Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











terça-feira, maio 09, 2006

Cabo Verde, Tarrafal

Por questões profissionais, quase todos os dias leio quase todos os jornais. Portanto, com mais ou menos agrado, tanto passo os olhos pelo 24 Horas como pelo Avante e, com isto, não estou a fazer nenhum paralelismo entre os dois… como é óbvio.
Isto, para dizer que aqui há dias li, com curiosidade, um texto comemorativo dos 70 anos da criação da Colónia Penal do Tarrafal. O texto exagerava um pouco na comparação que fazia entre o Tarrafal e as prisões de Hittler. Na minha opinião, a cadeia portuguesa nunca foi um campo de extermínio. Mas é bom que se saiba que aquilo existiu e que, ainda assim, lá morreram 32 presos por delito de opinião.Sempre que fui a Cabo Verde, estive no Tarrafal. Isto é, sempre que fui a Santiago, estive no Tarrafal. Almoço um peixe grelhado no restaurante sobre a praia e cumpro uma espécie de peregrinação pessoal à antiga prisão. De todas as vezes, senti tristeza por ver o sítio a cair aos pedaços. Ninguém liga a mínima importância àquele local, um desleixo que ofende a memória dos que ali sofreram e morreram por delito de opinião.O Tarrafal nunca foi uma prisão de delinquentes. Era uma prisão política… e, por isso, deveríamos cuidar do Tarrafal, fazer daquilo um atractivo turístico, recuperar as celas, recolocar os instrumentos de tortura, reconstruir a “frigideira”, a enfermaria, a cozinha, as latrinas, o cemitério. Deveríamos pedir autorização ao governo caboverdeano para podermos ajardinar aquilo, pintar as paredes, montar uma lojinha de souvenirs alusivos. Porque é terrível não ter memória.

8 comentários:

escrevi disse...

Tenho uma opinião ligeiramente diferente sobre a recuperação de um campo de concentração.
Acho que deveria ser transformado num museu/memorial às vítimas do fascismo.
Não é preciosismo. Acho que é mesmo diferente do que tu sugeres.
Não sei se conheces um livro escrito pelos sobreviventes do Tarrafal que ainda eram vivos quando foram trasladados os restos mortais dos que lá tinham morrido.
É um livro na primeira pessoa, muito elucidativo e emocionante.

marta r disse...

Também acho. Era bom que a memória do Tarrafal não morresse com todos os que por lá passaram. Mas temo que sim...

CN disse...

PCosta, sim era sobre os flechas, a reportagem passa esta noite depopis do telejornal.

Menina Marota disse...

"...Porque é terrível não ter memória."

... que nos querem apagar aos poucos...

Grata pelas palavras que nos oferece, que eu também gosto de ler.

Um abraço

125_azul disse...

Dve ser porque há coisas que são mesmo para esquecer!

armando s. sousa disse...

Eu reproduzi esse texto no meu blogue, por acaso tenho a mesma opinião do Carlos.
No entanto, não deixa de ser um bom tecto para a memória.
Um abraço.

Isabela Figueiredo disse...

Hesito. Pensando em mim, concordo com o Escrevi. Pensando na história e na necessidade de se gaurdar uma memória bastante descritiva, concordo contigo, mas sem loja de souvenirs.

Isabela Figueiredo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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