Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sábado, março 24, 2007

As investigações jornalísticas dão resultados tão diferentes, não dão?

Depois das “investigações” exemplares do Público e de O Crime, era de esperar que todos os outros jornais lhes seguissem as pisadas na abordagem do caso da licenciatura de Sócrates. É mais ou menos isso que tem acontecido.
O Correio da Manhã, hoje, traz uma novidade: entrevistou um antigo colega de estudos de Sócrates, alguém que, apesar de nunca mais se ter relacionado com o ex-colega de turma, testemunha o mérito de Sócrates como aluno.
O Correio da Manhã encontrou, ainda, uma explicação lógica para haver notas diferentes às mesmas disciplinas. Segundo a explicação, Sócrates teve uma nota no exame escrito e outra no exame oral:
Betão Armado e Esforçado - 18 (escrita), 17 (oral)
Estruturas Especiais - 16 (escrita), 16 (oral)
Análise de Estruturas - 17 (escrita), 18 (oral)
Projectos e Dissertação - 18 (escrita), 17 (oral).
Ou seja, em duas das orais desceu a nota que trazia do exame escrito, numa manteve e noutra subiu 1 valor. Não vejo nada de anormal nisto. As notas são boas, talvez alguns vejam nisso algo de estranho, mas eu não.

17 comentários:

Luis Eme disse...

Apesar de estarmos em Portugal, não acredito que quem tem pretensões políticas e consegue chegar a primeiro ministro, cometa erros desta natureza.

Como todos sabemos as "investigações" valem o que valem, assim como as posturas de alguns directores, com vários tipos de coluna...

Isabela Figueiredo disse...

O que eu sei é que isto me diverte excepcionalmente. Betão Armado e Esforçado, 18 na escrita, 17 na oral! Ai, deixa-me cá rir um bocado!
Mas, pronto, só um reparozinho: gosto mais dos certificados de habilitações daqueles grandes vultos da nossa cultura que tinham umas notas muito rafeiras na escola. Eram mais credíveis. E digo-te já, eu, que até fui uma boa aluna de licenciatura, excepto a Latim (não falemos de desgraças!), acabei aquilo com média de 14. Com média de 14, ouviste?! E era boa. Agora, Estruturas Especiais! Serviu-lhe de grande coisa. Continua a acompanhar o caso que estou a divertir-me.

CN disse...

Zabita, sei que eras boa (já me contaram...), mas repara: fizeste a tua licenciatura numa escola pública, cheia de profs armados em bons também, daqueles com a mania de que nunca dão mais de 15 seja lá a quem for, não foi? E, além disso, namoravas muuuiito, que eu sei, não estudavas assim tanto, como vês. Por isso, 14 não foi uma má média. Agora, o Sócrates foi para uma Universidade privada e, como trabalhava, não podia namorar tanto como tu fizeste. O homem tinha aspirações (como hoje se vê) e queria acabar aquilo sem espinhas. Aplicou-se. Além disso, a experiência de vida ensina-nos imenso e isso reflecte-se, também, no modo como apreendemos as coisas. Não estou a brincar. Falo da minha própria experiência. Não admito que, um dia destes, alguém me venha dizer que a minha média de 16 na licenciatura foi imerecida. O tanas!

Isabela Figueiredo disse...

Se te sossega, CN, acho que estás muito mais certo do que eu (que dificilmente controlo a raiva)!

Isabela Figueiredo disse...

Esqueci-me disto: é verdade que a experiência de vida é fundamental. Concordo absolutamente, sem ironia. É verdade que um aluno mais velho, em princípio, tem tudo para conseguir melhores resultados. E com isto tudo se calhar vou candidatar-me aos exames nacionais e fazer nova licenciatura, porque bem preciso de mudar de vida? O que me aconselhas? Desculpa, o que quero saber é o que é que dá dinheiro com horário flexível?

AGRIDOCE disse...

CN,
Não venha postar durante um ou dois dias. Deixe ficar este post em primeira consulta. Acho que isto ainda vai dar muita e boa música. Oh lá se vai.
Curso com uma cadeira de latim... é curso de engenharia de quê? Estamos a comparar o quê, que cursos?

Isabel Victor disse...

E o Salazar ser o melhor dos portugueses ?!!!!!!!!!!!!!!!


Aih ... vou ouvir Jacques Brel ( o melhor dos belgas!)

Teixeira Homem disse...

