O meu filho Hugo gostava de ter um cão. E eu gostava de lhe dar um, mas viver num apartamento cheio de gente mais um cão está fora de questão. Temos um acordo que é, se a vida nos correr bem, vamos arranjar uma “casa com portão” e, então, poderemos ter um cão. Expliquei-lhe que os cães gostam de brincar no quintal, que fechados em casa não são felizes. O Hugo é bom menino. Ele também não quer um cão triste.
Cresci com cães. Até ao fim da adolescência, lá em casa tivemos uns 7 ou 8, mais uma gata e vários peixinhos encarnados. Mais tarde voltei a ter um cão, o Brutus, um Castro Laboreiro esperto e leal.
Do zoológico da juventude, lembro-me com saudade do Naice, um rafeiro dourado e branco, de cauda curta e que só lhe faltava falar. O Naice era o meu cão, foi-me oferecido quando fiz 9 anos. Crescemos juntos. Fomos cúmplices em muitas tropelias. Conversávamos bastante, mas também nos entendíamos bem nos silêncios. Dos muitos privilégios do Naice constava a autorização muito especial de passar da porta da cozinha, ir ao meu quarto e dormir em cima da cama. Durante muitos anos não conheceu trela ou corrente. Na Primavera, desaparecia dias seguidos e regressava magro, magoado, cansado mas de cauda a abanar. Morreu velho e com saudades minhas.
Gostava que o meu filho tivesse um amigo assim. Mas do modo como a vida vai, não sei se alguma vez iremos ter uma casa com portão.
Cresci com cães. Até ao fim da adolescência, lá em casa tivemos uns 7 ou 8, mais uma gata e vários peixinhos encarnados. Mais tarde voltei a ter um cão, o Brutus, um Castro Laboreiro esperto e leal.
Do zoológico da juventude, lembro-me com saudade do Naice, um rafeiro dourado e branco, de cauda curta e que só lhe faltava falar. O Naice era o meu cão, foi-me oferecido quando fiz 9 anos. Crescemos juntos. Fomos cúmplices em muitas tropelias. Conversávamos bastante, mas também nos entendíamos bem nos silêncios. Dos muitos privilégios do Naice constava a autorização muito especial de passar da porta da cozinha, ir ao meu quarto e dormir em cima da cama. Durante muitos anos não conheceu trela ou corrente. Na Primavera, desaparecia dias seguidos e regressava magro, magoado, cansado mas de cauda a abanar. Morreu velho e com saudades minhas.
Gostava que o meu filho tivesse um amigo assim. Mas do modo como a vida vai, não sei se alguma vez iremos ter uma casa com portão.
7 comentários:
É claro que um dia destes, as esquinas da vida vão ficar mais amenas, e a casa com portão estará à tua espera. Se não há bem que sempre dure, também não há má sorte que nunca acabe. Pode levar algum tempo, mas a competência terá de triunfar e, nessa altura, voltarás ao lugar que mereces e do qual nunca deverias ter saído.
Olha, só te posso dizer, um abraço. Também eu cresci com animais, numa casa com portão e sei o que são estes amigos a quem punhamos nomes como Naice, Sky,Frick, etc. E quando venho aqui e me lembro do excelente jornalista que és, fico a fazer figas. O teu nome significa televisão da boa.
Nem imagina, o nó que me dá, tendo tido 9 cães conjuntamente. Assisti nestes últimos 3 anos á morte de 5, os quais guardo no coração, e não lhe poder oferecer um, destes que por aqui me vêm deixar ao portão, pois a vida é dura e já não posso ter tantos, porque agora somos nós que temos de sobreviver... O aperto que me dá...
Pessoas boas no Mundo, sempre, sempre sofrem mais! é mais fácil castigar a bondade que oprimir a maldade... Pelo menos sei, que quando se quer muito algo, mais cedo ou mais tarde vem ter às nossas (suas) mãos. Continue a desejar que um dia terá! Não desista por favor!
Carlos, acima de tudo é preciso acreditar e não deixar de sonhar.
Como eu compreendo
http://bissapa.blogspot.com/2009/03/dia-do-pai.html
Sublime. Fez-me lembrar o "Cão como nós" do Manuel Alegre, que é um dos melhores livros dele. Com algum atraso, que ainda estou a aprender como estas coisas funcionou, citei este teu post na boiada.
Também "tive" cães assim, na minha aldeia, quando era moço. Com atraso, que ainda não domino bem estas técnicas dos blogues, citei este teu post na boiada: http://www.aboiada.blogspot.com/
Obrigada Srº Carlos! Gostei imenso da notícia do nosso amigo J. Teles sobre a nova lei em Sintra! Adorei, porque estou em vias de perder toda a fé no ser humano, do seu altruísmo.Acende-se de novo aqui, uma centelha de esperança, embora seja uma partícula, em relação ao Mundo inteiro. O mais importante é que já "vejo" pessoas com um grande coração, a defender os indefesos e embora não os conheça, estão dentro do meu
coração...
Não há melhores notícias que me possam dar! :)
Quanto ao tratar por tu, faça favor, que além de ser terra a terra e mulher do Norte, ainda me sinto muito jovem (embora o foto seja da minha filha) é assim que me sinto... :) com a vida toda pela frente - Carpe diem! é o meu lema.
Quanto ao livro de M. Alegre e a comparação com o seu artigo, concordo a 100% com o J. Teles : - Simplesmente delicioso... :)
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