Tive um único encontro com o Fernando Lima, era ele assessor do Ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz, no governo de Durão Barroso. Foi em Maputo, em 2002, quando o MNE lá esteve em viagem oficial a pretexto de alguma coisa que não me ficou na memória. Não tenho nada a declarar contra ou a favor do desempenho de Lima. Trocámos algumas palavras, ele até contribuiu para que eu tivesse conseguido entrevistar Pascoal Mocumbi, o primeiro-ministro moçambicano na época.
Foi a primeira vez, em quase 30 anos de actividade profissional, que fui acompanhar uma visita ministerial. Mas foi também a primeira vez que trabalhei sabendo que as despesas dessa deslocação estavam por conta do Governo e não da SIC... O Governo pagava para ter jornalistas a cobrir determinados eventos. Sei que o "contrato" daquela deslocação foi negociado entre a editora da secção onde trabalhava (na época, a secção de Política Internacional da SIC-Notícias) e o assessor do senhor Ministro, o "nosso" Fernando Lima... Não sei se estas combinações ainda continuam, mas naquela época tornou-se da praxe. E, obviamente, não era só a SIC que alinhava nisto. A maioria das empresas de Comunicação Social preferia poupar uns tostões, mesmo sob pena de sacrificar a sua independência face ao poder político.
Para muitos jornalistas, esta relação de subordinação económica das suas empresas em relação ao Governo acaba por constituir um entrave ao bom exercício profissional. A muitos falta-lhes a coragem para confrontarem ministros com situações mais delicados, sabendo que as viagenzinhas podem ficar comprometidas... porque quem paga escolhe quem vai, disso tenho poucas dúvidas. Esta promiscuidade é mortal para a independência do jornalismo.
Foi a primeira vez, em quase 30 anos de actividade profissional, que fui acompanhar uma visita ministerial. Mas foi também a primeira vez que trabalhei sabendo que as despesas dessa deslocação estavam por conta do Governo e não da SIC... O Governo pagava para ter jornalistas a cobrir determinados eventos. Sei que o "contrato" daquela deslocação foi negociado entre a editora da secção onde trabalhava (na época, a secção de Política Internacional da SIC-Notícias) e o assessor do senhor Ministro, o "nosso" Fernando Lima... Não sei se estas combinações ainda continuam, mas naquela época tornou-se da praxe. E, obviamente, não era só a SIC que alinhava nisto. A maioria das empresas de Comunicação Social preferia poupar uns tostões, mesmo sob pena de sacrificar a sua independência face ao poder político.
Para muitos jornalistas, esta relação de subordinação económica das suas empresas em relação ao Governo acaba por constituir um entrave ao bom exercício profissional. A muitos falta-lhes a coragem para confrontarem ministros com situações mais delicados, sabendo que as viagenzinhas podem ficar comprometidas... porque quem paga escolhe quem vai, disso tenho poucas dúvidas. Esta promiscuidade é mortal para a independência do jornalismo.
9 comentários:
Despesas por conta do Governo e não da SIC? Fico de boca aberta. Na RTP não era assim, pelo menos no meu (nosso) tempo, era uma questão de princípio e "fiz" uma dezena ou duas de viagens oficiais. E depois vem o Balsemão arrotar postas de pescada, como ainda hoje na Televisão...
É mortal para a Democracia também, se é que esta última, ainda "mexe"!
Ou será que definhou desde Durão e agora, está às portas da morte... em estado comatoso? chega a MFL e desliga o ventilador...
Tétrico!
Vivemos num país em que pagar um serviço mais parece fazer um favor. Ora assim, tudo são favores, que se ficam a dever. ESTÁ MAL.
Se alguém contrata os serviços de um jornalista e lhe paga o preço justo, porque há-de esperar favores em troca?
Com este espírito reinante em Portugal, de facto não dá - os jornalistas não podem ser pagos por aqueles que são notícia. Por causa desta mentalidade, deste reino do favorzinho.
A idoniedade deve sempre estar do lado do jornalista!
As empresas para quem trabalham não deixam nunca de serem empresas (com o lucro em vista)!
Penso (posso, e até devo estar errado)que quando o Governo ou a Presidencia da República pagam tais despesas aos Meios de comunicação social, se os fizerem com os restantes representantes da comitiva o mesmo, não deve vir mal ao mundo... é que mesmo que o intuito seja promoção politica também há promoção das empresas que 'buscam' investimento para o nosso país; ou seja, poderá haver um retorno?
PS.: será que o que estou a escrever faz algum sentido?
Mais do que mortal para a independência do jornalismo, esta promiscuidade é mortal para qualquer democracia.
Por aqui se vê que a democracia portuguesa está pôdre e a colapsar.
É triste perceber isso, mas cada povo tem a sorte que merece.
Ando a considerar mudar de nacionalidade e até emigrar... para Marte!
Viagens pagas a jornalistas... E os almoços e a promessa de subida a assessor de imprensa... Os Jornalistas não têm culpa, a maioria ganha uma miséria e todos querem subir na vida... No fundo a politica e os politicos são os novos missionários, queres Pão? Então Reza!
Meu caro companheiro de Aventar,
Tomei a liberdade de colocar o link deste seu sítio na listagem dos meus blogues favoritos.
Um abraço do
José Magalhães
Isto para mim, tem o dedinho, ou dedão, do réptil! como sabemos!...
Razao tenho eu em nao ler jornais e quando vejo Tele Jornais tenho a mesma atitude de quando estou a ver um filme de ficçao.
Mas isso vem de longe que eu nao sou cego e apesar de nao ser jornalista andei pelos correodres uma data de anos.
Portanto tudo o que o Carlos disse eu sei que é verdade.
Infelizmente é verdade e dificilmente se poderia esperar outra coisa dadas as condiçoes da pratica jornalistica em Portugal.Ainda se lembram dos cartoons sobre o Papa?E sobre o Bin Laden?E qual foi a atitude dos jornais em questao?E em que paises foi isso?Pronto pronto chega de perguntas.Forte abraço.
Enviar um comentário