Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sábado, maio 13, 2006

Congo, ano 2000. mister John

De todos os candidatos presidenciais que vão a votos, no próximo mês, no Congo, apenas conheço um: Jean Pierre Bemba, dirigente do MLC - Mouvement de Libération du Congo. Bemba (0 senhor alto da foto, em cima) foi um dos War Lords que dividiram o Congo e disputaram entre si as riquezas do país.
As negociações que levaram ao fim da guerra e à formação de um governo de transicção, colocaram Bemba na vice-presidência do Congo e, agora, na luta pela presidência.
Se lerem os textos antigos que já publiquei aqui, poderão ficar a conhecer um pouco este personagem.
Mas, a partir de hoje, retomo o tema “Congo e Bemba”. Há muito para contar, ainda.
Começo por relatar como cheguei até Bemba. O que eu queria, mesmo, era entrar no Congo e chegar a Bondo, na província Equatorial, no norte do país. A minha tarefa era fazer um documentário sobre a vida dos “missionário da linha da frente” do cristianismo, aqueles homens e mulheres que a Igreja Católica envia para as zonas mais inóspitas do planeta, com a missão de evangelizar os povos.
Primeiro, tentei um percurso a partir do Quénia, indo até ao Uganda ou ao Rwanda e usar uma dessas fronteiras. Mas a guerra não deixou. Os combates no leste do Congo impediam-me de tentar sequer a travessia por aí. De modo que fui de Nairobi para Bangui, na República Centro Africana e aí tentei atravessar a fronteira. Mas, para isso, precisava de ter autorização dos rebeldes, do outro lado do Rio Congo.
O Cônsul português em Bangui, um senhor que dirige um supermercado, aconselhou-me a ir até à embaixada dos EUA e pedir para “falar com Mr.John”. Deu-me um número de telefone, para onde liguei. Atendeu-me o tal senhor John. Combinámos um encontro, em plena via pública, para dali a uma hora. Conversámos sobre o que queria eu fazer no Congo… ele ouviu e depois disse para voltar a telefonar-lhe no dia seguinte. Foi então que me deu as seguintes instruções. Teria de alugar um avião e ir até Mobaye. Aí estaria um carro à minha espera que me levaria até ao rio, onde estaria uma canoa para me levar até ao outro lado, onde estaria alguém à minha espera e então seria levado até Gbadolite onde iria ter oportunidade de falar com Bemba e pedir-lhe o que quisesse. E não é que correu tudo conforme mister John disse?

7 comentários:

escrevi disse...

És um poço sem fundo.
Toda a informação e experiência que tens dava para escrever não um mas vários livros.
E, insisto, como pessoa consciente que és, tens a obrigação de o fazer.
A função de um jornalista é informar as pessoas. Não chega, uma reportagem, um blog, ou a partilha com amigos.
Eu gostava de te ouvir "contar" o que sabes sobre cada um dos assuntos que aqui abordas.
Porque não começas por fazer conferências temáticas?
Os livros vinham a seguir!

Lâmina d'Água & Silêncio disse...

Engraçado... Pensei em ti hoje e tu me apareceu...

Foi bom te ler, em meio a turbulências desses últimos dias. Enfim, sabemos que coisas como essas da invasão, sempre acontecem, mas quando nos vemos invadidos, a sensação de impotência e de violação, arrepia e causa pavor. É um bom meio de terrorismo.

Beijinhos querido e bom final de semana.
Cris

Elisabeth disse...

olá...entrei neste teu mundo e fiquei maravilhada com o que vi e li,me pareces ser uma pessoa de aventuras,de personalidade forte e segura,pelo que li verifiquei que uma pessoa com a tua força,com a tua personalidade,com o teu bom gosto,poderia apresentar os magnificos textos.obrigada por partilhares algo tão forte e imprecionante.
bom fim de semana
Um beijinho

Anónimo disse...

Isso demonstra bem quão vasta é a influência dos states no mundo e a razão porque são a potência dominante, é por os seus tentáculos chegarem a qualquer ponto do globo.Só é pena que,na maior parte das vezes, essas tentacularidade seja usada para os seus próprios e mesquinhos interesses. África é um continente martizirado e cheio de problemas pelo qual o ocidente se interessa,apenas,quando lhe pode sorver as riquezas e lucrar com isso.

_+*Ælitis*+_ disse...

Muito obrigada pela sua visita, ja ando a passear entre este blog e o antigo e ha muito, mas mesmo muito que se diga, sobretudo sobre africa. alias Africa,que o continente merece. Eh lindo, e é o meu!

Depois de melhor leitura sobre este senhor, comentarei de novo.

Aquele abraço
e parabéns pelo Blog!

Anónimo disse...

"A minha tarefa era fazer um documentário sobre a vida dos “missionário da linha da frente” do cristianismo, aqueles homens e mulheres que a Igreja Católica envia para as zonas mais inóspitas do planeta, com a missão de evangelizar os povos." <---
Gostaria de ler sobre este tema. Que pode contar?

CN disse...

Duda, já devo ter mais de meia dúzia de textos sobre esse tema. É uma questão de procurar mas, para já, pode ir seguindo os links que deixei neste texto que leu.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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