Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sábado, janeiro 31, 2009

Já há culpados, no caso Freeport


Não sei se há alguma “campanha negra” contra o primeiro-ministro, mas sei que já houve. Quem se lembra das insinuações que surgiram na imprensa em 2004 e durante a campanha eleitoral de 2005, sobre a orientação sexual de Sócrates? Eu lembro-me… e lembro-me de ouvir piadas brejeiras de mau gosto de Santana Lopes sobre o assunto… ele que é o protótipo do macho ibérico. Foi um caso raro de infracção à hipócrita solidariedade institucional que, normalmente, os políticos têm uns pelos outros.
Mas, neste caso do licenciamento do Freeport, julgo que há questões que têm de ser bem explicadas. Se já foram, repitam a explicação, agora que estamos todos com atenção. É que também acho estranho que aquela obra tenha sido aprovada tão em cima da data das eleições e, aparentemente, com tanta pressa.
Digo isto, mas não tenho convicções sobre a culpabilidade de Sócrates. Já o mesmo não acontece em relação a outros intervenientes deste processo. Neste caso, há corruptores confessos, os promotores e administradores do Freeport… e há abusadores confessos do bom nome de outrem, como é o caso do primo do actual primeiro-ministro. A esses, se a justiça portuguesa vale de alguma coisa, já ninguém lhes deve tirar uma condenação judicial.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

5º canal - IV

No sítio do projecto Telecinco pode-se ler que “o 5º Canal irá marcar o início de uma nova aventura tecnológica e ocupará o último espaço disponível no espectro radio-eléctrico. O projecto da TELECINCO constitui a derradeira oportunidade para o país dispor de uma televisão de qualidade”.
Por ser verdade e porque estamos perante um tremendo desafio e uma luta desigual, convido-vos não só a visitar o sítio mas, também, a deixar uma mensagem de apoio, a lançar um tema para discussão pública, a participar.

"Inspectora" Fletcher


Acabei por não perceber porque estão a demorar tanto as investigações do caso Freeport. Ao fim de 4 anos, nem suspeitos há… mas ninguém impede as fugas de informação, as violações do segredo de justiça, a propositada degradação da imagem de alguém que pode estar inocente. Até já dou de barato os custos políticos de mais esta trapalhada judicial, mas o que está a acontecer não devia ser possível. A inoperância dos investigadores judiciais e policiais é inaceitável, tanto mais que se torna recorrente…

Lembremo-nos do caso Maddie, que depois de tantas perícias científicas, tanto CSI, depois de constituírem como arguidos os pais da criança desaparecida, os investigadores acabaram por enfiar o rabinho entre as pernas e colocar o dossier na prateleira à espera de melhor prova…
Reparem bem no que está a acontecer com o caso Casa Pia… ao fim de 5 anos de julgamento, a única condenação que se prepara é a do infeliz Bibi… os outros já encomendaram garrafas de champagne e preparam as acções que vão mover contra o Estado para exigirem chorudas indemnizações por perdas e danos irreparáveis, como já fez o deputado Paulo Pedroso.
E a triste figura que o sistema judicial fez no caso Apito Dourado, com as cenas televisionadas da detenção de Pinto da Costa para, no fim, arquivarem o processo…
São “barracas” a mais, dona Cândida.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

O Cara de Pau


Dias Loureiro diz que "caso sentisse o menor incómodo por parte do Presidente da República", ou se "sentisse ter feito alguma coisa que colocasse em causa o seu papel", se demitiria do Conselho de Estado. Duas frases que, na prática, se opõem. É óbvio que o Presidente da República só pode estar incomodado por tudo o que se passa à volta de um dos seus compagnons de route, mas é óbvio também que Dias Loureiro acha que não é nada com ele. Até dá vontade de rir. O homem está a fazer tudo para ver se se aguenta à tona e cara de pau não lhe falta.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Cão não come melão


