Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sábado, janeiro 13, 2007

Amigos p`ra que vos quero (da série Reptilário)

O semanário Tal&Qual traz, na edição desta semana, uma história repescada dos anos 90, quando foi denunciada a falência fraudulenta da Caixa Económica Faialense, um banco que se dedicava a captar as poupanças dos portugueses que trabalhavam no estrangeiro.


A falência do banco deixou um rasto de miséria entre os clientes, pudera. O Tal&Qual relembra a história mais emblemática dessa fraude: o caso de José Fernandes, um tipo que, nas vésperas da fraude se consumar, tinha depositado 100 mil contos, fruto da venda de um negócio que tinha no Canadá. Num dia era um homem rico, no outro acordou pobre. A inoperância da justiça e a raiva levaram-no a matar a tiro o gerente do balcão.


José Fernandes matou, porventura, o operacional da fraude, mas não chegou aos mandantes. Esses, eram homens mais poderosos e com amigos mais influentes. Os arguidos deste caso são ex-ministros do governo do Dr.Balsemão, quando este foi cooptado para primeiro-ministro depois da morte de Sá Carneiro, em 1980.
De modo que, quando o programa que eu coordenava e apresentava na SIC pegou no assunto, o “Casos de Polícia”, a repórter Isabel Horta foi avisada (ameaçada?) de que a reportagem jamais iria para o ar, porque o Dr.Balsemão, certamente, não iria permitir.
Era essa a fé de Luís Morales, Serra de Moura, entre outros. E, de facto, o Dr.Balsemão tentou, embora timidamente. Estaria dividido entre a lealdade aos tais amigos e os cifrões que arrecadava nos intervalos do "Casos de Polícia"... o que sei é que perguntou, ou mandou perguntar, não me recordo já, ao Emídio Rangel (o Director-Geral da SIC) se a reportagem “tinha mesmo de ser exibida”. Rangel disse-lhe que sim, obviamente. A minha tarefa ficou muito mais simplificada.
Bons tempos.

8 comentários:

LA disse...

Os últimos 4 posts são mesmo muito bons! Alta qualidade! Muito bem!
Podias ter referido alguns dos nomes dos arguidos, para reavivar memórias, não me va eu cruzar com algum deles...
Bons posts!

Diogo disse...

Este caso é estranho já que os banqueiros sempre primaram pela sua honestidade e humanidade.

inominável disse...

adorei a ironia, SOfocleto... sobretudo depois de andar a ler os teus últimos posts :)

Nuno Andrade Ferreira disse...

E se fosse agora, seria exibida?

paulocosta disse...

Intransigente! Há boas pessoas do outro lado, cheias de medo, cheias de nobreza, cheias de liberdade. Só vi isso.
Mas se queres ver um bom vídeo do planalto (um rio que não tinha mais que 200 Km) vai a
http://bloguedoshumanos.blogspot.com
clica no play e depois no link "ou", assim visualizas melhor.

trugia disse...

Continuo a cá vir para me manter informado e para alargar os meus horizontes. este ultimo post não foi tão revelador como os anteriores, porque mesmo um leigo em "media" como eu, se aprecebe que na Tv só nos mostram o que lhes interessa mostrar. Toda a televisão é Openion Maker, quando devia só informar. Caracteristica essa que se vai alastrando para todos os itens da sociedade. Por exemplo o referendo do aborto e os 19 movimentos registados para fazer "campanha", a guerra no iraque, no afganistão, na faixa de gaza, etc. Um abraço

Isabel disse...

Imagino que tenham sido de facto bons tempos.
Uma vida rica de memórias, esperiências, vivências profissionais tão vastas como todos nós sabemos que foi a tua, deixa certamente saudades e deve, imagino, deixar por certo um bichinho que não morre nunca.
Talvez tenham sido tempos tambem em que mais reportagens apesar de incomodativas para muitos influentes não deixavam de ir para o ar em nome do bom jornalismo.
Não conheço os meandros do mundo jornalistico mas a sensação que tenho é que cada vez mais o amor e o respeito pela profissão e pelo dever de informar é posto de lado para servir os interesses de outros que não o público a quem as peças jornalisticas se devem destinar.
O silêncio vale ouro quando se trata de ficar calado para não denunciar as realidades quando estas são prejudiciais de alguma forma aos mais poderosos.
Ficamos pela tona da noticia pois como tu dizes no fundo estão os verdadeiros mandantes e esses sabem mexer as suas influências para que os seus nomes não venham à tona.
Haverá por certo excepções e é bom saber que as há, mas não podemos deixar de pensar quando ouvimos noticias muito polémicas quanto ficou ainda por dizer.
Fico contente que continues a fazer jornalismo aqui.
E fico contente que me tenhas visitado lá no meu espaço.
Sabes eu estudei jornalismo no liceu e era a maior nulidade, escrevia tanto que nunca consegui escrever uma notícia, o professor pediu à turma se a noticia para mim podia ser reportagem pois eu era incapaz de escrever uma noticia, tambem nos comentários tenho esta tendência para me alargar, peço desculpa, e mesmo assim acho que fica sempre tanto por dizer.
Neste momento estou a pensar nesse homem que cometeu assassinato sem ser um assassino. Que terá aquele homem sentido quando viu desaparecer aquilo que era o fruto da venda de um negócio que provavelmente com sacrificio lhe levara uma vida a construir.
Que lhe passou pela cabeça, que sentiu, estará arrependido, que aconteceu à sua familia, que pensaram os sus amigos.
Tanto fica sempre por dizer, e o que fica por dizer é sempre o mesmo: quem são os intocáveis por traz das coisas e o verdadeiro lado humano que cada história tem( não a exploração indigna das vidas alheias).

Voltarei para te ler mais vezes.

Até breve.

Isabel

Motim disse...

A minha maior inquetação é se estamos mesmo a falar de reptilários ou Reptilianos.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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