Nunca estive no Iraque. Por duas vezes tentei entrar e fiquei na fronteira, no lado jordano. A concessão de vistos a jornalistas por parte do Iraque sempre foi obra do acaso e de políticas que favoreciam os nacionais das grandes potências mundiais ou os trabalhadores de empresas globalmente famosas e importantes. Nem a RTP, muito menos a SIC, alguma vez adquiriram esse estatuto e o nome de Portugal nem fazia estremecer a pálpebra do funcionário consular iraquiano... de modo que, com algum azar à mistura, nunca lá consegui entrar, tanto mais que, nas ocasiões em que o visto era garantido, porque a política era de portas abertas, as "estrelas da companhia" fizeram sempre valer as suas prerrogativas.
Enfim, nunca lá fui mas, claro, tenho acompanhado com interesse a evolução dos acontecimentos. O Iraque sempre tem sido notícia. Mas há coisas que, por mais jornais que se leiam ou mais televisão que se veja, há coisas que não nos apercebemos facilmente.
Como isto, por exemplo...
O primeiro conjunto de fotos diz respeito às actividades estudantis femininas, no campo desportivo, e data de 1963-1964... a outra foto diz também respeito a actividades estudantis femininas neste ano lectivo de 2006... As fotos são uma espécie de antes-e-depois da "libertação" propiciada pelos EUA. Não digo, com isto, que tudo estava bem no tempo de Saddam e que tudo vai mal, hoje. Acho que havia muita coisa mal, nos anos 60, 70, 80, 90, acho que o regime de Saddam foi um regime indecente sob muitos aspectos. Mas, realmente, acho que hoje tudo está bem pior, para a maioria dos iraquianos. E o pormenor revelado pela foto, é apenas isso mesmo... um pormenor.
Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.
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sábado, maio 27, 2006
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Acerca de mim
- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média
4 comentários:
Carlos, este post e' um achado. Lamento que nao tenhas estado no Irak, os teus leitores mereciam muito mais, mas tens razao, os diplomatas iraquianos - e eu conheci alguns do tempo do Saddam - sempre foram um misterio. Isto acontece tambem porque os editores da imprensa portuguesa nao se sabem impor. E' sempre o mesmo problema: editor e' quase sempre um reporter frustrado. Nao percebe as nossas necessidades. Um abraco, Rui/Miami
Hoje vou só deixar um beijinho para ti. Fiquei sem argumentos para mais...
Além deste, há o Iraq the model:
http://iraqthemodel.blogspot.com/
muito interessante e que relata a política e vida quotidiana em Bagdad.
Até q enfim se começa a olhar o outro lado do espelho nesta questão... :)
Cumprimentos.
um pormenor que analisado "impede" que mulheres, no século xxi, vejam e respirem.
mas tem razão, é apenas um pormenor.
outros haverá que podendo ver não o fazem. também este é só um permenor. são as "liberdades" do futuro.
bom dia.
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