Nunca fui muito amigo de pão com marmelada
Do que me lembro é do sabor fresco e sumarento do melão de casca de carvalho, em dias quentes de liberdade absoluta.
De manhã cedo, apanhava um melão na dispensa, punha um canivete no bolso, enfiava o melão numa sacola a tiracolo, chamava o cão e partia para o monte. Íamos à caça de “fracas”, umas galinhas do mato de Angola que vieram dar aos eucaliptais e pinhais de Caneças e Montemor.
Eram horas de grande excitação, principalmente para o cão. Mas aquilo não passava de uma brincadeira, embora um pouco cruel para as galinhas. Depois de farejadas, o cão não as largava… os voos de 20 ou 30 metros de puro desespero não eram suficientes para o cão as perder de vista… aquilo durava até as bichas perderem algumas penas cinzentas e serem abocanhadas. Era então que as galinhas deixavam de se debater e o cão perdia o interesse por elas. Partia logo à procura de outra que ainda mexesse.
A meio do dia, esventrava o melão e refastelava-me sentado à sombra numa pedra, num tronco. O cão só comia quando voltávamos a casa.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Sem mediação é mais simpático


Os discursos, algumas entrevistas, declarações,
os sound-bytes do Presidente da República
podem ser vistos, agora, na Net... http://videos.sapo.pt/OyU2B8vCEuP4s861v6MK.
Iniciativas muito aplaudidas pelo povo,
encantado com as modernices do Presidente.
Longe vão os tempos em que Cavaco Silva declarava não ter tempo (pachorra?) para ler jornais...
Agora já se pode ver na pantanha,
admirar as fotos do seu dia-a-dia http://flickr.com/photos/presidencia,
sem ter de se preocupar com critérios jornalísticos.

Dúvidas freeportianas


Porque será que um decreto governamental assinado a 3 dias da realização de eleições (e que tantas dúvidas levanta agora) foi, semanas mais tarde, calmamente ratificado pelo Presidente da República? A ratificação presidencial não é um mero acto formal. Pelo menos, não devia ser.

Não há mulheres feias, há é homens que bebem pouco


Nos idos de 80, no "Ainda a Noite é Uma Criança",
um bar ali na Praça das Flôres, em São Bento,
havia uma cliente assídua que dava pelo nome de "Bo Derek".
Era bastante baixa, gorducha,
tinha buço e um hálito a cerveja que metia dó...
E, ainda assim, a rapariga não se queixava de falta de homem, dizem...

sábado, janeiro 24, 2009

5ºcanal - III

A surpresa provocada pelo surgimento de um projecto concorrente ao da ZON para a concessão do 5ºcanal de televisão foi mencionada por vários jornais.
A coisa passou-se mais ou menos assim: por volta das 15 e picos, os promotores da iniciativa acompanhados por uma excelente advogada em matéria de concursos públicos, deslocaram-se à ERC para a entrega da candidatura… a essa hora, a comitiva da ZON também já estava a caminho, mas ainda não tinha chegado. Na ERC, os diligentes funcionários não pareceram acreditar no que estava a acontecer. Terão julgado que se tratava de uma “ratoeira” para os apanhados do CQC? Solicitaram logo ali a exibição da caução de 250 mil € exigida por lei. Mas o documento estava dentro de um dos muitos envelopes lacrados e a advogada teve de dizer ao funcionário que se quisesse ver a caução teria de abrir por sua conta e risco o envelope… o que é contra as regras do concurso. Os envelopes, todos os envelopes, só poderiam ser abertos no dia seguinte, às 10 da manhã. Lá tiveram de se conformar… Mas a guerra ainda só agora começou. E de uma coisa podemos todos ter a certeza. Este era um concurso feito para atribuir o canal à ZON… seria uma espécie de pró-forma, um mero ritual, uma encenação sem complicações… a candidatura da Telecinco estragou-lhes a festa.
Curiosamente, minutos depois deste happening, a ZON foi informada do que se estava a passar e até quem eram os promotores da coisa. Informação que só pode ter saído de dentro da própria ERC, acredito. Alguém que tinha o contacto telefónico do porta-voz da ZON… que se apressou a telefonar a um dos autores do projecto, talvez para confirmar que não estava a ser gozado…
De uma maneira ou de outra, estava mesmo.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

5ºcanal - II


Ontem, tudo parecia perdido. Hoje, há uma nova esperança.
Digam lá se não é uma boa notícia!

