Passaram 18 anos. Durante cerca de um mês, caminhei diariamente para a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril que, em rigor, fica em Bicesse. Não era época de férias, mas a escola tinha sido requisitada pelo governo. Fizeram das instalações um bunker onde só se entrava devidamente credenciado e, mesmo assim, ficávamos na rua, no pátio fronteiro. Felizmente que fazia calor e a nortada do fim da tarde ajudava a refrescar o ânimo de dezenas de repórteres destacados para a cobertura das negociações de paz que ali decorriam entre o governo angolano e a UNITA. Naquela época não havia o hábito de realizar briefings regulares para a imprensa, além de que tanto o governo português como os beligerantes tremiam só de pensar que qualquer palavra dita podia ser mal interpretada. Assim, imaginem a dificuldade de alimentar um jornal televisivo diário (nessa época, trabalhava no Jornal das 9, canal 2 da RTP). Mas a coisa lá foi feita. Tudo terminou no Palácio da Ajuda, onde o Acordo de Paz de Bicesse foi formalmente assinado por José Eduardo dos Santos e Jonas Savimbi.
Foi uma tremenda vitória pessoal de Durão Barroso e a sua rampa de lançamento para a alta-roda da política internacional. Durante semanas a fio, o homem andou de quarto em quarto, de sala em sala, a levar e a trazer papelinhos, recados e sugestões, de um lado para o outro. Reunia em separado com cada uma das partes, escrutinava os possíveis pontos comuns e expurgava as clivagens. UNITA e governo só se encontravam quando se sabia que não se iriam pôr aos murros na mesa. Um trabalho de sapa, que acabou por possibilitar um acordo final. De secretário de estado dos negócios estrangeiros, Durão Barroso rapidamente passou para ministro da mesma pasta, mais tarde primeiro-ministro e, hoje, presidente da Comissão Europeia. Uma notável carreira política que teve início há 18 anos lá em Bicesse… mesmo se esses acordos de paz pouco valeram e a guerra recomeçou em força alguns meses mais tarde, para só acabar de vez em 2002.
Foi uma tremenda vitória pessoal de Durão Barroso e a sua rampa de lançamento para a alta-roda da política internacional. Durante semanas a fio, o homem andou de quarto em quarto, de sala em sala, a levar e a trazer papelinhos, recados e sugestões, de um lado para o outro. Reunia em separado com cada uma das partes, escrutinava os possíveis pontos comuns e expurgava as clivagens. UNITA e governo só se encontravam quando se sabia que não se iriam pôr aos murros na mesa. Um trabalho de sapa, que acabou por possibilitar um acordo final. De secretário de estado dos negócios estrangeiros, Durão Barroso rapidamente passou para ministro da mesma pasta, mais tarde primeiro-ministro e, hoje, presidente da Comissão Europeia. Uma notável carreira política que teve início há 18 anos lá em Bicesse… mesmo se esses acordos de paz pouco valeram e a guerra recomeçou em força alguns meses mais tarde, para só acabar de vez em 2002.
2 comentários:
Olha, há bocado vi um bocado da tua pessoa, na SIC, no famoso programa em que puseste o Padre Frederico no polígrafo. Era uma matéria sobre polígrafos, e eu, sinceramente, acho que aquilo é falível comó caraças. Mas tu devias divertir-te com aquela cena. Eu dá divertir-me-ia.
Bem, mas o que eu venho aqui dizer, Carlos, é que sem desprimor algum para o teu presente sex appeal, tu eras cá um borracho...
Estas coisas importantes têm de ser ditas.
Pois... pelos vistos tudo o que o Durão faz, está condenado a ser efémero... excepto os erros. Esses perduram...
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