Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.
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terça-feira, abril 18, 2006
O Mar Morto morre
O Mar Morto está a desaparecer, li ontem a notícia (já não sei onde). Estive duas vezes nas margens desse Mar. Em 1989, no lado israelita e em 2001 no lado da Jordânia. Se Israel deixar morrer o Mar Morto perde um dos principais encantos do país. As praias do Mar Morto são únicas no Mundo. Em cada uma daquelas estâncias balneares há avisos que proíbem os mergulhos, sob pena de se cegar devido à salinidade da água. Mas pode-se flutuar sentado… o que é uma experiência única. Há mesmo quem leia livros ou o jornal flutuando na água que, devido à salinidade exagerada, tem uma impulsão muito maior que a água normal. Se a salinidade continuar a aumentar, acho que se vai chegar ao ponto de se conseguir caminhar sobre a água… onde é que já ouvi falar disto? Israel faz negócio com o seu Mar Morto. Não são só as praias, são também os hotéis com spa que utilizam aquela água para tratamentos de não sei o quê e uma quantidade de produtos de merchandising derivados do Mar Morto: cristais de banho, pedras, areia, lama de beleza, por aí fora. Além do mais, o Mar Morto é uma barreira natural, uma fronteira fácil de guardar e de vigiar. Não consta que seja por ali que entram os terroristas que colocam bombas em Israel. Visto do lado jordano, o Mar Morto tem menos atractivos. Não sei se é pelas margens serem mais rochosas, mas a margem jordana não está explorada do ponto de vista turístico, nem há venda dos produtos com que os israelitas ganham bom dinheiro. Portanto, segundo a notícia que li, são os israelitas quem estão a dar cabo do Mar Morto, ao impedir que a água do Jordão lá chegue na quantidade necessária para o Mar Morto se manter.Talvez Israel tenha chegado à conclusão que a água do Rio Jordão é melhor empregue na irrigação dos campos agrícolas. Cheira-me que está ali (na água) mais um foco de tensão entre os vários estados da região. A saber: Líbano, Jordânia, Palestina e Israel.
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Médio Oriente
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Acerca de mim
- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média
8 comentários:
Gosto muito de ler o que escreves.
E de ver as fotos.
Aprende-se sempre algo.
...mas parece que em primeiro lugar está o petróleo.
(dizem eles)
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dng - kultivo
Com efeito, caro Narciso, este seu tópico leva-me á seguinte reflexão:
-Será que a densidade do Mar Morto é composta de "salinidade excessiva" ou "insanidade excessiva"...
Estava passeando por aqui e gostei de o lêr.
Em jeito de despedida deixo um abraço de admiração pelo seu notável trabalho jornalístico, que ao longo do tempo nos presenteou com a realidade nua ,coragem e imparcialidade.
Um grande bem-haja!
Mais do que os carros de combate, os aviões de ataque ao solo ou a bomba nuclear, a maior arma israelita contra os palestinianos é a água.
Os aquíferos da região são controlados pelos israelitas, que com eles fazem florescer desertos, enquanto os palestinianos estão na dependendência quase total da água que Israel entender deixar-lhes. Isto é ainda mais verdade nesse ghetto que é a faixa de Gaza (não empreguei a palavra ghetto inocentemente, como sabe).
Pois, sim... Lamas de beleza, disseste lamas de beleza? E só agora é que sei disso?
O nome com que foi baptizado já nem era bom augúrio... Ficou a apetecer-me esse mar. E é quente como o meu Índico nas paragens do Bilene?
sim, Madalena, a água é quente, mas não demasiado. deve rondar os 23, 24 graus. é uma água estranha, quieta, quase sem ondas, excepto quando o vento sopra com força.
estive na Jordania há pouco tempo mergulhei ou melhor flutuei no mar morto e passei pelos soldados inundados de calor e ansiedade...do outro lado israel era a visão de um sal que me irritou. muito. aliás. sempre.
será politicamente incorrecto este não aceitar o poder invasor???
não há água que lave tanta prepotência.
_________________abraço.
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