Carlos Narciso
"Não vejo nada de anormal nisto. As notas são boas, talvez alguns vejam nisso algo de estranho, mas eu não."
O que mais tenho visto é alterar o raciocínio deste episódio.
Então e as faltas de assinatura nas folhas de avaliação, documentos em branco, folhas sem carimbo, sem data, documentos desaparecidos, datas posteriores às lançadas, nº de cadeiras requeridas inferiores ao total das obtidas, documentos sem numeração, manuscritos com a letra do próprio ex-engenheiro, decretos que são um desconsolo, o Inglês Técnico que ninguém sabe onde foi parar, pós graduações em Sanitaria que não se sabe quando e onde aparecem ...??????
Acha que a bota condiz com a perdigota?
Que me diz disto?:
"As fichas de cada aluno já ninguém sabe delas. Nos primeiros anos, a nota final é acompanhada com fundamento, depois é deitada fora", - Luis Arouca
Já imaginou o Santana Lopes ou o Cavaco Silva nesse lugar?
Afinal de contas, estamos a falar de um Primeiro Ministro, - não é uma pessoa qualquer - que utilizou conscientemente um título que sabe que não tem. E se quiser posso-lhe dar várias declarações onde ele diz taxativamente "Estou aqui como engenheiro" (comício da despenalização)
E este caso não traz por arrasatmento o Armando Vara? Porquê que não pegam nele? Sabe porquê? Há muita gente formada na Independente, Então jornalistas ... se quiser nomes digo-lhe alguns.
Sabe porquê que Salazar ontem ganhou o concurso? Por causa de POUCAS VERGONHAS como esta.
Um abraço, sempre a estimá-lo

CN disse...

Liedson, gosto dos seus dribles. Diga-me lá, então, os nomes desses jornalistas licenciados na Independente. Fiquei curioso...
Quanto ao Armando Vara, acha-o incompetente? Acha que beneficiou de favores do Reitor? Gostava de saber a sua opinião, desde que fundamentada, claro.

Teixeira Homem disse...

Caríssimo Carlos Narciso
Quem está a ser driblado, sou eu.
De toda aquela trapalhada das notas, assinaturas, carimbos, pós graduação, etc, o meu amigo passou por cima. É o normal, é o que se tem estado a assistir. Divaga-se antes pela não necessidade de um pM não ser necessário ter um título, que é coisa que nunca se pôs em causa. Veja Jaques Delors. Esse não é o problema, como sabe.
Acha mesmo que se fosse outra pessoa tudo ficaria assim? Nos tribunais não há gente por ter "a bota a não condizer com a perdigota?" em habilitações pouco verdadeiras para não dizer outra coisa?
Vejo que se preocupou apenas com 2 coisas: Armando Vara e ... jornalistas.
Eu unca disse que o Armando Vara era ou não competente, não sei, mas também já não digo nada. As nomeações políticas, sem mérito (sabe o que o ex-engenheiro diz dos professores e FP?)não provam NADA.
Apenas ESTRANHO a sua nomeação para ADMINISTRADOR da CGD 3 dias depois de terminar a licenciatura (condição fundamental para o cargo). COINCIDÊNCIAS e muito trabalho de conciliação em duas frentes entre o dia da hipótese, da proposta, do exame final, da nomeação, da saida em DR, e por aí em diante.
Sobre o seu espírito de entre-ajuda corporativa, recordo-lhe o que diz o correio da manhã:
"Armando Vara, também socialista, concluiu o curso de Relações Internacionais, três dias antes de ser nomeado para a administração da Caixa Geral de Depósitos. Pelo Centro de Estudos de Televisão, dirigido por Emídio Rangel, passaram nomes como José Alberto Carvalho, Ana Sousa Dias, Catarina Furtado, Margarida Marante, Júlia Pinheiro, Teresa Guilherme, Manuel Luís Goucha e Baptista-Bastos. A modelo Bárbara Elias, a ex-miss Portugal Fernanda Silva e o cantor Axel passaram pelas cadeiras da UnI, como estudantes do curso de Ciências da Comunicação. O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Rui Nobre Gonçalves, deu lá aulas, tal como o assessor do ministro da Saúde, Miguel Vieira. Os nomes de Alberto João Jardim, Joaquim Letria ou Filipe La Féria também estão ligados à Universidade Independente, como professores."
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=232731&idselect=9&idCanal=9&p=200
Admira-se que a UnI, depois de limpar a cara a muita gente (e que gente!) vai ser alvo de quê mais, então?
Não sabe que as coisas funcionam assim? Entre amiguinhos e os que aproveitaram ... fica tudo em casa.
Olhe que não foram para outra Universidade, não, souberam-na escolher ... a UnI já é dissidência da Livre e da Moderna, sabia? Os políticos não andam a dormir ... para o que querem.
Um abraço

CN disse...

