
Há cerca de 2500 anos, um dos mais proeminentes políticos de Atenas, Péricles, largava pérolas como "as mulheres, os escravos e os estrangeiros não são cidadãos". Péricles era considerado um democrata e, portanto, é um dos pais da nossa Democracia.
É claro que em 2500 anos o pensamento político avançou muito, os preceitos sociais não são os mesmos, a Democracia democratizou-se, digamos assim. Mas é um caminho que ainda não está feito. Estamos nele, mas não vislumbramos o fim da caminhada. Não podemos considerar esta Democracia que temos como uma obra acabada… ainda é demasiado imperfeita.
As assimetrias sociais, a injustiça na distribuição da riqueza, a iniquidade nas oportunidades dependendo do sexo, da raça, do nome de família, do local onde nascemos. São muitas as variantes que provocam desigualdades. Uma delas é o preconceito… que, aliado à ignorância, facilita o engano e a manipulação. Refiro-me, por exemplo, ao preconceito implantado em muitas pessoas relativamente aos pretensos malefícios da esquerda política. Medos alimentados pelo marketing dos partidos sustentados pelo Capitalismo. Aliás, o medo do Comunismo foi (enquanto se justificou) parte integrante do armamento ideológico do Capitalismo. Comiam criancinhas ao pequeno-almoço, os comunistas – e muitos acreditaram piamente nestas tretas. O medo que eles viessem e lhes confiscassem a carroça e o burro, a leira de terra, o naco de pão. Mas se tudo isso fosse levado pela hipoteca ao banco, já não fazia mal…
Não pretendo fazer aqui a defesa do Comunismo. Na verdade, os regimes comunistas não me parecem melhores que os inspirados pelo Capitalismo. Ambos fizeram e fazem muitas vítimas inocentes, qualquer deles não hesita em sacrificar seres humanos em nome dos dogmas que os enformam. Pretendo, apenas, relativizar as coisas e argumentar em prol da liberdade de pensamento. Considero que para se escolher verdadeiramente é preciso conhecer. Sem preconceitos. Até porque, hoje, tudo mudou e as práticas políticas dos partidos já pouco têm a ver com as velhas práticas dogmáticas dos anos 60. É por isso que acho que ninguém devia dizer que já sabe em quem vai votar, num reflexo pavloviano ditado por coisas velhas. É a minha opinião.