Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sábado, setembro 26, 2009

Reflexão sobre o voto útil


Como dizia ontem Ricardo Araújo Pereira, na introdução à entrevista com Garcia Pereira, líder do PCTP/MRPP, hoje não se deve falar de política porque, estranhamente, a Lei especifica que devemos reflectir e não discutir. Uma coisa deveras estranha, porque a reflexão não tem de ser, necessariamente, uma atitude estática, passiva. Porque não discutir, também hoje, o objecto da nossa reflexão? Não vejo que venha mal ao Mundo.
Vou, então, reflectir sobre estas eleições…
Quando os pequenos partidos dizem que são silenciados pelos média, têm razão. São mesmo silenciados. O chamado critério jornalístico e o facto de serem pequenos levam a isso. Desde 1979, quando me iniciei no jornalismo, já vivi muitas campanhas eleitorais e percebo que aquilo que não tem tanta aceitação do público merece menos atenção dos média. Este círculo vicioso precisa de ser quebrado e isso só se consegue quando um desses pequenos partidos consegue eleger um deputado. Não só passa a ter dinheiro do orçamento do Estado para gastar em futuras campanhas, como esse deputado acaba por ter acesso aos média e, ao longo do tempo, conseguir publicitar minimamente as posições políticas do partido. Foi o que o Bloco conseguiu, mas levou uns anitos, desde a eleição solitária do Major Tomé como deputado da UDP.
Outra forma de conseguir fundos públicos é ter mais de 50 mil votos. Ultrapassada essa fasquia, o partido passa a receber uma subvenção estatal. E por isso é importante, para os pequenos partidos, que as pessoas votem neles mesmo sabendo, à partida, que não conseguirão eleger ninguém. Numa próxima eleição, a subvenção estatal irá permitir uma campanha mais desafogada e de maior visibilidade e, talvez então, a eleição de um deputado…
Por isto é que o chamado voto útil, de que os grandes partidos tanto gostam, acaba por ter um efeito de desertificação política… um grande partido funciona como um eucalipto gigante plantado no quintal. Não cresce nada à volta…
Além do mais, não acredito que a pulverização dos votos provoque o colapso do regime político. Afinal de contas, não é isto uma Democracia? Então, sejamos democratas e encontremos plataformas de entendimento que permitam a formação de governos de coligação… Até porque, ninguém duvida que, caso seja mesmo necessário, Sócrates e Manuela dormirão na mesma cama (em termos políticos, é claro).

5 comentários:

Anónimo disse...

Vamos lá pulverizar esse eucalipto, pois foi á conta dele, que o Páís já ardeu quase todo!

Anónimo disse...

Engraçado acabei de comentar igualzinho, no blogue Ecosciência, numa petição para a RAN, na tentativa de não se plantarem mais eucaliptos, mas sim árvores autóctones.
Ele há cada coincidência! :))

Manuela Araújo disse...

Gostei imenso da "imagem" do eucalipto. Ou será mais "embondeiro"?
Boa reflexão, como sempre.

Manuela Caeiro disse...

Acho esta reflexão muito oportuna... e apta a cumprir o objectivo de nos ajudar a reflectir...

inominável disse...

não votei... ando céptica de todo... talvez um dia passe... não sei se democracia é isto.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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