sim pois dizer que tem de sair do país para trabalhar é uma coisa,mas sair sem noção do que se vai encontrar é outra, e digo isto pq a empresa contratante simplismente te pergunta se quer ir e por quanto e por quanto tempo,e temos que decidir como se fosse uma ida a leiria,espero que tudo corra bem como correu a mim em 2006,pq estar neste mundo,a única dificuldade é estar longe de quem se gosta e que faz muita falta.
obs-espero que não precise de nenhuma procuração pois não poderá contar com o consulado português na arábia saudita.

Helder de Sousa disse...

Carlos,
sem GPS, sem roteiro planeado, sem mapa, dou comigo desaguando no teu blog. E que boa descoberta eu fiz!!!
Isto é um pouco como deambular sem destino, simplesmente caminhar absorvendo novidades, eu que sou caloiro neste mundo bloguístico. Depois de tantas andanças, algumas contigo, decidi eu também abrir um blog através do qual vou descobrindo novos horizontes, entrelaçando novos conhecimentos.
Desejo-te felicidades e ao Aranha que foi tecer a sua teia tão longe.
És bem-vindo, em http://maissempremais.blogspot.com

Inês - filha do Aranha disse...

Carlos Narciso obrigado por teres dedicado este "post" ao meu pai. Foi de uma grande coragem que o meu pai teve que ir para o qatar e deixar-nos aqui, custa imenso estar aqui sem ele. As saudades já apertam. Mas a vida está má para todos e teve mesmo de ser, quero que todos saibam que tenho muito orgulho no meu pai e no trabalho dele. E que além de ser o melhor pai do mundo, é um grande amigo para todos. Toda a força do mundo e boa sorte pai, que bem mereces. beijinhos gosto muito de ti. Inês

Aranha disse...

Depois da inês não podia deixar de deixar aqui um testemunho. As saudades apertam com a distância à qual já não estamos habituados. Mas pior que nós que estamos cá juntos presumo que sejam as saudades dele que lá está a meio mundo de distância, sem a familia para o apoiar como ele tanto merece pelos sacrificios que continua a fazer por nós.
Não posso terminar este testemunho sem agradecer ao Carlos pelas palavras bem como todos os comentarios feitos às mesmas. Agora é só esperar que o tempo passe depressa e que o meu pai volte à familia que espera impacientemente por ele.

Ivo Aranha

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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