O que se passa em Timor indicia o habitual cinismo que prevalece nas relações internacionais. A Austrália, que tem fortíssimos interesses na exploração do petróleo no off-shore timorense, implantou-se no território com armas e bagagens. Talvez mais armas que bagagens. Com o pretexto de contribuir para a pacificação do território, a tropa australiana começou por proteger o rebelde Alfredo Reinado, soldado formado na Austrália. Quem se lembra da reportagem de Paulo Dentinho, da RTP, em Timor, denunciando essa protecção?

Reinado acabou detido, mas depressa se evadiu. Depois, refugiou-se no interior do país, mas os australianos sempre souberam por onde ele andou e Reinado nunca deixou as zonas que estão sob sua responsabilidade.
Recentemente, o major rebelde assaltou esquadras da polícia e roubou armas automáticas, ainda em zonas sob jurisdição da tropa australiana. Agora, tinha sido cercado num local concreto, numa pequena localidade mas, mais uma vez, os australianos deixaram-no fugir.
O governo australiano não deve estar a pensar em condecorar estes militares, pela competência revelada no cumprimento da missão em Timor. A não ser que a ideia seja manter a instabilidade no território para, assim, melhor poder “reinar”.
Realmente, o petróleo cheira mal.
1 comentário:
Eu gostava de não correr atrás de teorias da conspiração, mas quando as coincidências começam a ser demais...
A Austrália parece estar a aplicar em Timor Leste a receita que já aplicou na Papua Nova Guiné, que redundou num despudorado neocolonialismo. Há ainda mais dois estados falhados (na "pitoresca" terminologia australiana) que estão a receber a mesma receita, com a cumplicidade da outra potência regional, a Nova Zelândia. São eles as Ilhas Salomão e Vanuatu. No caso destes três estados, o que está em jogo são riquíssimos depósitos minerais, que ficam nas mãos dos australianos.
Timor Leste, portanto, estaria em vias de se tornar no quarto estado falhado a precisar de protecção australiana... a menos que Portugal e a própria Indonésia (quem diria?) façam alguma coisa.
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