quarta-feira, janeiro 21, 2009

5ºcanal

Amanhã se verá se teremos um 5ºcanal a sério, capaz de perturbar o situacionismo vigente, ou se o novo canal de televisão vai ser uma coisa inócua, incapaz de abanar consciências e de formar opinião.
Aquilo que hoje se leu nos jornais é um desastre quase absoluto. Depois de terem ousado convidar o proscrito Emídio Rangel para a realização de um projecto capaz de vencer o concurso aberto pelo governo, parece que a ZON se arrependeu de tanto atrevimento. Pela voz do porta-voz, o ex-jornalista da SIC Paulo Camacho, a ZON desistiu do projecto de Rangel e poderá avançar com um modelo alternativo cozinhado pela prata da casa onde, acredito, o próprio Camacho deve ter tido grande influência…
E de que modelo se trata? Citando o Diário de Notícias, será uma televisão que não irá “correr atrás de audiências e com custos controlados, mas obedecendo ao caderno de encargos estipulado pelo governo. Um canal com a maior parte dos serviços e conteúdos contratados em outsourcing, logo incapaz de concorrer com os canais em sinal aberto SIC, TVI e RTP” – fim de citação.
Dito assim, até parece bonitinho… mas, na verdade, é uma coisa estranhíssima. Para que quer a ZON um canal “incapaz”? Quem acredita numa tv privada que não corre atrás das audiências? Será que os accionistas da ZON deram em beneméritos do serviço público, assim de repente? Como será possível que prefiram deitar fora 25 milhões de euros (o custo referido nos jornais do tal canal alternativo), em vez de investirem 50 ou 60 milhões num projecto ganhador?
Na verdade, não consigo entender. Mas, provavelmente, a culpa é dos jornais que não souberam explicar bem os meandros do negócio… é que o tal projecto alternativo magicado pelos quadros da ZON não me parece ter sustentabilidade económica. Limita-se a gastar relativamente pouco dinheiro (25 milhões… para distribuir pelos outsourcings mais amiguinhos) … e embora não conheça o projecto elaborado pelo Emídio Rangel, tenho a certeza de que a sustentabilidade do canal foi uma das suas principais preocupações.
Se o 5ºcanal não se revelar um verdadeiro concorrente dos canais já instalados, o Dr.Balsemão e o señor Polanco ficarão muito agradecidos. O que é um descanso em relação ao futuro de alguns dos quadros da ZON.

terça-feira, janeiro 20, 2009

American Dream


A marcha iniciada em 1964 por Martin Luther King, só agora terminou, com a vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais norte-americanas. Mas, este facto notável, não deve ser encarado como a vitória de um negro sobre os brancos. Primeiro, porque Obama foi eleito por uma maioria de eleitores brancos. Segundo, porque o novo presidente dos Estados Unidos é tão negro como branco e é até estúpido reduzir Obama a uma única esfera étnica. Terceiro, porque o que é bonito é pensar que o que esta eleição traz de novo é, precisamente, o abandono do preconceito racial.
Pessoalmente, alegra-me o facto do novo presidente dos Estados Unidos da América ser um tipo que se chama Barack Obama, mestiço de pai negro e mãe branca. Olho para os meus filhos e acredito que, para eles, se abriu uma nova janela de oportunidades.
Dito isto, acrescento apenas que Obama tem muito para provar, a partir de hoje, dia da tomada de posse. Como vai ele resolver a questão da retirada das tropas do Iraque? Como vai ele orientar as relações com a Rússia? Como vai ele influenciar a questão palestiniana? Como vai ele resolver o descalabro financeiro em que os EUA estão metidos? Como vai ele fechar a prisão de Guantanamo? Cá estaremos para ver do que será capaz, embora não devamos esperar milagres. Não é por Obama ter sido eleito que muda o regime político dos Estados Unidos.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Controlinvest: um tiro no porta-aviões

Lisboa, Portugal 15/01/2009 12:03 (LUSA) Temas: Media, empresas, Trabalho, Emprego, Crises



Lisboa, 15 Jan (Lusa) - A administração da Controlinveste deu início a um processo de despedimento colectivo que abrange 122 colaboradores em diferentes áreas do grupo, de acordo com um comunicado interno a que a Lusa teve hoje acesso.
Segundo disse à Lusa fonte da empresa, cerca de metade dos dispensados são jornalistas, sendo que os títulos mais afectados serão os dois maiores jornais do grupo, o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias.