Liedson, Sócrates não pode ser culpado das trapalhadas da Independente. Quem quer aldrabar, normalmente preocupa-se em aldrabar bem, com os carimbos todos, as assinaturas todas, tudo nos conformes, é tão fácil. Não deixa tantas "pistas", percebe? Agora, quanto ao Armando Vara. Não tenho nada que defender o homem e também não me iludo quanto à nomeação "por interesse político" dele para a CGD. Mas muitos outros estão lá, pela mesma via. Vara não é o único. Talvez seja o único (dos que lá estão, na CGD) que foi políticamente linchado por uma campanha mentirosa. O homem era ministro, lembra-se? e foi acusado de desvio de fundos através de uma fundação, lembra-se? Pois, eu lembro-me que o tribunal o inocentou. Vara não foi condenado. Se o tribunal não condenou... eu também não.

CN disse...

E é claro que a nomeação para a CGD foi uma espécie de "compensação", queria eu dizer.

Teixeira Homem disse...

"...a CGD foi uma espécie de "compensação", queria eu dizer."
Também eu não acuso o AVara mas, acho giro tudo isto e só não me rio porque essas compensações NUNCA me batem à porta. Entre políticos há sempre favores, abuso do poder e promiscuidade a que se chama ... "compensação".
Sabe que um professor do ensino secundário com doutoramento (licenciatura+2 anos de mestrado+5 de doutoramento) ganha EXACTAMENTE o mesmo que um apenas licenciado e tem a sua carreira congelada há não sei quantos anos?
Vai ser compensado? Não vai. Se fosse deputado, seria certamente.
E já agora, por falar em "compensações" fui professor em Aveiro (onde resido)de um actual deputado do PS, filho de um outro ex-deputado muito influente nesta cidade. Tinha ele 20 aninhos quando o PAPÁ o colocou em lugar elegível. Já vai no 3º(4º?) mandato, tem a reforma garantida, NUNCA fez NADA na vida. Se saisse do Parlamento não saberia que fazer não fosse o conjunto de benesses que traz de lá.
Caro CNarciso, depois de satisfazer a sua curiosidade relativamente aos jornalistas que tiraram o curso na Universidade da Treta voltou-se apenas para o AVara. Sabia dos jornalistas citados? Conhece mais algum?
Presumo portanto que concorda que com tanta gente influente na UnI, "isto" não poderá mesmo ir para a frente. Não convém. Nem ao nosso "sr.ex-engenheiro" nem a quem por lá também andou e deve ter pautas sem data, carimbos, médias alteradas, etc, etc, etc.
Ai se a UnI divulgasse os alunos que por lá se licenciaram, ... quanta surpresa, certamente, nalguns "doutores". E então aqueles que andaram a saltitar de umas para as outras até conseguirem (!?) a licenciatura na UnI (caso do Sócrates que de equivalência em equivalência foi parar à UnI).
Caro amigo, isto somos nós a por a "escrita em dia", não é verdade?
Com estima e consideração

zlipax disse...

Humm.. Então e a nova versão do MBA no ISCTE, que o público disse que "frequentou mas não concluiu" e o director do ISCTE agora diz que concluiu "em 2004 ou 2005"?

Diga-me lá, já está à vontade para "despir a camisola"?

:)

memorias disse...

Eu avisei...

Victor Figueiredo disse...

Se conheci uma ou duas pessoas com 18 a betão pré-esforçado, foi muito.
Não é para qualquer aluno as notas referidas no Correio da Manhã. Só mesmo para os "fora-de-série"!

Será que no bacharelato do ISEC, em Coimbra, também conseguiu notas altas? e no ISEL?

Na minha licenciatura, na faculdade da UC, vi-me "à nora" para concluir o plano curricular; que é o seguinte:

https://webserv.dec.uc.pt/

Licenciatura/

Engenharia Civil/

Plano Curricular/


...se assim é, tiro o meu chapéu!

Carlos Manta Oliveira disse...

Com 18 e 16 na escrita vai-se à oral? Pensava que a Prova oral era para quem tinha entre 8 e 10... ou para quem queria subir de nota. Devem ser costumes diferentes.

Canudos à parte, o que conta são as habilitações e estas provam-se com a obra feita, não com papeis na parede.

Sócrates até já merecia um Honoris Causa em Advocacia (Direito), pelo menos pela forma como usa da retórica. É sem dúvida um dos oradores mais dotados que se tem visto.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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