Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











domingo, maio 21, 2006

Os neo-cons de Dom Sebastião

Eis uma analogia muito interessante entre Dom Sebastião e George W.Bush (o artigo completo está aqui):

"Modern history is full of governments rushing into disastrous wars. However we have to go back to Portugal's 1578 invasion of Morocco for the closest analog to Bush invading Iraq. King Sebastian was three when he came to the throne. Educated by fanatic Jesuits, he grew up with a passion for a crusade against Morocco. Advisors inherited from his father opposed him. Portugal had a lot on its hands in Brazil and the East Indies. But the more they argued against it, the more he surrounded himself with mad monks who thought a crusade was a terrific idea.
Sebastian and 40,000 troops sailed away. Six, not 6,000, came back, none named Sebastian. The kingdom collapsed. In 1580 Spain marched in. Portugal literally disappeared from the map until 1640 when a nobles' revolt regained independence. The Jesuits and monks were Sebastian's neo-cons. Without them, no crusade. But he was king. He went to war, not them. If he wasn't crazy, he would have listened to dad's staff.
"Over-determined" is the historians' term for such phenomena. The neo-cons are Bush's monks. But he was President. If he wasn't as demented as Sebastian he wouldn't have listen to them."

Para quem não sabe inglês, a tradução:
A História Moderna está cheia de exemplos de governos que se metem em guerras desastrosas.Contudo, temos de regressar à invasão portuguesa de Marrocos em 1578 para encontrarmos uma analogia perfeita com a invasão americana do Iraque. O rei Sebastião tinha três anos quando subiu ao trono. Educado por Jesuítas fanáticos, cresceu com a ideia de combater numa cruzada contra Marrocos. Os conselheiros herdados do tempo do pai não concordavam com isso. Portugal já tinha muito com que se preocupar no Brazil e nas Índias Orientais. Mas quanto mais o assunto era discutido, mais o rei se rodeava de monges adeptos das cruzadas pela fé.
Sebastião partiu com 40 mil soldados. Apenas seis regressaram. Nenhum se chamava Sebastião. O reino colapsou. Em 1580 a Espanha anexou-o. Portugal desapareceu do mapa até 1640 quando a independência foi reconquistada numa revolta da nobreza. Os jesuítas e os monges eram os neo-cons de Sebastião. Se não fossem eles, não teria havido cruzada. Mas ele era o rei, a responsabilidade da guerra foi dele, não dos conselheiros. Se não fosse a sua loucura, teria dado ouvido aos conselheiros do pai. "Demasiado comprometido" é o termo que os historiadores utilizam para classificar este tipo de atitude. Os neo-cons são os monges de Bush. Mas ele é o presidente. Se Bush não fosse tão louco quanto Sebastião, não lhes teria dado ouvidos.

3 comentários:

Filipe Castro disse...

Um amigo meu, aqui na universidade, levou cinco anos até acreditar no obvio. Depois do que ele fez no Texas (veja-se Molly Ivis: "Bushwhacked")!! Jornalistas como Seymour Hersh ou Crispin Miller disseram desde o principio: Bush era um fundamentalista cristao, com a cabeca queimada da cocaina e do alcool, que acreditava no armagedao. E cinco anos depois pensa exactamente da mesma maneira. Nao aprendeu nada.

Victor Barreiras disse...

Muito inteligente esta analogia. Muito desastrosa a acção de ambos

Victor Barreiras disse...

Muito inteligente esta analogia.
Muito desastrosa a acção de ambos.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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