O síndroma da crise ou a incapacidade de inovar, de inventar, de revolucionar. Vão sempre pelo caminho mais fácil, o corte de cabeças. O pior é que sem cabeças também não há matéria cinzenta...
Outra coisa que nunca me deixa de espantar, é o facto destas crises raramente serem notícia nos órgãos de comunicação social onde se desenrolam. Ainda hoje comprei o DN e não vi lá nada sobre isto...

quarta-feira, janeiro 14, 2009

"Pensem duas vezes antes de casar com muçulmanos. É arranjar um monte de sarilhos!"

Palavras do Cardeal Patriarca de Lisboa...
Dito assim, fora de qualquer contexto, até parece uma frase xenófoba mas, na verdade, trata-se de um dado factual.
São muitas as histórias de mulheres que perdem todos os seus direitos de cidadania, pelo simples facto de terem casado com homens muçulmanos. O problema não se põe, enquanto a família reside na Europa, mas passa a existir quando o homem regressa às origens e leva a mulher europeia com ele… A viver sob um qualquer regime islâmico, ela fica igual às outras mulheres. Ou seja, perde direitos patrimoniais, perde direitos de poder paternal, pode até perder (consoante o país onde vive) os simples direitos a sair de casa sozinha, de conduzir automóvel, de vestir a seu belo prazer, de ir ao cinema ou de se sentar numa esplanada a beber um chá.

domingo, janeiro 11, 2009

Políticamente muito incorrecto



Quem conhece o Mário Crespo não estranha o efeito daquilo que ele escreve ou diz… o homem escreve com martelo pneumático e fala sem medo (uma raridade…). Quem anda atento ao que se lê nos jornais, também já há-de ter reparado no mesmo que o Mário reparou e que, segundo o Diário de Notícias, motivou uma reacção estranha por parte dos serviços da presidência da república…
Abreviando, para quem não leu o DN de ontem, o Mário Crespo terá dito que “a Presidência recorria a um método "algo preocupante": o uso de fontes anónimas para passar informações falsas para a imprensa (comentário feito a propósito de uma manchete recente do semanário Sol).”
Ora, sentindo-se ofendida, a Presidência da República fez queixa, apresentou o seu protesto, o que é legítimo e normal. Enviou as suas queixas para a direcção de informação da SIC, mas não se deixou ficar por aqui… enviou também a queixinha ao dono do canal…
Ao Diário de Notícias, Mário Crespo disse que estranhava que a Presidência “tenha mandado para o Dr. Balsemão. Não sei o que Nunes Liberato (chefe da Casa Civil do Presidente) pretende com isso. Este é um assunto editorial e não administrativo. Que mande, como mandou, à direcção de informação acho normal. Ao Dr. Balsemão já não acho. E estranho que não me tenha mandado o comunicado a mim."
E eu estranho que não o tenha feito junto da ERC, o organismo do estado que tem a incumbência de zelar pelo cumprimento da Lei no que diz respeito à Comunicação Social.
A única coisa que eu não estranho, volto a dizer, é aquilo que o Mário referiu… ainda aqui há tempos (em 13 de Abril de 2007), escrevi neste blog o seguinte: “Para os mais distraídos ou distantes destas coisas, vou aqui demonstrar como o poder político manipula jornalistas. E não é preciso fazer grande esforço. No passado dia 6, o Diário de Notícias, entre outros jornais, publicava a notícia (sustentada por uma fonte da presidência) de que o Presidente da República, preocupado com as consequências da polémica em torno da licenciatura do Primeiro-Ministro, tinha reunido “discretamente com os seus colaboradores mais próximos para preparar eventuais ondas de choque do caso Universidade Independente”. Leiam aqui.
Horas depois, vários órgãos de comunicação social citavam uma notícia da Lusa, onde se negava que tal reunião se tivesse realizado, segundo “fonte da Presidência da República”, que desmentiu «categoricamente o teor da notícia de hoje publicada pelo Diário de Noticias». Leiam aqui.
Ou seja, duas fontes do mesmo fontanário deram informações díspares. Isto é, a mensagem de Cavaco passou, sem que ele tivesse tido necessidade de abrir a boca. O destinatário recebeu e entendeu o alcance da coisa. E daí a entrevista do Primeiro-Ministro à RTP. Isto é política pura, meus amigos. E não vi nenhum jornalista a denunciar a “fonte” que os levou a fazer este papelão.”
Agora já vi. Boa, Mário, já não me sinto tão só. Espero é que o patrão se porte bem contigo…

sábado, janeiro 10, 2009

2009 em perspectiva nos Media - II parte




Antigo companheiro de trabalho enviou-me esta triste mensagem: três títulos do Grupo Impala vão encerrar... Não será por causa da crise, estou certo, mas o velho Jacques Rodrigues (apesar de ser muito rico) utiliza a conjuntura e aproveita para deitar "carga ao mar"... pouco lhe importando o que vai suceder na vida dos que ali trabalharam... Para já, apenas 39 despedidos, mas as "fontes seguras" falam em 200 até ao fim de 2009...

Paris - Lisboa, de mota

Cheguei hoje às 4 da tarde. Foi mais uma viagem de malucos... No primeiro dia, chuva a granel e frio q.b., mas parei às 17 em Bayonne, já perto de Espanha. Dormi num motel que há mesmo à beira da autoestrada, do lado direito. No dia seguinte, mais chuva mas menos frio. Aliás, ao fim do dia até estava quase bom, com 7 graus de temperatura ambiente. Fiquei em Tordesilhas, mais uma vez. Sou fã do Parador de lá e, nesta época do ano, arranjei um quartito por 70 €...
Esta manhã estavam 2 negativos às 9 horas... a mota toda coberta com uma película de gelo, parecia feita de vidro... esperei até às 10 e meia, antes de me por a andar. Estavam zero graus à porta do Parador, mas quando cheguei à autoestrada a temperatura voltou a ser negativa e não se via a mais de 50 metros de distância, por causa do nevoeiro. Fiz 250 quilómetros com temperaturas entre -1 e 3 graus, neve e gelo por todo o lado e um nevoeiro do cacete. Tive de parar para abastecer, estava ao pé de um letreiro que indicava uma estação de serviço a 100 metros de distância e não conseguia ver o edifício. Os pés pareciam de pau... nunca tive tanto frio na vida, mas só nos pés. Senão, não tinha aguentado. Só depois de ter entrado em Portugal, depois de passar a Guarda é que o nevoeiro levantou. A partir daí foi um passeio, com céu azul e a temperatura a chegar aos 11 graus.Moral da história: não acredites em previsões meteorológicas a 3 dias. E, mesmo no próprio dia, espreita pela janela antes de saires à rua.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Paris - Lisboa, de camião


Partimos por volta das 17, chovia a potes, choveu a potes o tempo todo, esteve um temporal desatado o caminho todo, até mesmo aqui à porta em Odivelas. Fizemos a viagem directa, só com paragens para beber café e mijar. Foram 23 horas, contando com duas que estivemos parados na autoestrada no País Basco, sem gasóleo... a carripana tinha o manómetro avariado e o tipo fez mal as contas e deixou o depósito secar... À conta disso, fiz 4 quilómetros à pata para ir buscar socorro... debaixo de chuva. Eram 3 da manhã. Foi lindo. Revezámo-nos na condução... por mais de uma vez cheguei a fechar os olhos quando ia ao volante... mas nunca consegui dormir quando ia sentado no pendura...Acabou por correr tudo bem, mas agora tenho a casa feita em armazém... nem sei como arrumar tanta tralha...

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Luso Jornal



O Luso Jornal não é daquelas "folhas de couve" que só existem para vender publicidade barata. Ao contrário da maioria das publicações existentes nas várias comunidades de portugueses radicados no estrangeiro, o Luso Jornal é um órgão de comunicação social, onde se faz algum jornalismo, nem sempre bom, mas sempre bem intencionado.
O jornal tem edições separadas em França e na Bélgica, distribuição gratuita e acesso livre na net.
Carlos Pereira, o director, faz-me o favor de publicar umas cronicazecas que lhe envio volta e meia (para não perder a prática...).
Enfim, digo-vos isto tudo apenas para vos propôr uma leitura rápida, na página 2 do número desta semana...
Façam o favor de clicar aqui.

Recessão


O primeiro-ministro admitiu que vamos entrar em recessão. Porventura, já entrámos… Mas não vejo onde está a admiração. Se estar em recessão significa produzir menos riqueza do que aquela que precisaríamos para viver melhor, então… Portugal está em recessão há uns 500 anos… Sempre vivemos acima das nossas possibilidades, isso vem em todos os livros de História. Fomos subsidiados pela Liga Hansiática que patrocinou as naus e caravelas que lançamos ao mar, vivemos do ouro surripiado ao Brasil e do infame comércio de escravos, sustentámo-nos com as potencialidades de Angola e Moçambique, delapidámos os fundos do FSE… De modo que, agora, não entendo este frenesim à volta da recessão. Pobre não teme recessões nem se suicida por causa disso. Já os alemães não podem dizer o mesmo…

terça-feira, janeiro 06, 2009

Matar

Na Palestina, em Gaza, morreram dezenas de pessoas que se encontravam abrigadas numa escola que o exército israelita atacou. Os soldados israelitas dizem que responderam a disparos vindos da escola…
Em Lisboa, um polícia da PSP matou com um tiro na cabeça um adolescente de 14 anos. O agente em questão diz que disparou depois de ter sido ameaçado pelo rapaz que empunhava uma pistola.
Do lado das vítimas, em Gaza e em Lisboa, acusa-se a outra parte de violência desmedida, desproporcionalidade de meios, abuso, atentado contra os direitos humanos.




No que diz respeito ao sucedido em Gaza, a versão israelita é plausível. Conheço muitos estratagemas utilizados por soldados em conflito e vivi situações parecidas… também em Bissau, durante a guerra civil de 98/99, por exemplo, os soldados de Nino utilizavam artilharia móvel que colocavam junto a habitações na hora de disparar e que, logo a seguir, retiravam. Quando a resposta vinha, os soldados já lá não estavam, apenas os civis… que eram os que levavam com os obuses em cima.
Quanto ao que se passou em Lisboa, sabemos que o rapaz estava num veículo roubado, com outros quatro comparsas, que não obedeceram à ordem de parar da polícia, fugiram e, depois de apanhados, resistiram à prisão. Foi nessa luta que o polícia disparou…
Lamento as mortes mas não consigo condenar os matadores. Acredito que tanto uns como outros sejam vítimas das circunstâncias... embora seja sempre difícil saber quem está a mentir.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Arafat, a oportunidade perdida



Estive em Gaza, em circunstâncias que já relatei aqui… Vinte anos depois, embora nunca mais lá tenha voltado, julgo que pouco ou nada mudou, pelo menos para melhor.
Já naquela altura não se conseguia vislumbrar uma solução para resolver o conflito israelo-palestiniano… Acredito até que, hoje, o conflito está mais longe de uma solução negociada do que estava há 20 anos. Na altura, existia Yasser Arafat, um dirigente palestiniano que estava disposto a negociar uma solução com Israel. Arafat tinha uma missão na vida, que era a de criar o estado palestiniano independente e era, portanto, um homem disposto a negociar, ao mesmo tempo que lutava, e os dirigentes israelitas deveriam ter percebido isso. Mas Arafat nunca quis uma paz sem condições e os israelitas nunca estiveram dispostos a fazer reais concessões políticas… perderam-se anos a negociar as fronteiras irreais de um futuro estado palestiniano, que acabou dividido e sem continuidade territorial entre Gaza e a Cisjordânia… Israel preferiu isolar Arafat e deixá-lo morrer e, agora, não tem um verdadeiro interlocutor para negociar… o Hamas responde, primeiro, aos interesses hegemónicos de potências regionais como o Irão e a Síria, que utilizam a causa palestiniana como arma de arremesso para ferir Israel… e ao Hamas pouco interessa o bem estar da população palestiniana…
De modo que percebo, agora, a opção militarista assumida por Israel. Não conseguindo negociar com quem não pode ter boa-fé, resta o confronto aberto e a possibilidade de uma vitória militar. O problema é que este conflito pode não ser controlável, dirigentes árabes e islâmicos mais extremistas podem sentir-se compelidos a agir… e tudo isto pode descambar perigosamente…
Por outro lado, a actual invasão de Gaza pode resultar num fiasco para os estrategas israelitas. Gaza é um imenso aglomerado urbano, com milhares de ruelas e túneis, uma anarquia urbanística super-populada, um sítio ideal para emboscar as patrulhas israelitas. Já era assim há 20 anos, quando por lá andei e hoje não será muito diferente, volto a dizer.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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